UMA FOTO... APENAS UMA FOTO...
Qual é o valor medido de uma foto??? Aquilo que ela representa, simboliza, significa, retrata, etc???
É sabido e não é segredo algum, que ela poderá ter vários e intricados valores, sejam eles de caráter emocional, sentimental, históricos, etc...
Mas, e quando ninguém mais se lembra (ou é lembrado), daquilo que figura em uma foto, isto porque, embora lá esteja registrado, não faz mais parte deste mundo dos vivos... Que valor terá???...
Porém, em detrimento à quaisquer sombra ou suspeita de um valor (qualquer que seja), ela (a foto) é um registro histórico. Não é o único, por certo, mas é ela que guarda o registro visual da coisa que era e do modo como era, antes de seu fim.
Uma foto nos brinda com a possibilidade de conhecer, por este motivo, um pouco mais de nossos pais, avós, bisavós, trisavós, autoridades, lugares, etc.
Ela dota de um sentido cultural o passado e tudo que houvera antes de nós.... Dá significado existencial a tudo, até porque o futuro e o presente não são nada além de uma projeção ou expressão do passado... Não é verdade que se diz por aí: "Conhece-se o pai pelo filho".
Bom, o que vemos acima é a Guarará de 1930/1940/1950.
As pessoas que tem hoje seus nomes gravados em praças, ruas e placas comemorativas eram vivas, tinham suas famílias, seus empregos e, como nós, tinham sonhos, projetos, vontades, etc. etc. etc.
Estas pessoas nos precederam e hoje o que nos separa, no mais cru realismo, é apenas uma foto, e, como o tempo é relativo, no amanhã que há de vir, muitos dos que hoje vivemos seremos apenas lembranças retratadas... E estas fotos tiradas de nós falarão, em seu silêncio retratado, do que fomos, de como éramos, do que gostávamos, dos planos que tínhamos, nossas frustrações, inseguranças, incertezas, etc ...
Mas, vejamos então, no frigir dos ovos, o que de fato representa uma foto "histórica"??? Ela (até que se prove o contrário) é uma representação cultural de um povo, não pertence a ninguém e sim a todos, é um bem comum. Ninguém a fez. O fotógrafo foi tão somente aquele de quem o momento serviu-se para ser registrado. Ela é uma bandeira, um monumento, um monumento à história, é uma insígnia cravada no peito de uma população, de uma nação, de uma cidade. É o registro da identidade de alguém, de um povo e é a este povo que ela se presta e rende.
É ela assim um marco da expressão cultural, um registro que fala absolutamente de todos nós e isto porque sendo hoje o que somos, ONTEM NÓS FOMOS ASSIM.
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E por falar em foto
A TRANSIGÊNCIA DO VAZIO
...e na palidez do meu retrato
Percebo algo e sempre noto,
A semelhança de algum fato
Que registrei junto com a foto.
É algo estranho, faz-me falta,
E não é falta simplesmente,
Mas qualquer coisa que ressalta
Do que a foto pôs na gente.
Pro beco escuro, a noite é luz,
E quem enxerga não vê nada;
Vê pensamentos que eu não pus
De quando a foto foi tirada
F.T.Oliveira
1 comentários:
Gostei muito. Muito mesmo! Não só da foto, como de cada uma de suas palavras. Lindas.
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