O CINE TEATRO PAZ
Fomos, ontem, visitar as obras do novo cinema, à
rua Halfeld, na antiga casa de moveis Corrêa & Corrêa.
Recebeu-nos o Sr. coronel José Ribeiro de Oliveira
e Silva, sócio principal da firma proprietária J. Ribeiro & Comp., e
iniciamos então a nossa visita.
A impressão que tivemos foi a mais grata e salutar
por termos verificado com que luxo, arte e conforto está sendo construída esta
nova casa de diversões, como também por vermos que nossa cidade enfim será
dotada com um teatro digno de seu atual desenvolvimento, e isto deve-se ao
espírito empreendedor de um abastado capitalista que, apesar de aqui residir há
pouco tempo, já é um incansável trabalhador pelo seu maior progresso.
Em rápidos traços vamos descrever como está sendo
executada essa obra, em boa hora confiada ao competente industrial Sr. Carlos
Meurer.
Como se sabe, o prédio da antiga fábrica Corrêa é
de sólida construção, comprovada pelo funcionamento, durante 30 anos, de
inúmeras e pesadas máquinas de indústria.
Pois bem, na reforma por que está passando agora,
todo o emadeiramento foi modificado, sendo aliviado de muito peso que o
sobrecarregava.
A caixa do teatro foi construída sobre sólidos
alicerces e pilastras de tijolos e, pelo seu tamanho avantajado, nela pode ser
representada qualquer peça, por muito movimentada que seja.
A cabine do projetor elétrico é completamente
isolada da caixa, conforme exigência da Câmara, não havendo por isso perigo
algum.
Os 36 camarotes e varandas são feitos sobre forte
base de pedra e tijolos, oferecendo assim máxima segurança.
O teto do vasto edifício é todo forrado a xadrez,
formando desenhos de muito gosto e facilitando a ventilação que ali é muita
ampla, aumentada em caso preciso por seis grandes ventiladores.
A plateia é enorme e nada deixa a desejar quanto a
comodidades.
Haverá uma sala de recreio para os frequentadores
de camarotes, montada com todo capricho, inclusive instalações sanitárias.
A sala de espera, pelas explicações que tivemos,
terá irrepreensível luxo e arte, e está incumbida de sua construção a conhecida
fábrica de móveis "A Competidora", localizada na Rua da Imperatriz,
de propriedade do Sr. Daniel Pinto Corrêa Sobrinho, exímio industrial, e que
fizera um extraordinário na construção das arquibancadas do "Tupy
Foot-ball Club", encomendadas pelo Sr. Francisco Valadares,
e inauguradas em junho passado (1919).
Quanto à instalação elétrica e pintura, nada
precisamos dizer porque estão entregues a dois hábeis artistas: os Srs. José
Maria e Xisto Valle de Assis.
Pelas linhas acima vê-se que o Sr. José
Ribeiro de Oliveira e Silva virá resolver um problema até há pouco
julgado como insolúvel, isto é, o da existência em nossa cidade de um excelente
teatro que possa receber boas companhias, e onde o público passe umas horas
agradáveis, mediante preço módico.
À firma J. Ribeiro & Comp. apresentamos os
nossos parabéns e votos de felicidades.
Durante essa visita fizemo-nos acompanhar do Sr. Daniel
Pinto Corrêa Sobrinho, que gentilmente nos prestou valiosos informes,
os quais agradecemos.
Quanto ao pintor Xisto Valle de Assis,
ele foi escolhido a dedo e de um modo muito fortuito pelos irmãos José Ribeiro
de Oliveira e Silva e Arlindo Ribeiro de Oliveira. Filho de escravos, Xisto
tinha desde cedo, um talento natural para as artes, tendo sido tipógrafo,
desenhista, pintor, pintor autodidata, caricaturista, fotógrafo e cineasta
atuando juntamente com João Carriço.
Seu vasto curriculum incluía a participação, em
1913, em Juiz de Fora, do centenário comemorativo ao compositor Giuseppe
Verdi, que teve lugar no “Teatro Juiz de Fora”, na Rua Espírito Santo,
quando ele pintou o retrato do compositor italiano; nas alegorias dos carnaval
de 1914 ao lado de João Carriço e de dois pintores cutubas; nas
alegorias dos carnaval de 1915 ao lado de Heitor Guimaaes, Braz Xavier, Bastos
Junior e Luiz Aroeira; na criação, em 1915, do atelier “Fotografia Popular”,
juntamente com os irmãos Cortez; da participação nas alegorias do carnaval de
1916; a composição dos cenários do Cinema Ideal quando do “Festival
Artístico” e da decoração do “Comercial Club”, em 1917; a pintura,
em fevereiro de 1919, dos cenários do “Cine Teatro Vésper”, que
se inauguraria naquele mês; da participação no carnaval 1919, etc.
XISTO VALLE DE ASSIS (1878-1928)
Em sua terceira exposição de pinturas, inaugurada
em 13 a 17 de março de 1913, num dos salões do prédio n. 142 da rua Direita, o
pintor expôs 38 de seus quadros, cujos motivos representavam a natureza morta,
figuras, pinturas históricas, várias paisagens de lugares como Juiz de Fora,
Belo Horizonte e Rio Novo, retratos, marinhas, estudos diversos, um quadro
intitulado a Tentação, representando o cena bíblica de Cristo no deserto,
frutas, e outros.
Dentre todos os trabalhos, mereceram destaque,
principalmente, as paisagens e, as frutas, entre as quais e, de uma
naturalidade flagrante, umas bananas e umas mangas.
Dono de um talento ímpar e de uma inteligência
artística arquetípica, o modesto pintor teve sua exposição visitada por grande
número de pessoas e, vários de seus quadros expostos comprados, dentre os
compradores, constavam os senhores os Geraldos e os srs. Altivo Halfeld e o
capitão Antonio Carlos Horta.
COMPANHIA ARRUDA
Está, como era de
se esperar, causando grande interesse a vinda da Companhia Arruda, que dará uma récita de seis espetáculos no Cinema-Teatro
Paz.
A Companhia,
conforme temos noticiado, estreará no dia 28 do corrente mês, encerrando-se hoje
as assinaturas.
Até ontem haviam
tomado assinaturas:
Camarotes:
Cel. Agilberto
Costa, Guerino Binda, Dr. Pedro Vieira
Mendes, J. G. Martins, Cel. Vidal Barbosa Lage,
Fagundes Netto, Ivone Alves.
Cadeiras e varandas:
Sílvio Massena,
Amaro Cavalcanti, Jaime Corrêa, Leônidas Assis Pint0, Roberto Teixeira, Cel. C. Ministério, Alcides
Alves, Romeu Arcuri, Mario Cataldi, Dr. Ormindo Maia, Fortes Bustamante, Otílio
Galhardo, Teófilo Ribeiro,
Heráclio Alves, Luiz Corrêa, Francisco Halfeld,
Pedro Franco, João Quintino, João Canoso, Mozart Magalhães, Urbano Maia, Dr.
José Mendonça, M. Moreira, Gabriel
dos Reis Vilela, Abril Alves, Salvador Polly, Carlos Pagy, Alberto Fonseca,
Álvaro Fontes, Eliseu Pedroso, D. A. Tostes, Dr. João Massena, Cap. Pacca, Dr.
Pedro Costa, Carlos Monteiro, J. Campos,
João de Assis, Henrique Meurer Sobrinho, Eugenio
Cavagnero, Jarbas Lery Santos, Oswaldo Jardim, Touphy Jorge, Orlando Machado,
Fernandes Rezende, José de Oliveira, Arlindo Winter, Clemente Zero, Aristomenes
Rosa, Mario Arcuri, Luiz Ruffolo, Nestor Santos, Umberto Gaburri, Mario Braga,
Cel. Francisco Eugenio de Rezende, Ravolin, S. H. Campos, José Franco, José
Seixas, Aristides Sopro, Zeferino Gomes da Fonseca, José Lopes de Almeida, Cap.
Góes, Rafael Arcuri, João Stehling, Cap. Oberlander, Euquério Rodrigues,
Fotofísio, Hilário Horta, A. Sá Fortes,
Guerino Binda, Augusto Brandão, João Ribeiro Coelho, J. Beghelli, M. Gonçalves
da Silva, Antenor Barbosa, José Alvarenga, Hugo
Weingrill, José
Augusto Fontes, José de Rezende Loures, Daniel Pinto Corrêa Sobrinho, Joaquim
Martins de Carvalho, Dr. João d’Avila, viúva Bechthifft, Pedro de Stéfano, Cel.
Soares da Silva, Assis Filho, Severo Lapadulla, Vicente Manzini, Carelli
Rufaelle Caiaffa, Leopoldo Silveira, Gilberto Goulart, Antonio José de Mattos,
Francisco Andrade Junior, J. Rômulo Bisaglia, Heitor Magno Vieira, Olegário
Gerheim, Henrique Simões, Casa Electro, F. Lobo Sobrinho, Luiz Grazziani,
Aristides Rocha, Antonio Pereira, Dr. Hermogeneo de Queiroz, José Monteiro de
Barros, José Teixeira Alves Costa, Cap. Ashton, Augusto Magalhães, Anália
Barros, Jaime Lage, Luiz Enéas, Custodio Rezende, Dr. Cícero Tristão, Raimundo
Guimarães, Tte. Emílio Chaves Teixeira, José Antônio, Dona Berta Paletta,
Zeferino de Andrade, Álvaro G. Franco, Aníbal Lima, Claudio Fernandes, Ripper,
José Dutra, Jaime Jenz, Miguel Sirimarco, Angelo Andrade Souza, Antonio Franco,
José do Valle, Falcão, Antonio Matheus, Paulo Rocha, Dr. Tancredo Alves, viúva
Meurer.
- Jornal “O Pharol”, 14 de março de 1913
- Jornal “O Pharol”, 19 de março de 1913
- Jornal “O Pharol”, 4 de outubro de 1919;
- Jornal “O Pharol”, 26 de setembro de 1923.
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