"O AUTONOMISTA”
Apareceu
no dia 5 do corrente, nesta Vila, mais este órgão de publicidade, sob a redação
do Sr. Luiz Pinto.
O
primeiro número está bom, um bonito artigo de apresentação, folhetim, versos,
noticiário variado e alguns artigos de colaboração.
Apreciamos
e achamos de muita atualidade o artigo — Ainda — e apreciámo-lo ainda mais
porque nele vemos externado o nosso modo de pensar, o que já manifestamos
quando na redação do Diabinho.
Abaixo
transcrevemos os dois artigos, e oxalá eles consigam o que tanto pedem.
Para
festejar o seu aparecimento e inaugurar a sua oficina, convidou a redação do
Autonomista, as autoridades e famílias do lugar e grande número de cavalheiros.
A
corporação musical lá esteve a abrilhantar a festa que, posto ser modesta, esteve
boa e cheia de alegria.
Falaram
os Srs. Luiz Pinto que explicou o aparecimento do jornal e a alegria justa que
notava-se nas pessoas presentes e o Major [Francisco Batista de] Alvarenga que terminou saudando à
imprensa do Guarará e os redatores das duas folhas.
Terminada
a inauguração, distribuiu a redação pelas pessoas presentes, delicados cartões
de agradecimento, retirando-se todos satisfeitos.
Agradecendo
o convite que nos foi dirigido, desejamos ao Autonomista uma brilhante carreira
e que ele saiba guiar-se com imparcialidade e destituído de paixões, pois que
dele muito pode esperar o município.
Eis
os artigos a que acima nos referimos:
AINDA
Jornal "O Autonomista"
de 5 de março de 1893
Prosseguem como, de antes, o mofineiros anônimos a
derramar incidias na colunas da Gazeta de Notícias, contra personalidades desta
vila, como se não bastasse para intrigar-nos seriamente, as dissidências que
entre chocam cá por casa.
Só
aqueles, cujo caráter duvidoso não tem a limpidez precisa para apresentarem
seus nomes no seio da sociedade, é dado afivelar a máscara do anônimo; porquanto
não tendo imputação moral, de nenhum efeito se toma a peçonha por eles
ministrada; mas ramificando-se o mal àqueles que deviam ser os primeiros a
evitá-lo é caso para augurarmos sérias consequências, prejuízos inevitáveis, no
nosso meio social.
As
intrigas, os doestes chochos, as xingadelas, como diz a gíria, nenhum resultado
trazem a bem do município; pelo contrario; fazem crer a quem as lê longe daqui
que estamos em decidida luta fratricida, resultando assim o descrédito do
município, como que ele seja o culpado das leviandades cometidas pelos
mofineiros inconvenientes.
Nada
se ganha senão é muito se perde com esse meio de lavar pratos.
Envergonhem-se
do mau papel que estão representando aos olhos dos estranhos e façam por
emendá-lo, estudando denodadamente os meios de elevar e engrandecer o nosso
município.
BASTA!
Jornal "Diabinho" de
15 de Novembro de 1892
É
triste de ver-se o desenvolvimento que vai tomando neste município o deprimente
sistema das mofinas nos jornais.
Senhores,
basta!
Esses
artiguetes que saem quase diariamente nas folhas da Capital Federal, só servem
para um fim - tornar-nos malvistos, mostrar-nos ao público como povo intrigante
e brigalhão...
Esses
artiguetes não alcançam nada, nada conseguem! Se os seus autores querem elogiar
e elevar qualquer pessoa por esse meio jamais o alcançarão; se querem
desprestigiar qualquer um cidadão, a sorte é a mesma; e quem sofre sempre as
consequências é o povo; o povo que passa por intrigante, por invejoso, por
mofineiro, porque nesses artigos sempre as epígrafes são os nomes dos lugares.
Basta!
Não
é preciso que exponhamos como os mendigos, as chagas que podemos ocultar.
Basta
de darmos má ideia de nós ao público, que está sempre pronto a censurar.
Basta!
Basta! Senhores!
A
roupa suja deve-se lavar em casa; escondamos as nossas chagas, se as temos não
precisamos expô-las em público.
Basta,
senhores!
Em
nome da moral, da dignidade, do progresso, da paz e dos habitantes deste lugar,
o pedimos.
Basta!
Basta!
Jornal "O Guarará", ANO II, N.º 41
Guarará, 18 de março de 1893
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