sábado, 21 de junho de 2014

PROFESSOR FAUSTO GONZAGA


Quando inaugurou-se o Grupo Escolar de Guarará, em 30 de março de 1909, Fausto Gonzaga foi o seu primeiro diretor e por aqui ficou até 1910.
Quase um ano depois de inaugurado, em janeiro de 1910, Dilermano Cruz, em suas viagens pela Zona da Mata, lança mão de um artigo sobre o grupo escolar recém inaugurado: "...sobre a visita que fiz ao Grupo Escolar de Guarará. Esse grupo causou-me surpresa e excelente impressão. O digno inspetor escolar municipal, meu distinto colega Cornélio Duarte Medina, levou-me a percorrer todo o grupo e fiquei deveras surpreendido com a magnifica instalação do estabelecimento. Muitas cidades não possuem grupo escolar tão bem instalado como o da vila de Guarará. Aqui deixo, portanto, meus parabéns a Cornélio Duarte Medina, a quem de direito cabem louvores na instalação do grupo, porque foi um dos que mais trabalharam por o conseguir. Não regatarei aplausos também ao digno agente executivo coronel Joaquim José de Souza que, com gerais aplausos, tem sabido administrar e engrandecer o município de Guarará. - D.C." (1)
Fausto, natural de São João Del Rey, onde nasceu em 6 de dezembro de 1885. Seu pai Luiz Gonzaga, era um imigrante, provavelmente de origem portuguesa, que, nesta cidade havia fixado sua residência.

Fausto publicou aos 22 anos sua primeira coletânea de versos, intitulada “Melodia”, que obteve grande repercussão na época, nos meios literários mineiros.
Segundo suas palavras: Seu primeiro emprego foi de "...secretário do ginásio São Francisco de Assis, em São João Del Rei. Daí creio, nasceu a ideia de entrar para o magistério”. Daí, formado em magistério, ele leciona em Pitangui, depois atua como diretor do Grupo Escolar de Guarará e a seguir é transferido para Além Paraíba. Residindo na nova cidade, é lá que ele tem seus primeiros filhos.
Além de professor, Fausto Gonzaga era escritor, poeta, farmacêutico, um extraordinário administrador. e músico de grande prestigio me Minas, tocando piano, flauta e violino.

A partir daqui, em 1910, ele foi a convite, para Além Paraíba para dirigir o recém criado, em 31 de Julho de 1910, e que passaria a denominar-se Grupo Escolar Dr. Alfredo Martins de Lima Castelo Branco em 26 de março de 1915. (2)  Era a primeira escola pública de Além Paraíba e localizava-se na Ilha Recreio, no edifício do Teatro, propriedade do Senhor Manuel Esquerdo.
A atuação de Fausto Gonzaga frente àquela escola, nos 24 anos de atuação no ensino daquela cidade, foi digna de louvores. Ele "transformou o Grupo Escolar em um educandário conhecido pela boa educação dada aos seus alunos." (3) (4)
Fausto encontrou, pelos anos que se seguiram, grande e bons professores que, àquele tempo, muitos dos quais eram também músicos em "Além Paraíba . Alguns eram as duas coisas: Firmino Silva, Vicente Serpa Duarte, Fausto Gonzaga, Manuel Batista Nunes de Souza lecionavam, tanto na cartilha, como na artinha." (5)
E, mais tarde com a criação do Colégio São José, ainda em Além Paraíba, Fausto teve como companheiros de docência a: Dr. Aristóteles Freixo Lobo (Promotor de Justiça), Padre Cristóforo de Barros, o Dr. Edelberto Figueira (ex-Juiz Municipal) e as senhoras Joaquina de Almeida Santos Botelho (Pituta), Maria Luiza de Miranda e Claudina Mendes. (6)
Dentre os seus escritos figura o "Método Intuitivo", datado de 02 de agosto de 1929, à época diretor escolar em Além Paraíba (7) e dois anos antes, no Primeiro Congresso de Instrução Primária, ocorrido entre os dias 9 a 18 de maio de 1927, em Belo Horizonte, não sendo um dos participantes presentes, Fausto remete àquela reunião o opúsculo "Theses ao Congresso de Instrucção Primaria". Uma outra diretora, igualmente não participante, conhecida desta terra e à época diretora em Belo Horizonte, remete à mesma reunião o escrito "Respostas às principaes theses que serão discutidas no Congresso de Instrucção Primaria", tratava-se da profª. Amandina Carmelita Magalhães, diretora por aqui em 1903. (8)
É dele também o "Compêndio de Leitura Analítica" o qual se pretendia aplicar à metodologia de ensino, mas foi rejeitado pelo governo em sessão de 10 de julho de 1913. (9)
Como homem das letras, Fausto prestou relevante colaboração na imprensa da época, notadamente no a "Gazeta de Leopoldina", onde participava de um escopo de colunistas nada modesto, eram eles: Jacobino Freire, Prof Reynaldo Matola de Miranda, Dr Rodrigues Campos, Dr Custódio Junqueira, Dr. José Eutrópio, Dr Tavares de Lacerda, Prof. Botelho Reis, Dr Abilio Machado, Belisário Soares de Souza, D. Ottilia Fonseca, etc. (10) e ainda, estende suas atividades à terra natal, São João Del Rey, onde figura as mais altas figuras da intelectualidade e do jornalismo, como: Sebastião Sette, Dr. Francisco Mourão, os Irmãos Andrade Silva, Raul Costa, Adalberto de Castro, Cel. Severiano de Rezende, Cel. Francisco Pinheiro, Fausto Mourão, Gonçalo Amarante, Lopes Sobrinho, etc. (11)
Fausto permaneceu à frente da escola por 24, transformou a o Grupo Escolar em uma educandário exemplar, conhecido pela sua qualidade de ensino. Fausto foi substituído em 15 de dezembro de 1934 pela profª Joaquina de Almeida Santos Botelho. Fausto transferiu-se para Belo Horizonte.
Quando a Guarará, embora sua estadia na instrução em Guarará, tenha sido um tanto curta mas, reconhecendo os seus inigualáveis préstimos, em homenagem, o município homenageou-o com o nome de uma rua.


Obras:
- Hymno ao trabalho; (12)
- Almanaque do Município de Além Paraíba, 1935. (13)

- “Hino à Primavera”. (14)
- “Saudação à Bandeira”, este último adotado oficialmente no Estado do Espirito Santo.  (14)
- "Hino à professora" - Escolha feita através de um concurso promovido em 1961 pela APPMG (Associação dos Professores Primários de Minas Gerais), sediada em Belo Horizonte, para escolha da letra do “Hino à Professora”. (14)

Fontes e referências:

1 - Jornal "O Pharol", 3 de fevereiro de 1910.
2 - Jornal "O País"; ANNO XXX, N.º 11.142, sábado, 10 de abril de 1915.
3 - Jornal Aqui e Agora, Além Paraíba;
4 - O grupo escolar foi criado pelo decreto 2.690 de 14 de dezembro de 1909 e instalado a 31 de julho de 1910. Em 1912 a matrícula foi de 306 alunos - Jornal "O País"; ANNO XXIX, N.º 10.636, quinta-feira, 20 de novembro de 1913.
5 - Além Paraíba História - Mauro Senra;
6 - Além Paraíba História - Mauro Senra;
7 - Arquivo Público Mineiro - Plataforma hélio Gravatá
8 - MELO, Cleide Maria Maciel de. A infância em disputa: escolarização e socialização na reforma de ensino primário em Minas Gerais – 1927;
9 - Jornal "O País"; ANNO XXIX, N.º 10.635, quarta-feira, 19 de novembro de 1913;
10 - Jornal "O País"; ANNO XXVIII, N.º 10.501, terça-feira, 8 de julho de 1913;
11 - Jornal "O País"; ANNO XXVIII, N.º 10.502, quarta-feira, 9 de julho de 1913.
12 - Correio da Manhá, quarta 15 de maio de 1929
13 - Correio da Manhá, quarta 27 de setembro de 1857.
14 - Jornal “Diário do Paraná”, Curitiba, terça-feira, 31 de outubro de 1961.

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