TEUS
OLHOS
Jamais, querida, encontrei em toda minha vida, olhos
lindos como os teus que falassem tão misteriosamente à minh'alma...
Analisando-os sempre, no percurso de lágrimas de nossa
mocidade, admira-me senti-los cada vez mais belos, cravados no teu
rosto angélico como duas límpidas estrelas, sempre derramando
luzes, que não amortecem, que não se apagam nunca.
São poemas eternos de irradiações mágicas. Duas
contas de brilhante prego, capazes de magnetizar a alma das próprias
pedras, as próprias estrelas do Céu, a força imperiosa da própria
Natureza.
Amai-os com delírio, é o maior gozo de todo o meu ser.
À sua inspiração, focalizo, em minhas meditações,
todo o panorama do nosso Passado, todas as cismas do nosso Presente,
todos os desejos do nosso Futuro.
A sua luz desperta-me as esperanças, enche de amavios e
gorjeios a solidão em que vivo, a cela escura de minhas mágoas.
Pelos teus olhos, Querida, eu vivo. Pelos teus olhos, eu
amo. Por eles, creio. Por eles, recebo a sagrada unção em todos os
revezes e desilusões de minha vida.
Lindos olhos, olhos de Anjo, Evangelho de meu Amor,
centelhas de minhas Esperanças, iluminai sempre o roteiro de meu
alanceado Coração...
Flor de Liz.
Jornal "O Guarará", ANNO VI NUM. 257
Guarará, 29 de junho de 1924







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