quinta-feira, 19 de setembro de 2013

TEATRO MUNICIPAL DE GUARARÁ

TEATRO MUNICIPAL DE GUARARÁ
SUA BRILHANTE INAUGURAÇÃO, REALIZADA NO DIA 23 DESTE

Vinte e três de junho de mil novecentos e quarenta ficou registrado em nossa historia local como uma das grandes datas para o nosso município. É que nesse dia ficou completo o quadro de próprios municipais necessários ao aparelhamento da boa administração e ao merecido conforto da nossa população, e enriquecido o nosso patrimônio público com mais um imponente prédio de valor - o Teatro Municipal — cuja inauguração foi imponente e surpreendente, graças aos esforços, sem par, do nosso relator e a boa vontade do nosso estimado Prefeito, Cel. Bertholdo Garcia Machado.
Por iniciativa do digno vigário, Revm. Pe. Oscar de Oliveira, nossas principais ruas amanheceram engalanadas, e durante o dia o movimento da nossa urbe foi desusado, havendo vários exercícios esportivos.
Às 19 horas, repleto o teatro de distintas famílias deste e dos municípios circunvizinhos, especialmente convidados, rompeu a banda, musical "10 de Novembro" o Hino Nacional e no palco se descortinou o empolgante quadro — apoteose à República — estando esta e os Estados da Federação representados por 22 mimosas meninas vestidas a caráter. Findo o hino, cena aberta, aparece no palco a prestimosa figura do Prefeito, Cel. Bertholdo Machado, que num belo discurso declarou inaugurado o teatro, passando a palavra ao orador oficial da solenidade. Revm Pe. Oscar de Oliveira que, com a cultura e proficiência que lhe são peculiares, produziu empolgante oração delirantemente aplaudida.
Seguiu-se o hasteamento da Bandeira Nacional, no palco, com o respetivo hino entoado por 21 meninas. Foi um momento de geral comoção.
Esses dois lindíssimos quadros despertaram vivo entusiasmo e aplausos da assistência.
Teve, então, lugar a representação de um ato variado, canto, canções, declamações, _cena cômica e etc, no qual tomaram parte as interessantes crianças - Terezinha e Edson Monteiro, Clidene de Araújo, Paula, Misael e Iraídes Costas, os quais foram de grande felicidade no desempenho da representação que a cada um coube, pelo que foram todos entusiasticamente aplaudidos.
Aos presentes foram distribuídos bombons e doces variados. Um grupo de amadores organizado pelo nosso redator, e composto das distintíssimas senhoritas, normalista Laura Alvim Tostes, professoras Aparecida Tostes, Nivalda de Souza, Cileia Galil e Regina de Souza, e dos ilustres cidadãos, José Monteiro da Silva, Camilo Abrahão e Arnaud Gribel Filho, levou a cena a hilariante comédia "Não me conte esse pedaço".
O desempenho foi perfeito, não se tendo notado a mais ligeira falha. Tão perfeito que a unanimidade dos espectadores tiveram a impressão de estar diante de profissionais da arte dramática. Geralmente, cada qual deu brilhante desempenho ao seu papel, de modo que não se pode fazer destaque individual, eis que o conjunto foi deveras surpreendente.
Foi de fato uma representação que empolgou, e que por isso mesmo, ainda está recebendo encômios gerais.
Esse mesmo espetáculo foi repetido no dia seguinte dedicado as exmas famílias que não puderam ser chamadas, para o ato inaugural, por falta de espaço e transcorreu como na primeira representação.
Antes dessa última representação, teve lugar a Benção do edifício, ministrada pelo culto e
incansável vigário, desta freguesia, Revm. P. Oscar de Oliveira, Benção que foi paraninfada pelas exmas. sras. dona Olívia Machado, Carmosina Leite, Zilda Mattêo, Aida de Assis, Luíza de Carvalho Breyer e Julieta Varanda Rocha.
Finda essa cerimônia, o empolgante orador celebrante Revm. Pe. Oscar de Oliveira, em breve porém brilhante discurso disse não ser possível que a palavra de Afonso Leite deixasse de ser ouvida, antes de terminadas as festividades da inauguração do Teatro Municipal.
Visivelmente exausto pela fadiga do trabalho sucessivo anterior, aparece no palco o nosso redator, que em ligeiro improviso agradeceu a todos o concurso material moral e intelectual dispensado à grande obra que ali ficava dedicada e confiada aos cuidados, arte e bom gosto da nobre população guararense.
A orquestra do palco ficou a cargo dos srs. Álvaro Gribel, João Furtado, Sebastião Pires e Moacir Barroso, e a da plateia sob a regência de Otávio de Carvalho, fundador da corporação musical "10 de Novembro".| Ambos satisfizeram perfeitamente a missão que lhes foi confiada.
Depois do segundo espetáculo, na Pensão Guararense, o digno Prefeito Cel. Bertholdo Garcia Machado, ofereceu ao vitorioso grupo de amadores dramáticos, opípara ceia, da qual comparticiparam pessoas de destaque, entre as quais J. B. de Melo e Pedro Orlando, do alto comércio do Rio de Janeiro. Aí, o nosso redator e diretor cênico das representações, levantou um brinde de agradecimento ao ator que não se viu em cena, mas que muito concorreu para o bom êxito das representações, o mecânico do cenário e palco, o solícito e incansável Ângelo Viggiano.
A ordem foi perfeita e a alegria e contentamento generalizados.
Os nossos parabéns, os nossos aplausos, todo o nosso entusiasmo de hoje, são para as pessoas que tomaram parte nos festejos de tão empolgante quão surpreendente inauguração.
Que a nossa gente, principalmente a nossa mocidade se disponha a nos proporcionar momentos agradáveis no nosso Teatro Municipal, são os votos ardentes que a todos dirigimos.

TEATRO MUNICIPAL DE GUARARÁ
A SUA INAUGURAÇÃO HOJE

Com o titulo e subtitulo acima, o nosso brilhante colega “O Município”, dá vizinha cidade de Bicas, de 23 de corrente, assim se expressou:
"Avalia-se o grau de adiantamento de um povo pelos seus monumentos e pelas associações culturais que possui.
Guarará está no rol das cidades adiantadas de nosso país.
A inauguração hoje de seu teatro municipal é um atestado sobejo de grande adiantamento.
Com a inauguração de hoje estreia também uma nova escola dramática que com o elemento que possui muito vai deleitar aquele povo ordeiro, trabalhador e que sabe cultivar uma difícil e agradável arte, o teatro.
Prevemos um belo sucesso, para hoje e amanhã deverá ser repetido o festival.
Ao sr. Prefeito daquela vizinha cidade, sr, cel. Bertholdo Garcia Machado, somos gratos pelo gentil convite que nos endereçou para assistirmos os atos e prometemos, gostosamente, lá comparecer".

Jornal "O Guarará", ANO XXI N.º 23,

Guarará, 30 de Junho de 1940

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