I - A VIDA EM MIM
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A vida em mim apenas brota
Na exata forma de um rio
Que segue sempre a mesma rota
E desemboca no vazio.
.
A vida em mim é a contramão
É a sinfonia não tocada,
É o perfil reto de uma mão
Que tão mal foi delineada.
.
A vida em mim é o arcabouço,
As reentrâncias do sentido
Que nada exprimem do que ouço
E tornam o nada tão ouvido.
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II - REPASSE
A vida em mim apenas brota
Na exata forma de um rio
Que segue sempre a mesma rota
E desemboca no vazio.
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A vida em mim é a contramão
É a sinfonia não tocada,
É o perfil reto de uma mão
Que tão mal foi delineada.
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A vida em mim é o arcabouço,
As reentrâncias do sentido
Que nada exprimem do que ouço
E tornam o nada tão ouvido.
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II - REPASSE
A minha poesia não é lida
Jamais a fiz para se ler
È um arremedo, uma comida
Não satisfaz quem vai comer.
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É um absurdo, um exagero
Um prato razo sobre a mesa
Uma iguaria sem tempero
A voz pausada da incerteza.
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III - COMPOSIÇÃO
Jamais a fiz para se ler
È um arremedo, uma comida
Não satisfaz quem vai comer.
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É um absurdo, um exagero
Um prato razo sobre a mesa
Uma iguaria sem tempero
A voz pausada da incerteza.
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III - COMPOSIÇÃO
A minha mão não escreve, treme
Desencadeia uma descida...
Não tem destino, não tem leme,
No largo vasto da tremida.
.
O meu sentido pulsa e freme
E faz da rima escolhida
Uma palavra que se espreme
Entre outras tantas, contundida.
.
E como um louco que blasfeme
Em sua dor mal concebida
Pois só escreve o que mais teme
Na rima tosca desta vida.
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IV - ÁRQUIOS
Desencadeia uma descida...
Não tem destino, não tem leme,
No largo vasto da tremida.
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O meu sentido pulsa e freme
E faz da rima escolhida
Uma palavra que se espreme
Entre outras tantas, contundida.
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E como um louco que blasfeme
Em sua dor mal concebida
Pois só escreve o que mais teme
Na rima tosca desta vida.
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IV - ÁRQUIOS
Sou só um tolo que assiste
Em meio a tons de exclamação
Ao aludido que inexiste
Nas conjecturas da alusão.
.
Se me disseres que o mugido
É a mesma coisa que um boi
Entenderei que o existido
Pode ter sido o que não foi.
.
E entre perdidos e haveres
Talvez assente a semelhança
-
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V - TEMPO DE NADA
Em meio a tons de exclamação
Ao aludido que inexiste
Nas conjecturas da alusão.
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Se me disseres que o mugido
É a mesma coisa que um boi
Entenderei que o existido
Pode ter sido o que não foi.
.
E entre perdidos e haveres
Talvez assente a semelhança
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V - TEMPO DE NADA
Nada se perde quando o tempo para
Senão a coisa que já foi perdida
Não a coisa fina, a reliquia cara
Mas somente aquela nunca conseguida
.
Hoje o tempo hoje é de quase nada
A roupa rasgada, o lençol macio,
Travesseiro torto, noite enluarada,
Um chinelo velho sobre o piso frio.
.
Hoje o tempo hoje é somente herança,
Um bau perdido muito além do pó,
Que nos soterrou toda a lembraça
Fez-nos merecer nada além de dó.
.
VI - NA TARDE CALMA...
Senão a coisa que já foi perdida
Não a coisa fina, a reliquia cara
Mas somente aquela nunca conseguida
.
Hoje o tempo hoje é de quase nada
A roupa rasgada, o lençol macio,
Travesseiro torto, noite enluarada,
Um chinelo velho sobre o piso frio.
.
Hoje o tempo hoje é somente herança,
Um bau perdido muito além do pó,
Que nos soterrou toda a lembraça
Fez-nos merecer nada além de dó.
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VI - NA TARDE CALMA...
Na tarde calma se agita
Uma fração, fragmento
De alguma ideia inaudita
Vociferada ao vento.
.
O vento sempre a esconde
No imperceptível fazê-lo
Como a chama que esconde
A plataforma de gelo.
.
E assim a ideia ondulada
Arrebatada ou tangida
Torna a canção desolada
Não mãos do vento, ouvida.
.
VII - PASSANDO O TEMPO
Uma fração, fragmento
De alguma ideia inaudita
Vociferada ao vento.
.
O vento sempre a esconde
No imperceptível fazê-lo
Como a chama que esconde
A plataforma de gelo.
.
E assim a ideia ondulada
Arrebatada ou tangida
Torna a canção desolada
Não mãos do vento, ouvida.
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VII - PASSANDO O TEMPO
Não interpreto o palavreado ou digo
Apenas sei que minha consistência
É o não dizer do que sou comigo
No abstracionismo da inexistência.
.
Porque já não sei se em mim, algures,
Poderei de fato me reencontrar
Ou me perderei, não o sei, alhures,
E já não terei como em mim morar.
.
Se são só palavras que não interpreto
Na inconstância de o não saber
Como saberei em que sou concreto
Na incoerência do meu não haver.
.
VIII - PESARES
Apenas sei que minha consistência
É o não dizer do que sou comigo
No abstracionismo da inexistência.
.
Porque já não sei se em mim, algures,
Poderei de fato me reencontrar
Ou me perderei, não o sei, alhures,
E já não terei como em mim morar.
.
Se são só palavras que não interpreto
Na inconstância de o não saber
Como saberei em que sou concreto
Na incoerência do meu não haver.
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VIII - PESARES
.
Temo que eu não seja este homem bom
Simbiose reles de qualquer pessoa
Cuja percução se perdeu no tom
E que só teve o tempo de viver à toa.
.
Temo que eu seja num sentido curto
A coisa vazia ou recomeçada
O olhar vazado que eu sempre furto
Na janela velha onde vejo nada
.
Temo que eu só tenha esta segurança
De falar às letras o que nada sei
E me resguardar desta segurança
De que sou aquele que jamais serei.
.
IX - DO SIMILAR AO FIM
Temo que eu não seja este homem bom
Simbiose reles de qualquer pessoa
Cuja percução se perdeu no tom
E que só teve o tempo de viver à toa.
.
Temo que eu seja num sentido curto
A coisa vazia ou recomeçada
O olhar vazado que eu sempre furto
Na janela velha onde vejo nada
.
Temo que eu só tenha esta segurança
De falar às letras o que nada sei
E me resguardar desta segurança
De que sou aquele que jamais serei.
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IX - DO SIMILAR AO FIM
.
Eu sou um nó, o eterno hiato,
O remendado de uma linha
Que por não ter um ponto exato
Faz ela mesma não ser minha.
.
Eu sou a força da alavanca
Em uma peça enclausurada
Que a destrói enquanto arranca
Matando a coisa arrancada.
.
Eu sou o termo do arremesso
A pura elipse de um grau
Pois finalizo em recomeço
Pra renascer só no final.
.
X -
Eu sou um nó, o eterno hiato,
O remendado de uma linha
Que por não ter um ponto exato
Faz ela mesma não ser minha.
.
Eu sou a força da alavanca
Em uma peça enclausurada
Que a destrói enquanto arranca
Matando a coisa arrancada.
.
Eu sou o termo do arremesso
A pura elipse de um grau
Pois finalizo em recomeço
Pra renascer só no final.
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X -
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