Joaquim
José de Souza, nasceu em 12 de setembro de 1869, no distrito de
Bicas, no município de Guarará. Da tradicional família de Domingos Ferreira Marques, de quem era bisneto, ele era filho de Joaquim José de Souza
e de Ana Reginalda do Espírito Santo.
Iniciou-se na vida pública em 1891, quando foi eleito para o cargo de vereador no município de Guarará. Em 1905, era vice-presidente da Câmara, ao lado de Francisco de PAula Retto Júnior, presidente e em 1909 tornou-se, ele mesmo o presidente da Câmara de Guarará; cargo para o qual foi reeleito subsequentemente pelas duas legislaturas seguintes.
Político
atuante e esclarecido administrador, como poucos o foram, a ele se
deve, entre outras realizações, a criação do Termo Judiciário de
Guarará, a instalação da luz elétrica em Guarará e Bicas, a
construção da Igreja Matriz de Bicas e do Albergue São José.
Também
a ele é devida a construção e instalação dos grupos escolares
"Ferreira Marques'', em Guarará, e do Grupo Escolar "Coronel
Souza'', em Bicas, sendo este último construído em terreno por ele
doado. Além desta, outras doações figuram de uma considerável lista, feitas ao poder público, à iniciativa privada e
instituições, como por exemplo o lote onde foi construída a Igreja
Metodista, etc.
Deu
ao distrito de Bicas, conforme escritura de 16/7/1910, o seu primeiro
manancial d'água.
Era
de recursos nada modestos; dono de algumas propriedades e um fazendeiro abastado, proprietário da
Fazenda da Saracura e do Sítio Santana.
O casal Souza Palmer |
Casou-se por duas vezes, a primeira vez com Ana Goulart de Oliveira, filha do Cap. Antônio Ribeiro de Oliveira e falecida em 21 de janeiro de 1916 (3) e com a qual teve nove filhos: Joaquim José de Souza Júnior, formado em odontologia; Milton de Souza, 3º anista de medicina; José de Oliveira Souza, 2º anista de direito; Benevenuto de Oliveira Souza, em curso preparatório; Edson de Souza; Zita de Souza; Zima de Souza; Zeny de Souza e Zélia de Souza. (4) (5).
Joaquim José de Souza era, por este casamento, cunhado de José Ribeiro de Oliveira e Silva, político influente em Guarará, de Antônio Ribeiro de Oliveira e Silva, grande fazendeiro em Guarará e do Tenente-coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira, coletor federal no mesmo município de Guarará. (6) O segundo casamento do Cel. Souza foi com d. Lucília Palmer.
Com a suspensão das publicações de "O Guarará", em 11 de abril de 1916, ele funda, neste mesmo mês de abril, o semanário "A Gazeta Municipal", cujas edições se dão no então distrito de Bicas. Ele fica na direção até 1922, quando então seu filho, o dr. José Maria de Oliveira Souza, advogado recém formado (e mais tarde Prefeito e Deputado), assume a direção do jornal, que passa, a partir de 29 de abril de 1923, a chamar-se "O Município". O novo órgão jornalístico, como o próprio nome sugeria ("O Município"), passou a defender a emancipação de Bicas, coisa que se concretizou através da Lei nº 843 de 7 de setembro de 1923. (7)
Em 1917 ele foi um dos responsáveis imediatos, pela instalação do TERMO JUDICIÁRIO DE GUARARÁ, que se deu em 15 de junho (de 1917), à época sendo ele o chefe do executivo municipal. Outro grande responsável e quase que um companheiro inseparável foi o então deputado Francisco de Paula Retto Júnior. A Câmara, na época, era formada pelos vereadores: Caps. Bertholdo Garcia Machado, Gervásio Evaristo Monteiro de Rezende, Francisco Latarola, Cel. Victor Belfort de Arantes, Dr. Belizário da Cunha Monteiro de Castro e José Duarte de Souza Marques.
PERFIL POLÍTICO
De seus cinquenta
anos vinha dedicando a sua vida à vida pública, quer tenha sido em Guarará ou Bicas, se o pode medir pelo espirito progressista, pelo seu gênio moderado, criterioso e metódico..
Era tido, por seus iguais e comandados como um homem de boa intenção, um esforçado, um administrador inatacável, honesto e um político tolerante, amigo da paz e da ordem, de caráter fecundo e perseverante. Cuja marca principal foi caraterizava pelas excelentes situações com que sempre deixou o erário publico..
Era um chefe político respeitável, fazia amigos e admiradores facilmente, fossem estes os insignes dirigente do país ou os pequenos e humildes eleitores dos arredores. Fato é que, mesmo em seus opositores, era visto e tido com respeito, caracterizando-se as suas diretrizes num respeito mútuo e numa cooperação desapaixonada.
A MORTE DO CEL SOUZA
Desde o dia 20 de novembro (de 1945), sua saúde havia declinado fulminantemente, quando foi ele vítima, na tarde daquele dia, de um derrame cerebral.
Desde aquele momento sua vida precipitara-se ao fim. Sua residencia desde então foi um centro de romaria para os biquenses. Nada pode a medicina fazer que lhe restabelecesse a saúde..
Sete dias depois, no dia 27 de novembro, às 10H30, aos 76 anos, o enfermo não podendo mais suportar a vida veio a falecer. Apesar
da inclemência do tempo, quase na sua totalidade, a população
biquense fez-se presente em demanda em seus últimos momentos. Dos municípios vizinhos e da Capital Federal, momento a momento, chegavam pessoas amigas e inúmeras personalidades ou se fizeram representar.
O comércio fechou as portas e as repartições públicas hastearam o Pavilhão Nacional em demonstração de luto e cerraram os seus expedientes. O Tiro de Guerra 505 homenageou ao falecido fornecendo uma guarda de honra ao ataúde, a Banda do Liceu Operário de Bicas compareceu aos funerais, outros gestos semelhantes tiveram os colégios locais, prestando igualmente a sua ultima homenagem.
Fizeram uso da palavra os srs: dr. Ralph Grünewald, em nome da administração publica; dr.
José de Freitas Teixeira, em nome da Justiça; dr. Antônio Costa
Oliveira, em nome do fórum do Mar de Espanha; Antônio de Souza
Lima, cap. João Varanda, professor Nelson de Souza Ramos, tabelião
Augusto Veiga, Edston Silva, pelo Partido Trabalhista local o a
senhorita Braulina Miranda.
Além dos municípios vizinhos que se fizeram representar nos funerais, inúmeras personalidades de todo País demonstraram o seu pesar, através de telegramas, cartas e cartões, como exemplo o sr. Governador do Estado, desembargador dr. Nisio Batista de
Oliveira por intermédio do exmo. dr Carlos de Barros Carvalhaes
exprimiu seu pesar à família enlutada.
O texto abaixo, extraído do Jornal "O Município" descreve em palavras magistrais o estado de comoção geral que se abateu sobre a cidade de Bicas:.
O texto abaixo, extraído do Jornal "O Município" descreve em palavras magistrais o estado de comoção geral que se abateu sobre a cidade de Bicas:.
"Quando o grande legislador da antiguidade, Licurgo morreu na cidade de Candia, os amigos e o povo, para universalizar o seu grande nome e gloria, lançaram-lhe as cinzas ao mar.
E as ondas do mar, recebendo-as e amortalhando-as na sua espuma movimentada e fervente, levaram a todas as praias da Grécia, para que toda ela tivesse, inspirando-a: na bondade, na mansidão e a energia, uma partícula última daquele grande homem.
O Coronel Joaquim José de Souza, homem excepcional, cidadão humano e superior, é uma dessas figuras cuja vida enchem de benemerência cinquenta anos de atividades para o bem de seu povo e de sua terra natal.
É uma dessas figuras que se assemelham às águas das correntes em cheia, violam fronteiras do seu modesto município, e se precipitam nos gestos, ações e palavras, nas cordas cívicas do Estado de Minas Gerais e do Brasil.
Seu nome é como o rio se fez oceano pertence, pelos exemplos de uma longa vida bem vivida, ao mundo que ele honrou, não nos cabendo a nós da sua terra de origem, senão a liquida faixa com que nos banha.
Observando se esse homem simples de gesto e palavras, é uma individualidade que, para estudá-la, no tumulto contemporâneo da vida, não se requeria apenas um analista de agudeza segura e técnica apurada.
A analise de sua personalidade que se estende na história política de Bicas por toda a extensão de meio século, faz-nos invocar então, o tumulo de Aliates, levantado religiosamente; por todas as gentes da Lídia, na posteridade.
Quer nos parecer que as criaturas humanas, como as árvores, tinham um limite para o seu crescimento na terra.
O baobá de duzentos anos é tão alto como o que viveu quatro séculos. Atingida uma altura determinada pela seiva, o carvalho muda de folhas, mas não sobe mais longe.
A mão de Deus, espalmada no céu, andava medindo, a toda hora, a estatura dos troncos e a estatura moral dos homens.
Efetivamente: Joaquim José de Souza, grande biquense: tinha na estatura moral, a rigidez antiga, e a serenidade dos troncos vigorosos dos baobás.
Como os diamantes que adquirem maior rogo na proporção da sua antiguidade, Joaquim José de Souza, apresentava nova estrutura cívica, nas facetas humanas de sua atividade. Seu amor à terra natal é um tesouro de Cléso, um manto de Salomão, uma arca de Sardanapalo. Amava-a nas suas tristezas, nos seus defeitos, nos seus arroubos; amava-a no seu nervosismo das paixões, na sua pobreza onde de município pequeno; suspeitava-lhe nas entranhas jazidas formidáveis de bondade, de civismo e de dignidade.
O homem político subiu, desdobrou-se, multiplicou-se como homem de pensamento: resultando a construção da primeira escola em sua terra: o Grupo Escolar que lhe tem o nome - "Grupo Escolar coronel Joaquim José de Souza".
Desapareceu cercado do respeito, da reverencia e do afeto do povo, como um varão provecto de Plutarco; a sua figura podia ser um dos cem gigantes de virtudes que o clássico Juvenal reclamava para as portas de Tebas.
A sua fama - na Paz, no trabalho, na caridade - fama de cem asas, atravessará os séculos.
Gravada em todos os capítulos de nossa atividade pública a sua obra sobreviverá, sem dúvida, ao aspecto corrosivo dos tempos.
O seu nome, polido pelo culto das gerações, será encontrado, um dia, sobre os escombros da raça, como o bastão de Rômulo entre as ruínas da cidade sagrada.
Quando desapareceu o grande Sanzio: puseram-lhe sobre o túmulo, como epitáfio e elogio o seu quadro da transfiguração.
Joaquim José de Souza dispensa a eloquência dos homens.
Inscrevam, anônimo, uma palavra: Paz - na sua eterna morada, uma palavra de mármore no mármore de uma coluna e os transeuntes se curvarão, comovidos rendendo preito ao espírito inconfundível."
Inscrevam, anônimo, uma palavra: Paz - na sua eterna morada, uma palavra de mármore no mármore de uma coluna e os transeuntes se curvarão, comovidos rendendo preito ao espírito inconfundível."
1 - FARHAT, Fued. - Recantos da Mata Mineira - Editora Lemi S/A, Belo Horizonte - MG. 1991;
2 - Jornal "O Município", ANO XXII, N.1024 - Bicas, 2 de dezembro de 1945;
3 - Jornal "O Pharol", sábado 22 de janeiro de 1916
4 - Jornal "Correio da Manhã", domingo 23 de janeiro de 1916 - O Jornal Correio da Manhã entretanto se refere a primeira esposa do Cel Joaquim José de Souza como sendo Ana Libânia de Oliveira Souza e não Ana Goulart de Oliveira Souza;
5 - Dos filhos do primeiro matrimônio com d. Ana de Oliveira Souza, o dr.Joaquim José de Souza Júnior, formado em odontologia, faleceu em Piracaia em outubro de 1925, aos 29 anos, deixando viúva e filhos; (5a) o dr. Milton de Souza, médico, foi casado com d. Maria A. Gomes de Souza; o dr. José Maria de Oliveira Souza, advogado, foi casado com d. Maria José de Oliveira Souza; o dr. Edson de Souza, foi industrial e prefeito de Bicas e casou-se com d. Celina Mendes de Souza; d. Zita de Souza Ferreira, foi casada com o dr. José Joaquim Ferreira; d. Zima de Souza Moreira, foi casada com o sr. José Cândido Moreira; d Zelia de Souza Oliveira, foi casada com o dr. Carlos de Oliveira e d. Zeny de Souza Melo foi casada com sr. dr. Luiz Ludolf de Melo;3 - Jornal "O Pharol", sábado 22 de janeiro de 1916
4 - Jornal "Correio da Manhã", domingo 23 de janeiro de 1916 - O Jornal Correio da Manhã entretanto se refere a primeira esposa do Cel Joaquim José de Souza como sendo Ana Libânia de Oliveira Souza e não Ana Goulart de Oliveira Souza;
5a - Jornal "O Município", de 11 de outubro de 1925;
6 - Jornal "Correio da Noite", terça-feira, 23 de dezembro de 1912;
7 - REQUERIMENTO Nº 002/2006 MOÇÃO DE APLAUSOS - CÂMARA MUNICIPAL DE BICAS-MG.
Textos correlatos:
O CEL JOAQUIM JOSÉ DE SOUZA SE RETIRA DA VIDA PÚBLICA
Aos meus amigos e ao povo em geral do município de Guarará
Depois de trinta anos de vida publica, compreendendo três triênios durante os quais arquei com a responsabilidade de dirigir administrativamente o município, como presidente e agente-executivo da Câmara Municipal, deixo de hoje em diante todos os encargos da vida publica, embora vã nessa minha resolução uma verdadeira renuncia aos carinhos que nunca me faltaram da parte dos meus amigos e correligionários políticos.
Resolvido a entregar me tão somente aos afazeres da vida particularr, volto, pois, á quietude do meu lar, onde a minha vida tem encontrado conforto e alegria.
Partidário que sempre fui de uma política de confraternização e congraçamento de forças em prol do progresso moral e material do município, recebi nesse sentido, para a continuação deste estado de harmonia, um apelo do preclaro Presidente do Estado, o ilustre dr. Raul Soares, que deseja ardentemente a pacificação política de minha terra.
Infelizmente e mau grado aos meus ingentes esforços, tive de ver as pretensões governamentais, que também são as minhas, baldadas por peremptória e formal recusa por parte de meus companheiros de direção política, visto como se opuseram a qualquer entendimento político que visasse a paz municipal.
Sinto-me, pois, desligado de qualquer compromisso político até a esta data assumido, na obrigação de me retirar, como de fato me retiro da vida política.
Resta-me finalmente agradecer a solicitude e o apoio a mim dispensados pelos meus amigos, correligionários e conterrâneos.
Ao benemérito governo do Estado, a quem continuarei a prestar o meu apoio individual, consigno nestas linhas o meu respeito e cordial agradecimento pela absoluta confiança que sempre me depositou, pedindo, contudo vênia para destacar nesse agradecimento a pessoa do ínclito estadista, o eminente dr. Arthur Bernardes, pela grande amizade que sempre me dispensou e que muito me desvanece.
Ao município de Guarará almejo paz num constante evoluir.
Bicas, 10 de Setembro de 1922.
Joaquim José de Souza
Jornal "Gazeta Municipal", ANNO VI, Nº. 274
Bicas, MG - 10 de setembro de 1922.
1 comentários:
dona da saracura uma ova. Dona foi a mãe dele que por isso se chamava Donana da Saracura...
MAM
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