Os lavradores do município de Guarará, da zona da Mata do Estado de Minas Gerais, reunidos em concorrida assembléia realizada a 19 deste mês, por convocação do adiantado fazendeiro, coronel Francisco A. de Arruda Câmara, fundaram a Sociedade Agrícola de Guarará, que se propõe realizar:
1 - Para o estudo, a defesa e o desenvolvimento dos interesses gerais da lavoura a sociedade se constituirá ou se filiará à Federação das Associações Rurais da zona da Mata Mineira e promoverá, em seu seio, reuniões periódicas para:
a) estudo das necessidades regionais das explorações rurais, realizando acordos tendentes satisfazê-as ou sugerindo aos poderes públicos, quando de sua alçada, as medidas julgadas acertadas para os fins desejados.
b) conferências, exposições e demonstrações técnicas de interesse local, devendo promovê-las, sempre que possível, sob os auspícios da Federação e Câmaras Municipais e com a assistência ou conselho técnico do Ministério da Agricultura.
2 - Para defesa dos interesses de ordem econômica, social e moral dos seus associados excluídos os de caráter político e religioso a sociedade promoverá:
a) o desenvolvimento do cooperativismo agrícola, fundando cooperativas de crédito que, mediante uma taxa módica de juros e de lucros em suas operações, aproxime em colaboração direta os que dispõem de economias e os que delas precisam para o desenvolvimento do seu trabalho;
b) as facilidades ao seu alcance, como órgão informativo, aos institutos de previdência que se organizarem ou operarem na região, em seguros contra fogo, mortandade de gado e outros acidentes comuns á vida rural;
c) envidará esforços para que as contendas ou pendências suscitadas entre seus sócios ou entre estes e terceiros sejam resolvidas por arbitragem só o fazendo, entretanto, mediante prévio compromisso de acatamento à sentença arbitral.
Presidiu os trabalhos o coronel Afonso Leite, presidente da Câmara e influência real na vida daquela região.
Convidado e por designação do Serviço de Inspeção e Fomento Agrícola, compareceu á reunião o nosso companheiro Arruda Câmara, que realizou uma instrutiva palestra sobre a finalidade das associações regionais da lavoura, estudando, como perfeito conhecedor do meio, as necessidades locais, e mostrando o quanto podem de útil realizar essas instituições porque tanto nos temos batido desde os nossos primeiros dias.
A diretoria para o primeiro período social ficou assim constituída:
Presidente, coronel Francisco Antonio de Arruda Câmara, fazendeiro: Vice-presidente, coronel Afonso Leite, presidente da Câmara; 1º Secretário, coronel Bertholdo Garcia Machado, fazendeiro e negociante; 2° Secretario, Luiz de Freitas Santos, professor; Tesoureiro, capitão José Vieira Camões, comerciante e agente executivo do município.
O Conselho Deliberativo ficou constituído pelos lavradores: Coronel Aníbal Antônio da Costa, José Jorge Ribeiro do Vale, capitão Idalino José Machado, tenente Geraldo Gomes. Vicente Alves Pereira, Alberto Maurício Barroso, Sebastião Francisco de Souza e José Ricardo Sobrinho.
Por proposta do coronel Afonso Leite foi aclamado sócio-honorário, o Dr. Antônio de Arruda Câmara, Engº agrônomo, diretor-secretário do "Brasil Agrícola", revista de agricultura que se publica nesta capital.
Ao que sabemos, a sociedade fundará muito breve uma cooperativa de crédito e, no próximo ano, comemorará com excepcional brilhantismo, o bicentenário da plantação do café no Brasil, que é uma das riquezas do município de Guarará e de toda a zona da mata de Minas.
O Cel. Arruda Câmara era cafeicultor e criador. Casou-se por duas vezes. Seu primeiro casamento foi com a então viúva, Rita de Moraes Câmara, filha do Comendador Francisco Gonçalves de Moraes e Cecília Breves de Moraes. O seu segundo casamento foi com Manoela Temponi, filha de Vicente Temponi e Maria Temponi.
A fazenda Sant'Ana localizava-se em Guarará (hoje Maripá) e a fazenda Santa Rita, em Rio Pardo da Leopoldina (hoje Argirita), a considerar-se o publicado (ou Piacatuba ?). Nesta fazenda de Santa Rita ele fez construir a igreja de Santa Rita.
Assim descrevia o próprio Coronel a sua fazenda de Sant'Ana em 1911, quando pretendeu dispor-se da mesma: "...Tem a fazenda excelentes engenhos de café, de serra e para moagem de cana e todos os demais acessórios para a lavoura, e contém 600 mil pés de café, dos quais 150 mil velhos em bom estado e 450 mil pés de um a sete anos de idade, a maior parte em plena produção. Tem área ainda suficiente para plantar-se um milhão de pés de café. O clima que se goza é magnifico, fresco e salubre, pois que a fazenda está situada no alto da serra do Prata..." (Jornal "Correio da Manhã, quinta-feira, 30 de novembro de 1911)
História do Café do Brasil Imperial
http://brevescafe.net/cont_historia_arruda.htm
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http://www.turismovaledocafe.com/2011/05/fazenda-sao-jose-do-pinheiro-pinheiral.html
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