quarta-feira, 25 de julho de 2012

VAI AÍ UM CAFEZINHO?!

VAI AÍ UM CAFEZINHO

          O brasileiro tem o dom de melhorar tudo que lhe chega às mãos. Ele cria, recria, inventa, reinventa, beneficia, melhora, etc. etc, etc. Isto aconteceu com o futebol, cuja origem deu-se na Inglaterra (ou não) e teve o seu aprimoramento nas peladas de várzeas, entre as pernas, campos e chuteiras brasileiras; a cana-de-açúcar originária da ásia mas que encontrou seu lar definitivo nestas terras brasilis, tornou-se uma das molas propulsoras da economia nacional e cujo produto final foi transformado, de combustível, em programa nacional, o pro-álcool e, após uma lista imensa de outros itens (que não vamos enumerar), chegamos ao café....
          Saborear um cafezinho é uma arte, algo próximo do poético, é sentir mais ou menos o que sente o enófilo, que aquele saboreia, entende, degusta, se encanta e se enamora de um bom vinho. Como não temos um profissional assim denominado (não que eu saiba) para a apreciação de um bom cafezinho, ficaremos com o caboclo, aquele que teve por herança nascer em solo cafeeiro, que tem no café o amigo inseparável, que contraria prescrições, previsões e diagnósticos médicos (certamente questionáveis) e não arreda pé de uma boa xícara deste líquido apreciado igualmente nos casebres, nas periferias, nos salões nobres e nas mansões. O café, como se vê, iguala todos os níveis sociais em um só. 
          Sua origem vem dos solos quentes da Etiópia, mas, porém, é no Brasil que ele ganha asas, cor, apetite, flama, paixão e a simplicidade de um bom brasileiro (eu ia dizer mineiro mas isto seria bairrismo), já que foi aqui nestas terras que ele foi batizado e rebatizado, nasceu e renasceu. A exemplo disso, ele foi talvez o mais experiente e experimentado dos imigrantes e que aqui encontrou sua pátria definitiva.
          Não bastasse isso, ele movimentou a indústria e transformou fazendeiros em capitães, em coronéis e em barões. Essa foi a sua excelência; ele outorgou, condecorou e impingiu títulos de nobreza a homens, por vezes, menos nobres que os títulos a eles outorgados. Mas estes são outros quinhentos...
           Assim, quando chega à vossa mesa sabeis vós, oh! reles mortais, que os ingentes grãos que ora degustais em sua forma liquefeita, passaram pelos mais intensos e difíceis processos de suas vidas; desde a floração, germinação, maturação, colheita, secagem, trituração, moagem, torrefação (não exatamente nesta ordem), envasamento e comercialização. A isto se batiza com o nome de indústria do café... Mas bem... deve (há de) haver requinte e cuidado em tudo isso, para que haja glamour, para que haja gourmet, para que seja um souvenir, uma obra de arte. Sim... sem exageros uma obra cuidadosa e magistralmente composta e orquestrada, e Guarará, muito embora os áureos tempos do café nos tenham deixado a ver navios, ainda hoje se ampara no tradicional título de produtora de café, conservando a mesma excelência de outrora.
           O café vereda tem este requinte e sabor, haja visto o artigo cunhado pelo articulista Paulo César Rossi, em sua coluna Nossas Riquezas, no jornal "Guarará" (Ano 1, Nº 1, de outubro de 1993), quando lá ele define não apenas a qualidade, o esmero e a preciosidade do produto final, mas o empreendedorismo daqueles que estão à frente e que honram o nome do produto.
          Aí está um pouco da arte de se fazer um bom café... Então da próxima vez que erguermos uma xícara (taça), tenhamos o cuidado de saber o quanto e quantos a precederam..

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