VILA DE GUARARÁ
Procedeu-se
ontem na Estrada de Ferro Guararense a vistoria requerida pelo capitão Zabumba,
o eterno sanguessuga do cofre da municipalidade, o qual, vendo-se
impossibilitado de continuar a explorar a Cantara por esbarrar-se sempre de
encontro a honorabilidade do chefe executivo, que está sempre pronto a qualquer
movimento suspeito, a dar o grito de — Alerta —, vendo esgotados os recursos de
sua lógica, vendo, finalmente, que não poderia mais continuar como afilhado da
Câmara, revoltou-se, e ei-lo esbravejando, requerendo vistorias em terrenos
que não lhe pertencem. Para fazer valer sua odiosa pretensão, não se
envergonhou de chamar o célebre Porqueira para seu louvado, o qual, como é
sabido, mora em casa do Zabumba (por não achar quem o queira como inquilino, e
sempre viveu de suas sopas; para desempatador foi oferecido o não menos
célebre Mata-Pastos, o guarda-costas de todas as imoralidades, orquídea de nova
espécie e importante, não pela beleza e perfume, mas pela força sugadora que
desenvolve, depauperando em pouco tempo o tronco em que adere e de cuja se
nutre.
Como
desempatador, fez da Guararense a sua arma de guerra, com o fito somente de
saciar a sede de vingança de sua nojenta política, isto de prévio acordo com o
Porqueira e a pedido do Zabumba.
Honra,
pois, merece outro louvado, que não pactuando com estas misérias, lavrou o seu
protesto discordando de tudo. O integérrimo magistrado que veio ao lugar, para
conhecer de visu esta malfadada questão, bem triste ideia fará do Zabumba e
seus comensais. Felizmente a causa da câmara é a causa santa do povo e este
confia na integridade do distinto magistrado, não consentindo em tão torpe
especulação. O Zabumba e seus comensais terão em recompensa de tal ganância o
desprezo solene, mas unânime, de todo este povo generoso.
Ao
aparecerem em Guarará, terão recepção condigna tão distintas personalidades,
subirão aos ares foguetes de assovios e serão acompanhados do rufar desordenado
em latas de querosene por pulsos vigorosos. Honra a tão distintos patriotas,
propulsores do descalabro do município!!!
o velho Guararense
17 de junho de 1895.
Jornal
"Gazeta de Notícias ", quarta-feira, 19 de junho de 1895
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