sábado, 14 de setembro de 2013

TEUS OLHOS

TEUS OLHOS

Jamais, querida, encontrei em toda minha vida, olhos lindos como os teus que falassem tão misteriosamente à minh'alma...
Analisando-os sempre, no percurso de lágrimas de nossa mocidade, admira-me senti-los cada vez mais belos, cravados no teu rosto angélico como duas límpidas estrelas, sempre derramando luzes, que não amortecem, que não se apagam nunca.
São poemas eternos de irradiações mágicas. Duas contas de brilhante prego, capazes de magnetizar a alma das próprias pedras, as próprias estrelas do Céu, a força imperiosa da própria Natureza.
Amai-os com delírio, é o maior gozo de todo o meu ser.
À sua inspiração, focalizo, em minhas meditações, todo o panorama do nosso Passado, todas as cismas do nosso Presente, todos os desejos do nosso Futuro.
A sua luz desperta-me as esperanças, enche de amavios e gorjeios a solidão em que vivo, a cela escura de minhas mágoas.
Pelos teus olhos, Querida, eu vivo. Pelos teus olhos, eu amo. Por eles, creio. Por eles, recebo a sagrada unção em todos os revezes e desilusões de minha vida.
Lindos olhos, olhos de Anjo, Evangelho de meu Amor, centelhas de minhas Esperanças, iluminai sempre o roteiro de meu alanceado Coração...
Flor de Liz.


Jornal "O Guarará", ANNO VI NUM. 257

Guarará, 29 de junho de 1924

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