GUARARÁ
CIDADE ACOLHEDORA
Para que chega pela BR 267 e passa pelo portal de entrada onde se lê SEJA BEM VINDO, vai encontrar um pouco mais adiante a Pça Coronel Afonso Leite, o cartão de visitas da cidade. Na praça existe uma parada de ônibus com este mural abaixo:
Não sei quem é o autor desta bela pintura meio que underground, meio que surreal e meio que quase completamente psicodélica. Bem eu gostaria de saber.... ao menos para dar-lhe os créditos....
Mudando os ares da conversa, Guarará que no passado foi chamada ESPÍRITO SANCTO DO MAR DE HESPANHA" e depois "ESPÍRITO SANCTO DO GUARARÁ" (a grafia esta correta - remonta à época em que assim era chamada, lá pelos idos de 1913, quando o coronel Joaquim José de Souza - um dos bisnetos de Domingos Ferreira Marques -, era o chefe do executivo municipal, ou antes mesmo dele) não foge à hospitaleira regra das típicas cidadezinhas mineiras que são acolhedoras e encantadoras...
Dona de um passado cultural nada modesto, pode-se inferir, por sua história, nem um pouco recente, que ainda conserva no mais profundo de seu âmago, os traços e tracejos desta antiga herança cultural...
Oxalá assim o seja!
ATÉ PARECE QUE FOI "HONTEM"
A representação da história de Guarará - Pintura de Arnaud Gribel
Até que ontem propriamente não, mas não a tanto tempo afinal, quando Domingos Ferreira Marques e sua esposa dona Feliciana Francisca Dias, sesmeiros de Barbacena, doaram as terras que serviriam de assentamento para uma capela, isso foi em 20 de julho de 1828 e, sem que o soubesse, para uma cidade que, a seu tempo, desempenharia um papel de considerável destaque na região e no estado.
Mas no passado (Não tão distante
Já que o tempo é constante
E nunca morre...
Urge sim, é bem verdade,
Mas noutra realidade
E não nesta que transcorre.) havia uma verdadeira efusão cultural por estas bandas e que surgiu no início dos anos de 1900.
Pra que os exageros não fiquem (embora não tenham existido) só por minha conta, vejamos o que dizia o correspondente, de pseudônimo J.P., do jornal juizforano "O Pharol" na data de 12 de maio de 1913, e cuja publicação deu-se nove dias depois, ou seja em 21 de maio, na coluna VIDA MINEIRA:
"Guarará
Iniciamos hoje, com a singeleza de quem narra e não com o requinte de quem. analisa e comenta e acepilha frases, as pequeninas crônicas, desta formosa, vila, predestinada, por sua bela topografia e clima salubérrimo, a um lugar de distração entre as melhores povoações da Mata.
Guarará prospera; não está adormecida entre as suas verdes colinas, vivendo de saudades, ruminando passadas grandezas; não!...
Nela existe uma alma que sonha, mas há também um espirito forte que está de pé, que trabalha, que caminha.
Ela dormiu, como todas as povoações e cidades mineiras um longo sono,mas já está desperta, e não dormirá mais: tem uma nobre missão a cumprir, ela o sabe, ela a desempenhará.
Com uma praça, de extensa e larga área, elegantes prédios, em torno, graciosa e elegante matriz, muitas casas comerciais, farmácias, grupo escolar, Ginásio Delfim Moreira, ora fundado, Câmara Municipal e demais repartições públicas; a vila de Guarará cativa e prende o excursionista, todo aquele que a procura ou dela se aproxima. Seu povo é unido, alegre, expansivo, generoso, hospitaleiro e bom. Possui um teatrinho onde trabalha um talentoso e Infatigável grupo de amadores que poderia exibir-se em platéias exigentes. Não lhe regateariam palmas e flores, os cultos habitantes da Princesa do Paraibuna (Juiz de Fora), se um dia este grupo abrisse as portas ao glorioso teatro da rua do Espirito Santo e aí representasse, quer nas comédias, quer nos dramas.
E por falar em teatro: os alunos do Ginásio Delfim Moreira, criaram nesse vasto; estabelecimento de instrução o "Grêmio literário Alberto de Oliveira" e tratam da organização de uma biblioteca que ficará sob o patronato de Augusto de Lima, o maior poeta mineiro. Esse grêmio [estudantil] tem por objetivo dilatar o espirito de seus sócios pondo-os em contato com os deliciosos prazeres da arte falada, e escrita, essa arte que não morre e que, antes, ressuscita gerações que se foram.
Em Guarará, não raros cultivam as letras, e podemos citar, ao correr da pena, Aristides Leite, que tanto doura uma pílula como rendilha um verso; Irineu Candido [de Souza], professor emérito e jornalista, Afonso Leite, Pedro Leite, Pedro Orlando, J. Camões e outros e muitos outros.
Músicos, poderíamos mencionar às dezenas: aqui quase todos amam a grandiosa arte de [Antonio de] Carlos Gomes, [Manoel Joaquim de] Macedo; Francisco Vale; [Manuel] Gusmão e Fontainha. (....)".
O CENTENÁRIO DA FERREIRA MARQUES
Não muito depois, algumas décadas apenas, foi a vez da mais antiga instituição de ensino de Guarará fazer seus 100 anos. Olha que fazer 100 anos não é lá uma empreitada muito fácil, haja visto que nós, o gênero humano em geral, não raras vezes, fracassamos em tentar cumprir esta façanha.
A história, a propósito, é algo muito interessante de se considerar.... Difícil de fazer, impossível de apagar. É muito fácil perceber isto porque ela não acontece porque é lembrada ou foi registrada, ela existe porque ACONTECEU... Ela fala por si mesma... Existe por si mesma... Somos meros figurantes em tudo isto... às vezes nem figurantes somos e sim espectadores sem a mínima expressão...Nada além...
Mas bem...
A escola depois batizada com o nome de Ferreira Marques, em homenagem a Domingos Ferreira Marques, do qual pouco é sabido, a excessão de poucos e raros documentos como por exemplo a "Escritura de doação dos 40 alqueires", que era bisavô do coronel Joaquim José de Souza e trisavô de Milton de Souza, Edson de Souza e José Maria de Oliveira Souza (filhos do anterior), influentes políticos em Guarará e Bicas...
O artigo segue...







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