segunda-feira, 14 de maio de 2012

O ANO DE 1894

GUARARÁ

Ao pasquinheiro mor de São Pedro, ao chefinho, ao falsificador de telegramas, que tanto tem escoceado ao sogro, ao tio, de quem hoje é intimo, e a tantos outros, se aconselha que, em vez de mandar publicar chapas com o fim de ridicularizar caráter superiores ao seu; será melhor que pague aos seus numerosos credores; que preste conta dos 4 contos, que, por subscrição, tirou há dois anos para uma casa de instrução; que restitua os contos que comeu da câmara de Guarará, que indenize aos órfãos o que escandalosamente roubou no inventário do Pequeri, etc., etc., etc.
...! já comprometeste uma companhia e agora estás fazendo figura com dinheiro da câmara do Guarará, que é o suor do povo! Contraste serão pedidos?...
Nos prostíbulos de um Jacob só  pode medrar um Autero.
Teus louros são as pesquisas e tua gloria o autonomista.
Dormentes podres do lourival amarelo??...

Jornal "Gazeta de Notícias", domingo, 19 de agosto de 1894

Jornal "Gazeta de Notícias", terça-feira, 21 de agosto de 1894


 O Aderente mor de todos os tempos não está encontrando facilidade na eleição municipal de 7 de setembro e já lembra a reeleição do chefinho de São Pedro, dando-lhe assim prazo para esfacelar o município ec desnortear a Estrada de Ferro Guararense cujas finanças estão duvidosas.
Entre dois dilapidadores tem sido o embaraço da organização do município - o 1º o liquidante vitalício de heranças de viúvas e ausentes, o 2º também já célebre lá pelo Pequeri e, ambos dignos entre si, só procuram atingir o cofre municipal "limpo" quando temos candidato que não cogitam do subsidio. Chama-se a atenção do eleitorado. Está em luta a vida do município e os dois últimos anos provam a incapacidade administrativa destes gaviões de arribação. A mocidade patriótica aí está e apresenta-se com programa liberal apoiado na maioria pensante do município.
Cidadãos e compatriotas, nenhum apreço aos arreganhos policiais; confederados e munidos de nossos diplomas vamos às urnas livres pois o voto é a vida representando a ideia, a ideia é a lei espancando o despotismo. Quando todo o Estado de Minas floresce, o Guarará não tem menos razão. Concidadãos! Votemos no capitão José Ribeiro de Oliveira e Silva.
Agosto de 1894
Guararenses da legalidade


Jornal "Gazeta de Notícias", sábado, 25 de agosto de 1894

 
Os abaixo assinados, negociante, residente em Guarará, e lavradores de Maripá,- protestam contra um artiguete publicado no Paiz, em que se diz sermos candidatos aos cargos de conselheiro e vereadores especiais e juízes de paz. Em verdade já pertencemos ao grupo que sustenta a chapa com o nome do Sr. capitão .José Ribeiro de Oliveira e Silva; porém hoje, que firmamos um documento em que nos obrigamos a trabalhar em prol da candidatura do Sr. comendador Noronha, protestamos apoiar a sua chapa, assim como sustentar com o máximo patriotismo a sua candidatura para agente executivo municipal.

Fortunato Pacheco da Silva
Antônio Ferreira Martins
Domiciano Monteiro de Resende
Gervásio Evaristo Monteiro de Resende


Jornal "Gazeta de Notícias", quarta-feira, 5 de setembro de 1894



Pelo ministro da fazenda foi proferido o despacho seguinte no requerimento da câmara municipal de Guarará, pedindo o despacho livre de direito e transporte gratuito pela Estrada de Ferro Central do Brasil para os materiais destinados à via-férrea guararense: — Deferido quanto à Isenção de direitos; quanto ao transporte dirija-se ao ministério da indústria.

Jornal "O Pharol", 12 de setembro de 1894


 
HONRA AO MÉRITO

A 7 de setembro do corrente, feriu-se no distrito de Maripá o pleito eleitoral para dois senadores ao Congresso mineiro, agente executivo municipal, vereadores gerais, vereador especial, conselho distrital e juízes de paz. Como de costume, dois partidos, o baronista e o noronhista, aquele constitucional, este autonomista, aquele das poderosas traíras, segundo a expressão popular, este dos molestos lambaris, apresentaram-se na arena e travaram nas urnas um combate renhido, porém franco e leal.
De ambas as partes, quer em urna, quer em outra facção política, lia-se no rosto dos partidários, à proporção que caminhava o processo da apuração nas cédulas, a alegria expansiva ou a dr. cruciante. Apurada em primeiro lugar a eleição senatorial, viu-se com pesar e dor que a maioria do partido das traíras, daqueles que se dizem amigos do governo, absteve-se vergonhosamente de sufragar os nomes dos candidatos, acudindo às urnas somente para pleitear as eleições municipais, esquecidos criminosamente de usar dos direitos mais sagrados do cidadão, negando o voto para membro do primeiro poder do seu Estado - o Congresso Mineiro. Irrisão vergonhosa! Crime inqualificável! Porém, não obstante esta infame abstenção, ainda assim neste distrito, pequeno de população, obtiveram os candidatos a esta eleição cento e alguns votos, graças aos modestos lambaris. 
Honra ao mérito dos dois candidatos, aqui votados, o Dr. Camilo Maria Ferreira da Fonseca e o coronel José Bento Nogueira. Seguiu-se a apuração da eleição de agente executivo e vereadores gerais. Silêncio profundo no recinto dos eleitores, completamente repleto. O arfar de cada peito, o palpitar de cada coração, pode-se dizer, era ouvido distintamente! E as vozes dos mesários, lendo as cédulas, e as dos mais publicando os nomes dos votados e o número dos votos recebidos, iam levar a alma de cada eleitor a vida ou a morte, porque ambos os candidatos eram caros com seus partidários. Afinal, muitas cédulas ainda dependiam da apuração, quando um lambari gritou alegre e entusiasta: - Viva o partido dos lambaris! venceu a nossa chapa! E numerosíssimas vozes repetiam: - Vivam os lambaris! — Seguiu-se a eleição do vereador especial; dois candidatos queridos e amados, e ainda um grito dos lambaris, anunciando a vitória de seu candidato; a dos conselheiros, novo grito de vitória dos lambaris; a dos juízes de paz, pleiteada por candidatos fortes e poderosos, por verdadeiras traíras, pelos chefes de Maripá contra dois fracos e lambaris, foram fortes e poderosos pela sua popularidade, ou pelo seu caráter integro e reto, pela considerarão e estima de que gozam merecidamente, pela firmeza em seus tratos, e um estridente e jubiloso grito de muitos lambaris ainda uma vez levou aos píncaros das montanhas e ás profundezas das águas a noticia da sua vitória. 
Honra ao mérito dos candidatos dos lambaris! Honra aos lambaris, que, embora pequenos e modestos, são fortes e poderosos, porque são unidos e firmes! 
Não é sem razão que se diz: 
- Rei dos peixes é lambari! 
Música pelas ruas, vivas, o espoucar dos foguetes, o estalar das rolhas do champanhe, puseram fim à vitória dos lambaris, que, publicando esta noticia, fazem uma homenagem no seu chefe popular e companheiro leal, o gordo lambari, comendador Noronha.
O eleitorado dos lambaris.

Maripá, 8 de setembro de 1894.

Jornal "Gazeta de Notícias", quinta-feira, 13 de setembro de 1894

OBS: Ficaram como candidatos par o pleito de 15 de novembro de 1894, como Deputados pelo 2º Distrito:
Dr. Astolfo Vieira de Rezende, Palma;
Dr João Nepomuceno Corrêa, Carangola, 
Dr. João Júlio Proença, São João Nepomuceno 
Tetente-coronel José Braz de Mendonça, São João Nepomuceno, 
Dr. Francisco Carlos de Araújo Moreira, Rio Branco e 
Francisco de Paula Mota, Pomba

E como Senadores, os candidatos:
Dr. Alvaro da Mata Machado, Diamantina
Dr Antonio Cândido Teixeira, Machado
Dr. Américo Gomes Ribeiro da Luz, Muzambinho
Dr. Levindo Ferreira Lopes, Ouro Preto
Dr. Ernesto da Silva Braga, Turvo
Dr. Henrique de Magalhães Sales, Ouro Preto
Dr. Antero Dutra de Moraes, Guarará
Dr. Jacinto Álvares da Silva Campos, Abaeté 


ABSTENÇÃO DE VOTO

O abaixo assinado, por si e pelo eleitorado, que o considera como seu chefe político, vem por este meio declarar que se abstêm das urnas no próximo pleito e em qualquer outro a que se proceda neste município, enquanto nele durar a prepotência da autoridade policial e a sua intervenção com forças armadas nos processos eleitorais, produzindo o afastamento de eleitores, embora da mesma política. Crente, porém, na justiça do poder competente, aguarda a tomada de providencias por este contra as ilegalidades cometidas pela autoridade policial, para de novo usar do sagrado direito de voto. Dá assim uma satisfação ao governo do Estado e aos seus amigos correligionários, com os quais se havia comprometido.

Guarará, 10 de novembro de 1894.

Francisco Joaquim de Noronha e Silva

Jornal "Gazeta de Notícias", quarta-feira, 14 de novembro de 1894




Um grupo, capitaneado pelo Sr. de Catas Altas, reconheceu o distinto moço José Ribeiro de Oliveira e Silva, agente executivo municipal do Guarará, quando os verdadeiros eleitos do povo, reunidos em sessão, reconheceram para o mesmo cargo, o candidato mais votado - comendador Francisco Joaquim de Noronha e Silva.
Do dia 7 de novembro até hoje, entretanto, têm-se dado tanta peripécia,; que, não sabemos como, o capitão José Ribeiro ainda se acha unido aos prepotentes!
João dos Passos é o futuro oficial da secretaria, diz o Sr. José Ribeiro; não, responde o Sr. Telles e barão, quem há de ser e o seu Pisco...
E assim por diante.
Em que ficamos?..

Jornal "Gazeta de Notícias", sábado, 24 de novembro de 1894


MAR DE ESPANHA

Neste Município estão reconhecidas duas câmaras municipais. Uma verificou os poderes de seus membros unicamente com dois vereadores diplomados, cerca de 500 homens armados e dois advogados estranhos à corporação. A outra funcionou e reconheceu os poderes de seus membros com seis vereadores, cujos diplomas não foram contestados na junta apuradora. A primeira decidiu a coisa em 5 horas; a segunda observou todos 0s preceitos e formalidades da Lei, terminando os seus trabalhos no dia 9.
Há distritos com 5 e 6 juizes de paz reconhecidos e com duplicidade de conselheiros distritais.
Igual fato se dá no Municipio de Guarará
São por demais conhecidos os inconvenientes que de semelhante perturbação resultam ao bom funcionamento do serviço municipal e à administração da justiça.
Qual o poder competente para resolver esta magna questão?
Respondam os autores do Decreto n.º 110 de 14 de julho do corrente ano.
Um munícipe.
24 de novembro de 1894.

Jornal "O Pharol", terça-feira, 4 de dezembro de 1894

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