Divagando...
Estampaste, ontem, no tremeluzir do crepúsculo, a tua alma
inconstante. Sim, porque, se os livros falam a verdade, mais
verdadeiro ainda é o livro da Natureza.
Estudei-o! Sei ler o homem no Universo e a criatura no meio ambiente.
Aprofundei-me nos seus ensinamentos e vejo retratar-se a cada passo;
tal homem, em alta penedia; tal mulher, em nuvem vaporosa, ora esta
alma, em estrela refulgente: ora aquela em miragem sedutora!...
É o espírito frívolo, chuva passageira, o atilado e o culto, sol
que vivifica; o inconstante, tempo duvidoso, e o mau, borrasca,
procela tempestade. Vamos aos corações. Brame o mar estampando a
cólera e em contraste, beija a areia, a preguiçosa onda!...
Além, é o sol caprichoso no seu ocaso violáceo que retrata um
vencido; aqui neste verde dourado, dorme cautelosa, a esperança...
ali é a brisa que sopra num coração que soluça... e agora olha na
fímbria roxeada do horizonte, vem descendo o crepúsculo e no
tremeluzir de sua transparência, no adeus ao dia, no abraçar da
noite, eu leio, amiguinha, tua fria inconstância.
May
FONTE:
Jornal
"O Guarará", de 14 de julho de 1933
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