Encontramos no "O Guarará", interessante
órgão que se publica na cidade do Espirito Santo de Guarará, em
Minas, o seguinte:
JULGAMENTO POÉTICO
"Na cidade do Itabira, Estado de Minas, foi
julgado, pelo juri, o réu Antônio Valadares da Silva, de 66 anos de
idade, acusado do ter ferido, com dentadas, a Maria dos Reis.
Ao terminar a acusação, o Dr. promotor leu uns versos
de Gonçalves Crespo, análogo ao caso e que causaram hilaridade no
tribunal. São estes os versos:
—
Dona do riso alegre
Oh!
meu tormento!
-
Dona de olhos azuis,
Oh!
minha amada!
Já
me bastava o doce juramento!
Foi
demais a dentada!"
Por sua vez o advogado do réu, Sr. Antonio de Paula
Câmara, ao terminar a defesa que fez, negando o fato, improvisou as
seguintes quadras, que também produziram hilaridade:
"Dá
dentada quem tem dentes;
O
Valadares não os lem,
Morder
com força — faz mal,
Devagar—
é querer bem.
História
conta a Maria,
Ela
quer se defender,
O
Valadares, coitado!
Não
pode jamais morder.
O
que diz seu Valadares
Da
moça o dito destrói:
Embora
dentes tivesse,
Dentada
de amor não dói".
Com quanto não o diga o autor da correspondência de
que trasladamos esta notícia, parece-nos que o resultado deste
interessantíssimo juri não podia ter sido outro senão a absolvição
do acusado.
Jornal
"A União”,
segunda-feira,
27 de novembro de 1905







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