A ORIGEM E A RAZÃO
Um dia desses, em uma conversa com Jânio J Ferreira, conhecido meu aqui da cidade, entremeamos os porquês do nome Guarará, declarada e aparentemente justificado mas.... Bem...
Para tornar mais claro, os meandros do entendimento, vejamos como um exemplo o meu nome Francisco; a sua raiz etimológica quer dizer, "liberto", "livre", "o que busca ou inspira liberdade" e remonta (do Francês) aos Francos que habitavam parte da Gália, em tempos antigos (esta é a ORIGEM). Todavia, minha mãe furtando-se à necessidade de um esclarecimento maior sobre a origem do nome, resolveu (por sua RAZÃO) homenagear ao santo de sua preferência; São Francisco de Assis... Assim meu nome nada tem a ver com sua origem e sim com a sua razão de ser....
Voltando ao nome Guarará, o seu único motivo atestado e creditado está na RAZÃO e não na ORIGEM etimológica, e deve-se ao fato da homenagem que prestara o barão de Cattas Altas à sua esposa Clara Rosalina Baião, a Baronesa de Cattas Altas, segundo narra o Cel. Sebastião Gomes Baião, um dos oito filhos do casal, isto porque esta nascera na Fazenda Guarará, no município de Itaverava-MG, lá residia até quando se casaram em 08 de fevereiro de 1866. Narra ainda o Cel Sebastião que seu pai o Barão havia sugerido este nome, na sede do governo provinciano, em Ouro Preto, e emenda que o dito nome foi acolhido em detrimento a outros igualmente sugeridos; como Sòlon e Bias (homenagem que seria prestada ao governador Bias Fortes).
Assim o antigo nome de Espírito Santo fora trocado por Guarará, nada mais nada menos, mas vejamos que esta é igualmente outra questão; não fora este nome DIVINO ESPÍRITO SANTO, por sua vez, uma outra forma de homenagem, prestada por Ferreira Marques à esposa Feliciana???... E até porque, como é compreensível, os homens da época, conhecedores apenas do rudimento das letras e pouco afeitos à etimologia regional originária dos silvícolas, resolveram batizar (ou rebatizar) a terra com os ares da devoção de Feliciana.
Se a razão etimológica fosse a predominante, talvez saber o nome que os silvícolas haviam dado anteriormente ao Rio do Espírito Santo que nos banha a todos, fosse mais preponderante, porque era o primeiro que eles faziam; batizar os rios com um nome, e assim era rigor, senão vejamos o que a história registra: "Vale do Tietê", "Vale do Rio Tamanduateí", "Vale do Anhagabaú", Vale do Rio Pinheiros", "Vale do Paraíba", "Princesa do Paraibuna" (como era chamada a Juiz de Fora em tempos antigos), etc... Os rios funcionavam então não apenas como um traço demarcatório mas como a identidade primeira de uma região... E, falando em rio, pros lados de Itaverava, existia o Rio Guarará, demarcador das divisas de Santana dos Montes com os municípios de Itaverava, Capela Nova, Caranaíba, Rio Espera e Lamim. Parece-me que aí a etimologia teria um pouco de sentido...
Mas, bem... Parece que nesta terra tudo surgiu como uma forma, ou graças a uma homenagem prestada a algo ou alguém, sem a necessária precedência etimológica. Apenas uma homenagem...
E, por outro lado, como toda forma de homenagem tem a ciência de conferir maior "status" não ao objeto ou nome mas sim ao homenageado e, considerando que Guarará é feito de guararenses, de pessoas, de povo, de gente, quer me parecer que é esta a justa e óbvia razão da homenagem e que Ferreira Marques homenageou a todos através da esposa e Cattas Altas procedeu da mesma maneira...
A explicação de algo não deve basear-se na justificativa e sim nos fatos que deram RAZÃO à sua ORIGEM...
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