quinta-feira, 19 de setembro de 2013

JULGAMENTO POÉTICO

Encontramos no "O Guarará", interessante órgão que se publica na cidade do Espirito Santo de Guarará, em Minas, o seguinte:

JULGAMENTO POÉTICO

"Na cidade do Itabira, Estado de Minas, foi julgado, pelo juri, o réu Antônio Valadares da Silva, de 66 anos de idade, acusado do ter ferido, com dentadas, a Maria dos Reis.
Ao terminar a acusação, o Dr. promotor leu uns versos de Gonçalves Crespo, análogo ao caso e que causaram hilaridade no tribunal. São estes os versos:

Dona do riso alegre
Oh! meu tormento!
- Dona de olhos azuis,
Oh! minha amada!
Já me bastava o doce juramento!
Foi demais a dentada!"

Por sua vez o advogado do réu, Sr. Antonio de Paula Câmara, ao terminar a defesa que fez, negando o fato, improvisou as seguintes quadras, que também produziram hilaridade:

"Dá dentada quem tem dentes;
O Valadares não os lem,
Morder com força — faz mal,
Devagar— é querer bem.

História conta a Maria,
Ela quer se defender,
O Valadares, coitado!
Não pode jamais morder.

O que diz seu Valadares
Da moça o dito destrói:
Embora dentes tivesse,
Dentada de amor não dói".

Com quanto não o diga o autor da correspondência de que trasladamos esta notícia, parece-nos que o resultado deste interessantíssimo juri não podia ter sido outro senão a absolvição do acusado.

Jornal "A União”,

segunda-feira, 27 de novembro de 1905

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