TEATRO
MUNICIPAL DE GUARARÁ
SUA
BRILHANTE INAUGURAÇÃO, REALIZADA NO DIA 23 DESTE
Vinte
e três de junho de mil novecentos e quarenta ficou registrado em
nossa historia local como uma das grandes datas para o nosso
município. É que nesse dia ficou completo o quadro de próprios
municipais necessários ao aparelhamento da boa administração e ao
merecido conforto da nossa população, e enriquecido o nosso
patrimônio público com mais um imponente prédio de valor - o
Teatro Municipal — cuja inauguração foi imponente e
surpreendente, graças aos esforços, sem par, do nosso relator e a
boa vontade do nosso estimado Prefeito, Cel. Bertholdo Garcia
Machado.
Por
iniciativa do digno vigário, Revm. Pe. Oscar de Oliveira, nossas
principais ruas amanheceram engalanadas, e durante o dia o movimento
da nossa urbe foi desusado, havendo vários exercícios esportivos.
Às
19 horas, repleto o teatro de distintas famílias deste e dos
municípios circunvizinhos, especialmente convidados, rompeu a banda,
musical "10 de Novembro" o Hino Nacional e no palco se
descortinou o empolgante quadro — apoteose à República —
estando esta e os Estados da Federação representados por 22 mimosas
meninas vestidas a caráter. Findo o hino, cena aberta, aparece no
palco a prestimosa figura do Prefeito, Cel. Bertholdo Machado, que
num belo discurso declarou inaugurado o teatro, passando a palavra ao
orador oficial da solenidade. Revm Pe. Oscar de Oliveira que, com a
cultura e proficiência que lhe são peculiares, produziu empolgante
oração delirantemente aplaudida.
Seguiu-se
o hasteamento da Bandeira Nacional, no palco, com o respetivo hino
entoado por 21 meninas. Foi um momento de geral comoção.
Esses
dois lindíssimos quadros despertaram vivo entusiasmo e aplausos da
assistência.
Teve,
então, lugar a representação de um ato variado, canto, canções,
declamações, _cena cômica e etc, no qual tomaram parte as
interessantes crianças - Terezinha e Edson Monteiro, Clidene de
Araújo, Paula, Misael e Iraídes Costas, os quais foram de grande
felicidade no desempenho da representação que a cada um coube, pelo
que foram todos entusiasticamente aplaudidos.
Aos
presentes foram distribuídos bombons e doces variados. Um grupo de
amadores organizado pelo nosso redator, e composto das distintíssimas
senhoritas, normalista Laura Alvim Tostes, professoras Aparecida
Tostes, Nivalda de Souza, Cileia Galil e Regina de Souza, e dos
ilustres cidadãos, José Monteiro da Silva, Camilo Abrahão e Arnaud
Gribel Filho, levou a cena a hilariante comédia "Não me conte
esse pedaço".
O
desempenho foi perfeito, não se tendo notado a mais ligeira falha.
Tão perfeito que a unanimidade dos espectadores tiveram a impressão
de estar diante de profissionais da arte dramática. Geralmente, cada
qual deu brilhante desempenho ao seu papel, de modo que não se pode
fazer destaque individual, eis que o conjunto foi deveras
surpreendente.
Foi
de fato uma representação que empolgou, e que por isso mesmo, ainda
está recebendo encômios gerais.
Esse
mesmo espetáculo foi repetido no dia seguinte dedicado as exmas
famílias que não puderam ser chamadas, para o ato inaugural, por
falta de espaço e transcorreu como na primeira representação.
Antes
dessa última representação, teve lugar a Benção do edifício,
ministrada pelo culto e
incansável
vigário, desta freguesia, Revm. P. Oscar de Oliveira, Benção que
foi paraninfada pelas exmas. sras. dona Olívia Machado, Carmosina
Leite, Zilda Mattêo, Aida de Assis, Luíza de Carvalho Breyer e
Julieta Varanda Rocha.
Finda
essa cerimônia, o empolgante orador celebrante Revm. Pe. Oscar de
Oliveira, em breve porém brilhante discurso disse não ser possível
que a palavra de Afonso Leite deixasse de ser ouvida, antes de
terminadas as festividades da inauguração do Teatro Municipal.
Visivelmente
exausto pela fadiga do trabalho sucessivo anterior, aparece no palco
o nosso redator, que em ligeiro improviso agradeceu a todos o
concurso material moral e intelectual dispensado à grande obra que
ali ficava dedicada e confiada aos cuidados, arte e bom gosto da
nobre população guararense.
A
orquestra do palco ficou a cargo dos srs. Álvaro Gribel, João
Furtado, Sebastião Pires e Moacir Barroso, e a da plateia sob a
regência de Otávio de Carvalho, fundador da corporação musical
"10 de Novembro".| Ambos satisfizeram perfeitamente a
missão que lhes foi confiada.
Depois
do segundo espetáculo, na Pensão Guararense, o digno Prefeito Cel.
Bertholdo Garcia Machado, ofereceu ao vitorioso grupo de amadores
dramáticos, opípara ceia, da qual comparticiparam pessoas de
destaque, entre as quais J. B. de Melo e Pedro Orlando, do alto
comércio do Rio de Janeiro. Aí, o nosso redator e diretor cênico
das representações, levantou um brinde de agradecimento ao ator que
não se viu em cena, mas que muito concorreu para o bom êxito das
representações, o mecânico do cenário e palco, o solícito e
incansável Ângelo Viggiano.
A
ordem foi perfeita e a alegria e contentamento generalizados.
Os
nossos parabéns, os nossos aplausos, todo o nosso entusiasmo de
hoje, são para as pessoas que tomaram parte nos festejos de tão
empolgante quão surpreendente inauguração.
Que
a nossa gente, principalmente a nossa mocidade se disponha a nos
proporcionar momentos agradáveis no nosso Teatro Municipal, são os
votos ardentes que a todos dirigimos.
TEATRO
MUNICIPAL DE GUARARÁ
A
SUA INAUGURAÇÃO HOJE
Com
o titulo e subtitulo acima, o nosso brilhante colega “O Município”,
dá vizinha cidade de Bicas, de 23 de corrente, assim se expressou:
"Avalia-se
o grau de adiantamento de um povo pelos seus monumentos e pelas
associações culturais que possui.
Guarará
está no rol das cidades adiantadas de nosso país.
A
inauguração hoje de seu teatro municipal é um atestado sobejo de
grande adiantamento.
Com
a inauguração de hoje estreia também uma nova escola dramática
que com o elemento que possui muito vai deleitar aquele povo ordeiro,
trabalhador e que sabe cultivar uma difícil e agradável arte, o
teatro.
Prevemos
um belo sucesso, para hoje e amanhã deverá ser repetido o festival.
Ao
sr. Prefeito daquela vizinha cidade, sr, cel. Bertholdo Garcia
Machado, somos gratos pelo gentil convite que nos endereçou para
assistirmos os atos e prometemos, gostosamente, lá comparecer".
Jornal
"O Guarará", ANO XXI N.º 23,
Guarará,
30 de Junho de 1940
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