sexta-feira, 30 de agosto de 2013

DIVAGANDO...

 Divagando...

Estampaste, ontem, no tremeluzir do crepúsculo, a tua alma inconstante. Sim, porque, se os livros falam a verdade, mais verdadeiro ainda é o livro da Natureza.
Estudei-o! Sei ler o homem no Universo e a criatura no meio ambiente. Aprofundei-me nos seus ensinamentos e vejo retratar-se a cada passo; tal homem, em alta penedia; tal mulher, em nuvem vaporosa, ora esta alma, em estrela refulgente: ora aquela em miragem sedutora!...
É o espírito frívolo, chuva passageira, o atilado e o culto, sol que vivifica; o inconstante, tempo duvidoso, e o mau, borrasca, procela tempestade. Vamos aos corações. Brame o mar estampando a cólera e em contraste, beija a areia, a preguiçosa onda!...
Além, é o sol caprichoso no seu ocaso violáceo que retrata um vencido; aqui neste verde dourado, dorme cautelosa, a esperança... ali é a brisa que sopra num coração que soluça... e agora olha na fímbria roxeada do horizonte, vem descendo o crepúsculo e no tremeluzir de sua transparência, no adeus ao dia, no abraçar da noite, eu leio, amiguinha, tua fria inconstância.
May


FONTE:

Jornal "O Guarará", de 14 de julho de 1933

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