quarta-feira, 27 de junho de 2012

ACÚSTICO

I - ACORDEON
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O acordeon quando calou-se,
Em uma nota se perdeu...
Era música tão doce,
Pois ninguém a escreveu.
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Na lembrança, vem e vai,
De um fole enrijecido,
A melodia assim se trai,
E o som não é ouvido.
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Fica apenas um lampejo,
Neste ritmo sem som,
Radicado num desejo,
Que seria acordeon.
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II - A SANFONA
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III - O PIANO
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O meu piano sente na pele
A partitura estudada
Pedindo que ele a revele
Quando a peça for tocada.
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Tudo para, doce e quieta,
Em uma nota quase muda,
Ele para e se completa
Pois é ela quem o estuda.
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E ainda assim eu desafino
Numa outra melodia
Que o piano do destino
Em minha alma tocaria.
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I V - O ALAÚDE
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V - O VIOLÃO
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Meu violão sangra um ,
Inconsistente e banal,
Assim ele diz-me o que há,
E assim eu sofro igual.
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Tange em compasso um ,
Se perde nas dores do ,
É como um beato sem fé,
Suas cordas fizeram um nó.
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A custo um sol ele lança,
Na pretensa curva do mi,
E quando o o alcança,
Ele se esquece do si.
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V I - TROMPETE (UM DIA SEM GRAÇA)
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Na calçada molhada se repete
A imagem fria que desloca
O som confuso dum trompete
Que a gente ouve e ninguém toca.
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Pois nenhum ouvido o irá notar
Ou distinguir como canção
O que sentiu de ouvir tocar
Ou se ele foi tocado ou não.
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Na calçada fria e tão molhada
Qualquer palavra tem o som
De uma cantiga não tocada
Ou que afinal perdeu o tom.
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