sábado, 17 de maio de 2014

JORNAL O AUTONOMISTA



"O AUTONOMISTA”

Apareceu no dia 5 do corrente, nesta Vila, mais este órgão de publicidade, sob a redação do Sr. Luiz Pinto.
O primeiro número está bom, um bonito artigo de apresentação, folhetim, versos, noticiário variado e alguns artigos de colaboração.
Apreciamos e achamos de muita atualidade o artigo — Ainda — e apreciámo-lo ainda mais porque nele vemos externado o nosso modo de pensar, o que já manifestamos quando na redação do Diabinho.
Abaixo transcrevemos os dois artigos, e oxalá eles consigam o que tanto pedem.
Para festejar o seu aparecimento e inaugurar a sua oficina, convidou a redação do Autonomista, as autoridades e famílias do lugar e grande número de cavalheiros.
A corporação musical lá esteve a abrilhantar a festa que, posto ser modesta, esteve boa e cheia de alegria.
Falaram os Srs. Luiz Pinto que explicou o aparecimento do jornal e a alegria justa que notava-se nas pessoas presentes e o Major [Francisco Batista de] Alvarenga que terminou saudando à imprensa do Guarará e os redatores das duas folhas.
Terminada a inauguração, distribuiu a redação pelas pessoas presentes, delicados cartões de agradecimento, retirando-se todos satisfeitos.
Agradecendo o convite que nos foi dirigido, desejamos ao Autonomista uma brilhante carreira e que ele saiba guiar-se com imparcialidade e destituído de paixões, pois que dele muito pode esperar o município.
Eis os artigos a que acima nos referimos:

AINDA
Jornal "O Autonomista" de 5 de março de 1893

Prosseguem como, de antes, o  mofineiros anônimos a derramar incidias na colunas da Gazeta de Notícias, contra personalidades desta vila, como se não bastasse para intrigar-nos seriamente, as dissidências que entre chocam cá por casa.
Só aqueles, cujo caráter duvidoso não tem a limpidez precisa para apresentarem seus nomes no seio da sociedade, é dado afivelar a máscara do anônimo; porquanto não tendo imputação moral, de nenhum efeito se toma a peçonha por eles ministrada; mas ramificando-se o mal àqueles que deviam ser os primeiros a evitá-lo é caso para augurarmos sérias consequências, prejuízos inevitáveis, no nosso meio social.
As intrigas, os doestes chochos, as xingadelas, como diz a gíria, nenhum resultado trazem a bem do município; pelo contrario; fazem crer a quem as lê longe daqui que estamos em decidida luta fratricida, resultando assim o descrédito do município, como que ele seja o culpado das leviandades cometidas pelos mofineiros inconvenientes.
Nada se ganha senão é muito se perde com esse meio de lavar pratos.
Envergonhem-se do mau papel que estão representando aos olhos dos estranhos e façam por emendá-lo, estudando denodadamente os meios de elevar e engrandecer o nosso município.







BASTA!
 Jornal "Diabinho" de 15 de Novembro de 1892

É triste de ver-se o desenvolvimento que vai tomando neste município o deprimente sistema das mofinas nos jornais.
Senhores, basta!
Esses artiguetes que saem quase diariamente nas folhas da Capital Federal, só servem para um fim - tornar-nos malvistos, mostrar-nos ao público como povo intrigante e brigalhão...
Esses artiguetes não alcançam nada, nada conseguem! Se os seus autores querem elogiar e elevar qualquer pessoa por esse meio jamais o alcançarão; se querem desprestigiar qualquer um cidadão, a sorte é a mesma; e quem sofre sempre as consequências é o povo; o povo que passa por intrigante, por invejoso, por mofineiro, porque nesses artigos sempre as epígrafes são os nomes dos lugares.
Basta!
Não é preciso que exponhamos como os mendigos, as chagas que podemos ocultar.
Basta de darmos má ideia de nós ao público, que está sempre pronto a censurar.
Basta! Basta! Senhores!
A roupa suja deve-se lavar em casa; escondamos as nossas chagas, se as temos não precisamos expô-las em público.
Basta, senhores!
Em nome da moral, da dignidade, do progresso, da paz e dos habitantes deste lugar, o pedimos.
Basta! Basta!



Jornal "O Guarará", ANO II, N.º 41
Guarará, 18 de março de 1893

0 comentários:

Postar um comentário