sexta-feira, 16 de novembro de 2012

GINÁSIO DELFIM MOREIRA

GINÁSIO DELFIM MOREIRA

            Em 1913 o professor, poeta, músico e jornalista J. Paixão (José Francisco da Paixão), fundou o Ginásio Delfim Moreira, aos arredores da Praça do Divino em Guarará. José Francisco da Paixão, literato de renome, um dos fundadores da Academia Mineira de Letras, distribuía seu tempo entre a docência nas duas escolas: o Ginásio e a escola Municipal e a redação de "O Guarará", além de publicar artigos em jornais outros de Juiz de Fora, onde residia. Fora ele um dos grandes renome da instrução e da cultura no município. O Ginásio tem uma duração relativa, até o ano de 1926. Quando então surge outra escola para cobrir a lacuna deixada pela anterior (O Ginásio). Esta escola, ou a "Escola Noturna de Guarará", fundado pelo Profº Luiz de Freitas Santos tem uma duração um tanto curta. Em 1930 Luiz deixa o município e muda-se para Bom Sucesso com a família. A escola funcionava no andar de cima do prédio da Maçonaria, juntamente com o grêmio literário lá criada e mantido pelos alunos desta. Em Bom Sucesso Luiz de Fretas vai lecionar na escola Normal "Benjamim Guimarães". Quando ainda em Guarará, além de suas funções notadamente culturais, Luiz de Freitas Santos também cumulou ou desempenhou as funções de Suplente de Juiz Federal e Secretário da Câmara Municipal.
            Cabe ressaltar que ao mesmo tempo, ou um pouco antes disso tudo, em 1916, tornara-se diretor da Escola Ferreira Marques, o profº e farmacêutico Carlos de Ouro Preto. Este além de lecionar, é redator no jornal "O Guarará" e escreve discursos, textos políticos e poesias. Carlos de Ouro Preto fica como diretor até 1924 quando é substituído por Antonio de Padua Rabelo e Campos que fica à frente do Grupo Escolar até (1930 quando vai para Divinópolis como diretor do Grupo Escolar Padre Mathias Lobato - a confirmar???). Carlos Ouro Preto retorna à sua antiga profissão de farmacêutico.
            Os preparativos para aquele que seria o Ginásio Delfim Moreira, já estava em andamento desde 1912, época em que o Cel. Joaquim José de Souza era o chefe do Poder Executivo. O Ginásio já tinha seu prédio, suas acomodações, seu plantel de docentes, eram eles: Eram eles, J. Paixão, Irineu Cândido de Souza, Luiz Pannain, Padre Ângelo Rezende, Francisco P. Ferreira, etc, já tinha seu teatro, seu campus, sua quadra de esportes, enfim...
            Ele passaria a ser conhecido dentro e fora do estado de Minas Gerais, e muitos dos principais jornais da época teceriam fartos elogios a seu respeito, vejamos:  



GUARARÁ

            Nesta florescente vila vai ser inaugurado um estabelecimento de ensino de primeira ordem, graças á iniciativa de alguns cavalheiros, amantes da instrução e do progresso daquele município.

O prédio destinado para o Ginásio de Guarará é vastíssimo, com água potável, rigorosamente canalizada; está situado em lugar escoado por natureza, abundantemente iluminado por muitas janelas em todos os seus compartimentos, com serviços de esgotos, irrepreensível, banheiros de chuva e de imersão, lavatórios louçados para os alunos, vasto recreio, jardim, pomar, erc.

            Está distante da estação de Bicas 20 minutos de bonde.

O clima de Guarará é recomendado por clínicos competentes.

Tem esse estabelecimento já um corpo docente escolhido sob a direção de um educador distinto e emérito, que conta mais de 22 anos de tirocínio pedagógico; residirá com sua família no próprio estabelecimento.

            No prolongamento do prédio destaca-se o teatrinho, inaugurado neste mês; é pequeno, mas é elegante e gracioso.

Nele fará o Ginásio que se realizem conferências literárias, e dará funções duas vezes por ano, em junho e em dezembro, por ocasião do encerramento de suas aulas.


Jornal "Correio da Manhã", ANNO XII, N.º. 5.005
Rio de Janeiro, segunda-feira,14 de outubro de 1912 




            "De Guarará, escrevem-nos:"
Prof.º J. Paixão
            "Deverá instalar-se. em janeiro próximo  nesta Vila, um Colégio de curso primário e ginasial, sob a competente direção do ilustrado pedagogo J. Paixão.
            São fundadores desse importante estabelecimento de ensino os srs. coronéis Joaquim José de Souza e Francisco de Paula Retto Júnior, presidente e vice-presidente da comarca; coronel Arlindo Ribeiro de Oliveira e Silva, major Aníbal Ferreira Marques, d. Rita de Novaes Câmara, capitães José Augusto Frederico de Castro e José Vieira Camões (     - 11/05/1935).
            A ideia da fundação co Colégio partiu do sr. Vieira Camões, que ultimamente tem-se mostrado incansável batalhador pelo bem-estar e progresso da simpática Vila onde reside.

O prédio, cujo serviço de adaptação está sendo executado a capricho, sob as vistas do capitão Vieira Camões, presta-se admiravelmente para o fim a que se destina.
            Não é muito esperar-se um brilhante êxito de um Colégio que vai ter à sua frente uma intelectualidade como a de J. Paixão, num clima invejável como o de Guarará, e auxilado pelos esforços de tão ilustres fundadores."



Jornal "O Pharol", ANNO XLVII, N.º. 243
Juiz de Fora, terça-feira,11 de outubro de 1912


             "Iniciamos hoje, com a singeleza de quem narra e não com o requinte de quem. analisa e comenta e acepilha frases, as pequeninas crônicas, desta formosa, vila, predestinada, por sua bela topografia e clima salubérrimo, a um lugar de distração entre as melhores povoações da Mata.
             Guarará prospera; não está adormecida entre as suas verdes colinas, vivendo de saudades, ruminando passadas grandezas; não!...
            Nela existe uma alma que sonha, mas há também um espirito forte que está de pé, que trabalha, que caminha.
            Ela dormiu, como todas as povoações e cidades mineiras um longo sono,mas já está desperta, e não dormirá mais: tem uma nobre missão a cumprir, ela o sabe, ela a desempenhará.
           Com uma praça, de extensa e larga área, elegantes prédios, em torno, graciosa e elegante matriz, muitas casas comerciais, farmácias, grupo escolar, Ginásio Delfim Moreira, ora fundado, Câmara Municipal e demais repartições públicas; a vila de Guarará cativa e prende o excursionista, todo aquele que a procura ou dela se aproxima. Seu povo é unido, alegre, expansivo, generoso, hospitaleiro e bom. Possui um teatrinho onde trabalha um talentoso e Infatigável grupo de amadores que poderia exibir-se em platéias exigentes. Não lhe regateariam palmas e flores, os cultos habitantes da Princesa do Paraibuna (Juiz de Fora), se um dia este grupo abrisse as portas ao glorioso teatro da rua do Espirito Santo e aí representasse, quer nas comédias, quer nos dramas.
            E por falar em teatro: os alunos do Ginásio Delfim Moreira, criaram nesse vasto; estabelecimento de instrução o "Grêmio literário Alberto de Oliveira" e tratam da organização de uma biblioteca que ficará sob o patronato de Augusto de Lima, o maior poeta mineiro. Esse grêmio [estudantil] tem por objetivo dilatar o espirito de seus sócios pondo-os em contato com os deliciosos prazeres da arte falada, e escrita, essa arte que não morre e que, antes, ressuscita gerações que se foram.
            Em Guarará, não raros cultivam as letras, e podemos citar, ao correr da pena, Aristides Leite, que tanto doura uma pílula como rendilha um verso; Irineu Candido [de Souza], professor emérito e jornalista, Afonso LeitePedro LeitePedro OrlandoJ. Camões e outros e muitos outros. 
           Músicos, poderíamos mencionar às dezenas: aqui quase todos amam a grandiosa arte de [Antonio de] Carlos Gomes, [Manoel Joaquim de] MacedoFrancisco Vale; [Manuel] Gusmão e Fontainha. (....)"



Propaganda do Ginásio Delfim Moreira, nas páginas de "O Pharol de Juiz de Fora

Jornal "O Pharol" - coluna VIDA MINEIRA 
Juiz de Fora, quarta-feira, 21 de maio de 1913.

            No seu livro Cacos de História e Memória & Alguns logradouros de Bicas - MG, editado em 2009, o dr. José Luiz Machado Rodrigues, sobre Irineu Cândido, diz o seguinte:".... Quando Bicas se emancipou aqui funcionava o colégio do grande mestre, professor Irineu Cândido de Souza, que faleceu em 1931. Depois dele se destacaram no ensino na cidade as professoras Dona Izolde e Dona Mariquinhas, o professor Antonio Barroso Gomes, o Dr. Bianco Filho e o professor Francisco Peres...."
*-*-*

            Dentro das atividades literárias desenvolvidas pelos estudantes, ingressos ao Ginásio, internos e externos estavam as edições de um jornal literário e que tinhas às sua frente, como redatora Iracema Pisco, filha do insigne jornalista Joaquim Fróes Vieira Pisco...
             "Gorjeio" é o título de um quase microscópico coleguinha que acaba de ser publicado em Guarará, e se apresenta como órgão do Grêmio Literário Alberto de Oliveira, do conceituado Ginásio Delfim Moreira, dirigido competentemente pelo nosso prezado confrade J. Paixão."

Jornal "O Pharol" 
Juiz de Fora, quinta-feira, 07 de agosto de 1913.


          FESTIVIDADE CÍVICA DO 7 DE SETEMBRO


            Realizou se neste importante estabelecimento de ensino, que funciona em um dos melhores prédios da salubérrima e pitoresca Vila de Guarará, uma festividade cívica comemorando o 7 de setembro, a gloriosa efeméride de nossa emancipação política. O Ginásio Delfim Moreira, que está sob a direção de J. Paixão, nome vantajosamente conhecido no Estado de Minas e membro da Academia Mineira, tem anexo o Grêmio Literário Alberto de Oliveira, cujo objetivo é festejar as datas de nossa historia. No "salão nobre" do Ginásio, onde se achavam presentes as principais famílias do lugar, após haverem os alunos e as alunas cantado o nosso hino nacional com a letra de Osório Duque Estrada, foram os oradores assomando à tribuna, artisticamente enfeitada e erguida em um dos ângulos do vasto salão, na ordem estabelecida pelo programa abaixo:
          Hino nacional, letra de O. Duque Estrada pelos discentes e acompanhados pela corporação musical, a banda marcial Espiritosantense, sob a regência do a regência do distinto professor e maestro Alfredo José de Carvalho. (1)
          Discurso comemorativo, pela aluna senhorinha Jenny A. de Oliveira.
          "Caridade" poesia, pela aluna senhorinha Maria da Gloria Netto.
          "A vingança da porta", poesia de Alberto de Oliveira, pela aluna senhorinha Maria José de S Lima.
          "O gênio e a bondade", poesia de J. Paixão, pela aluna Maria José S. Lima.
          "O pequeno travesso", poesia de Arthur Azevedo, pelo aluno Anacreonte L. P. Guimarães.
          "Paulo e Virgínia", poesia de J. Paixão, pela aluna Maria Thereza Trefilio.
         "Horas mortas", poesia de Alberto de Oliveira, pela aluna Maria da Gloria Netto.
         "Aquarela", poesia, pela aluna Inah Camões.
         Discurso - pela aluna Maria José de S. Lima.
         Esgotado o programa as famílias presentes improvisaram um baile que durou até ás 10 horas da noite, havendo a comemoração começado ás 6 horas da tarde.

Jornal "O Pharol" 
Juiz de Fora, domingo, 21 de setembro 1913.


A INSTRUÇÃO PÚBLICA EM MINAS

            Adotando em suas linhas gerais o método utilizado  pelo governo de São Paulo na organização da sua instrução pública e tendo sido mantido na Europa, por largo espaço de tempo e com excepcional proveito, comissões de homens dedicados, afim de estudar o organização do ensino nos mais civilizados países, o Estado de Minas coata, atualmente, com um avultado notável número de estabelecimentos para difundir a instrução pública, melhormente aparelhados.

          E conquanto sejam grandes os cuidados que o governo deste Estado tem dispensado ao importante problema de administração, mantendo cerca de um milhar de escolas primárias e grupos escolares, assim também estabelecimentos de ensino secundário, ginásios e escolas normais em suas principais cidades, as iniciativas particulares, no sentido de fundar idênticos estabelecimentos e escolas, encontram ainda estímulos da parte do favor público, e, ás vezes, exclusivamente dele, juntamente com os do governo estadual mantêm-se regularmente, espalhando os benefícios valiosos da instrução.

           Um exemplo disso se verifica em Guarará, pequena vilia do Mar de Espanha.

          Com uma população provável de 1000 almas, em uma decadência que mal se disfarça, apesar do seu clima maravilhosamente benéfico, a vila mineira possui, além de escolas primárias particulares, um grupo escolar, mantido pelo governo do Estado e frequentado assiduamente por quase uma centena de alunos.

          Em Guarará, porém, avulta-se a existência de um ginásio, o "Delfim Moreira", onde a instrução secundária completa, de acordo com o programa oficial, é ministrada a um número regular de alunos.

          Recentemente fundado e sem nenhum auxilio do poder público, mantido exclusivamente pela pertinácia e laboriosa dedicação do seu  diretor à causa do ensino e pelos favores do público, está esse ginásio naturalmente destinado a firmar-se de tal sorte que prenuncia larga messe de benefícios à instrução pública do Estado.

          O seu diretor, sr. J. Paixão, educador emérito e nome sobejamente conhecido em todo o Estado de Minas, antigo diretor e professor do curso técnico do grupo escolar oficial da cidade de Oliveira, tendo obras didáticas premiadas pelo Conselho Superior de Instrução de Minas, mantém, simultaneamente com as disciplinas do programa, oficial do Estado, cursos práticos de línguas vivas, e, auxiliarmente, um curso primário anexo ao estabelecimento, onde as crianças se podem aparelhar para as dificuldades do ensino secundário, recebendo um cabedal notável de conhecimentos, com a feição eminentemente prática por que é distribuído o ensino.

          O Ginásio, que tivemos ocasião de visitar detidamente, acha-se instalado em um prédio amplo e adequado, tendo esplêndidos salões e todas as dependências necessárias a um estabelecimentos dessa ordem e que, como sucede com o "Delfim Moreira" tem ainda a especialidade de ser internato e externato.
          Na maior parte os muitos alunos dele são internos, devido, provavelmente, á excelência miraculosa do clima de Guarará, local preferido para convalescença de todas as moléstias, particularmente das de vias respiratórias. E ainda ocorre a circunstância de haver facilidade de comunicação da Vila com a estação de Bicas, da Estrada da Leopoldina, e que lhe dá rápida distância para várias cidades do Estado e da capital da República, e abundância de todos os meios precisos para a manutenção dos seus habitantes.
          Na parte posterior do ginásio há um extenso campo preparado para a educação física dos alunos e ainda para a prática de agricultura e lavoura, e lateralmente ao edifício há um pequeno teatro, onde o grupo de amadores da vila, representa dramas históricos, e que serve também para a comemoração de datas nacionais pelo grêmio "Alberto de Oliveira", fundado pelos alunos do Ginásio "Delfim Moreira". 
          O bom êxito de cometimento do provecto professor J. Paixão diariamente se assinala, com o fato de famílias longínquas internarem em seu estabelecimento modelar, alunos que amanhã, quando vitoriosos na luta pela vida se recordarem dos benefícios recebidos, lhe bendirão o nome.

Jornal "Correio da Manhã"

Rio de Janeiro, quarta-feira, 10 de dezembro de 1913


GINÁSIO DELFIM MOREIRA


          Este conceituado estabelecimento, sob a direção do Sr. professor J. Paixão, antigo e competente educador, mantêm dois cursos: o "primário ampliado" e o "fundamental de preparatórios".
          As matérias do curso primário ampliado são: leitura interpretada, escrita, exercício de composição, língua pátria, lições de coisas, noções de, geografia geral, cronografia do Brasil, geometria pratica, inglês e francês pelo método Berlitz, modificado pelo dlretor-lente destas duas cadeiras.
          As matérias do curso fundamental de preparatórios são todas as exigidas para a matricula das escolas superiores do país.
          O diretor reside com sua família no Ginásio, que é em Guarará, localidade por sua notável salubridade, desde algum tempo o lugar preferido pelas exmas. famílias veranistas na estação calmosa. Seu clima é ameníssimo e sua água potável, abundante e de excelente qualidade. Está lidada a Bicas pelos bondes da Empresa Carril Guararense, e é servida pela E. F. Leopoldina.
          O Ginásio Delfim Moreira, está Localizado no mais amplo e belo prédio ao Largo do Divino, junto à linha dos bondes, fartamente iluminado e arejado, com vastos salões, salas de aula, dormitórios, banheiros, lavabos, abundância de água própria canalizada privada, enorme terreno plano e arborizado para recreio, pode este estabelecimento comportar, com largueza, obedecidos todos os preceitos de higiene, 50 alunos internos. Possui ainda o Ginásio, um teatrinho, no prolongamento do prédio, com todos os acessórios para as festas escolares de fim de ano letivo. O prédio é profusamente iluminado à gás, tendo para isso o seu gasômetro particularmente.


Jornal "O Pharol" , ANNO XLIX, Nº 2
Juiz de Fora, sábado 03 de janeiro de 1914.



          O Ginásio Delfim Moreira prepara uma esplêndida festa escolar para o 15 de março próximo, para comemorar o primeiro aniversario de sua fundação.
          Além de uma sessão cívica, haverá conferencia literária, recitação de poesias e discursos.
          À noite, no teatrinho junto ao Ginásio, haverá espetáculo infantil, organizado a capricho pelo esforçado diretor do Ginásio, emérito educador e querido poeta J. Paixão (José Francisco da Paixão;  Jopax, pseudônimo literário), que escreveu para este espetáculo uma mimosa peça, para ser interpretada pelos seus alunos.
          A festa promete e a população de Guarará e Bicas com certeza Prestar-lhe á o seu concurso.

Jornal "Correio da Manhã", ANNO XIII, N.º. 5.510
Rio de Janeiro, segunda-feira, 2 de março de 1914 .


GYMNASIO DELFIM MOREIRA
     

 Termo de visita do ilustre inspetor escolar Sr, José Duarte de Souza Marques, feita ao Ginásio Delfim   Moreira, na Vila do Espirito Santo 

de Guarará, E. F. Leopoldina, Minas:
        "Visitando hoje, como era de meu dever, e a convite do Sr. professor J. Paixão, o "Gymnasio Delfim Moreira", sob sua criteriosa direção, deixo nestas linhas a profunda e alegre impressão que senti desta visita.      Guarará deve ufanar-se de possuir um estabelecimento de ensino como este, e cerca-lo sempre, como tem feito até aqui, de todo estimulo, simpatia e amor, e ao governo patriótico de nosso Estado cumpre ampara-lo também, porque estabelecimentos desta ordem concorrem eficazmente para a vitoria da instrução de nossa mocidade. Aliás, o Gymnasio Delfim Moreira veio preencher uma grande lacuna em nosso município: vem eleva-lo espiritualmente e facilitar a instrução e educação, não só dos filhos dos abastados, como também dos remediados e dos pobres.
         Aqui, pois, ficam os meus parabéns cordiais ao sr. professor J. Paixão, ao corpo docente e discente do Gymnasio Delfim Moreira.
         Guarará, 23 de dezembro de 1913. 
         - O inspetor escolar, José Duarte de Souza Marques."

Jornal "O Pharol" , ANNO XLIX, Nº 73
Juiz de Fora, sexta-feira, 13 de março de 1914.


Guarará
          Nesta encantadora vila, que dorme tranqüilamente embalada pelo seu clima delicioso e seus costumes puríssimos, acha-se instalado um estabelecimento de instrução, digno dos maiores encômios.
          À testa de tão importante instituto está o abalizado e muito distinto educador J. Paixão, varão ilustre pelas suas finíssimas qualidades morais e intelectuais.
          Sempre alvejado pela mais fidalga gentileza, a sua alma desprende os incensos das mais excelsas virtudes cívicas, o seu espirito é o terreno bendito onde medram os mais nobres sentimentos humanos; e, assim, o autor das "Divagações e Pensamentos" encanta aos que possuem a imensa fortuna de com ele viver: cada palavra é uma flor viçosa, cujas pétalas nos balsamam o espirito; cada frase é uma grinalda que nos cinge o coração em um dulcíssimo enlevo. Dotado, igualmente, de uma força de vontade pouco vulgar, não obstante os imensos obstáculos a vencer, eis que a sua fecunda e patriótica iniciativa caminha célere, levando de vencida todas as dificuldades.
          Hoje, graças ao seu grande valor pessoal, graças ás simpatias que, em pouquíssimo tempo, soube captar, o Ginásio Delfim Moreira conta um número bem animador de alunos, de ambos os sexos, que vêem no competentíssimo pedagogo - o amigo sincero, o mestre insígne, o pai adotivo! E não é, por conseguinte, sem justo motivo que o povo desta vila devota verdadeiro culto a este distinto cavalheiro, portador de tão altos e incontestáveis méritos.
          Atualmente, no seu estabelecimento, corre um sopro de diáfana alegria, pela festa a realizar-se no dia 29 do corrente. Esta festa vai despertando vivíssimo interesse, porquanto contará de uma palestra literária - "A lágrima", e na qual a palavra matizada do fino mestre fará vibrar as fibras do nosso entusiasmo; o seu espirito delicadíssimo mais uma vez jorrará as cintilações de suas fecundíssimas expressões! Quem não conhece a magia forte de sua palavra?!
          Quem se esquiva da empolgância, quando é levado ao cúmulo de tão sublimes pensamentos?!
          J. Paixão é um nome firmado nas letras pátrias e respeitado no magistério; é um escritor delicado e cujo estilo imaculado tem o condão de seduzir.
          Por isso, a sua conferência é aguardada com verdadeiro anseio.
          O programa da festa constará de uma conferência literária - "A lagrima", de uma comédia "As flores", cujo desempenho está confiado a um grupo de distintos alunos do Ginásio; de diversos monólogos e poesias.
Luiz César Panain.
Jornal "O Pharol" , ANNO XLIX, Nº 91
Juiz de Fora, terça-feira, 31 de março de 1914



BICAS
          Embora pareça extemporâneo, não me é possível silenciar em vista de uma festa religiosa que aqui teve lugar, no mês próximo passado.
          Foi organizada sob os auspícios dos muito distintos cavalheiros, sr coronel Joaquim José de Souza, presidente da Câmara de Guarará e uma das pessoas de maior destaque da nossa sociedade, pela retidão do seu fino espirito; revmo. padre Angelo Rezende, virtuoso e esforçado vigário da freguesia e Cornelio Medina, jornalista emérito e polemista vibrante.
          Esta festa, em honra do nosso padroeiro S. José, teve inicio no dia 12, na capelinha do S. Coração de Jesus, terminando no dia 22. Nos dias que durou, houve todas as noites novenas e bênçãos ao S. S. e, após, leilões, animadíssimos em um pavilhão armado perto da Capela, comparecendo a ele o fino escol da sociedade biquense, que tanto matiz e perfumes imprimiu à solenidade, deixando impressa em nossa alma a mais grata recordação, a mais viva saudade. Em todos os semblantes deste povo fidalgo, transparecia a mais vibrante satisfação e o entusiasmo mais intimo: tudo era luz, aroma e encanto!
          Foram apresentadas ricas prendas, cuja posse despertavam a mais aterrada disputa e ostentavam salientemente o alto esmero em que se houve á comissão das distintas senhorinhas ofertantes.
          O produto dos leilões foi destinado às obras da igreja matriz, já bastante adiantadas e entregues ao sr. José Domingues, contando ele no número de seus auxiliares, o sr. Miguel Picoroni, artista de alto valor, como no-lo atestam os seus trabalhos, dentre os quais merece referencias especiais o altar-mór.
          Terminaram os festejos no dia 22, havendo, ás 11 horas da manhã, missa solene pelo revdmo. padre Ottoni Carlos, coadjutor de S. João Nepomuceno e acolitado pelo revdmo. padre vigário; às 3 horas, riquíssima quermesse cujos bilhetes foram passados pelas graciosas senhorinhas Zoé de Souza, Celeste Baião, Julieta Medina, Laura Medina, Diamantina Dutra, Julieta Telles, Stela Telles, Leticia Telles, Maria José Gomes, Eurice Gomes e Felisbina Gouvêa de Almeida, mostrando-se todas na altura da incumbência; às 5 horas da tarde, procissão concorridissima e em ordem corretíssima, tendo percorrido
as ruas principais, havendo na volta à capelinha um eloqüentíssimo sermão alusivo ao S. Padroeiro, pelo revmo. padre Angelo Rezende, cuja palavra é de um mavioso encanto. Neste dia, as ruas estiveram belamente ornamentadas e apinhadas de povo que acorreu de muitos lugares vizinhos de Bicas. E assim terminou a festa em homenagem ao glorioso S. José, cuja recordação perdurará eternamente nos espíritos daqueles que a gozavam.
          Entretanto, cumpre dizer que, terminados os atos religiosos, á noite, em casa do distinto cavalheiro, sr. Antonio Baião, teve lugar uma esplêndida soirée que se prolongou até altas horas da madrugada. A digna família do ilustre conterrâneo dispensou aos inúmeros convivas os mimos de sua extremada e sedutora gentileza. O que há de mais seleto em Bicas compareceu ao baile, onde o belo sexo desprendia galhardamente os incensos cromatizantes de sua graça altaneira.

GUARARÁ
          A pedido de muitas pessoas gradas de Guarará e em homenagem também ao professor Francisco Paixão, diretor do Gymnasio S. Salvador, que virá passar uns dias nesta pitoresca vila, o corpo docente do Gymnasio Delfim Moreira repetirá sua ultima festa no teatrinho anexo ao mesmo estabelecimento, reproduzindo J. Paixão a sua conferência "A Lágrima". Em outra correspondência daremos uma noticia circunstanciada do que foi a festinha dos alunos do Gymnasio.
Luiz César Panain.

Jornal "O Pharol" , ANNO XLIX, Nº 99
Juiz de Fora, quarta-feira, 08 de abril de 1914.


NEM TUDO SÃO [OU ERAM] FLORES


          Soubemos ter sido levada ao conhecimento do sr. Cel. Joaquim José de Souza, digno Agente Executivo Municipal, uma representação, firmada pelos alunos do Ginásio Delfim Moreira e demais habitantes deste município. Esta representarão teve por fim solicitar do S. Excia  providencias necessárias para a continuação do estabelecimento, que, proficientemente, vem dirigindo o nosso ilustrado confrade, prof.º J. Paixão, e o qual está na contingência de se fechar por falta de um prédio onde possam funcionar seus diferentes cursos.
          Confiados nos sentimentos de abnegação e patriotismo de S. Excia bem como em seu espirito operoso e progressista, estamos certos de que S. Excia não se recusará a prestar o seu valioso concurso, para a existência do Ginásio, aqui mantido há mais de dois anos, tomando as providências que o momento exige.


Jornal "O Guarará", ANNO II, N.º 120
Guarará, 11 de abril de 1915




Notas e referências:
1 - Além de Alfredo José de Carvalho, era igualmente mastro em Guarará, por esta época , José Emídio de Gouveia (Jornal "O País", domingo, 9 de abril de 1911).

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