O maestro José Fernandes
Januário, nascido a 10 de julho de 1863, foi um desses músicos dedicados
ao bem e ao social. Durante os vários anos que serviu
à corporação musical de Guarará, elevou o nome da localidade,
brindando ao público com a sua rara e eclética formação musical.
O MAESTRO JOSÉ FERNANDES JANUÁRIO
O Cap. José
Fernandes Januário, assume em 1911, como vereador eleito ao pleito por ele
conquistado nas urnas. Todavia, não muito depois, em 03 de fevereiro de 1911,
aos 47 anos, ele vem a falecer, vitimado por uma arteriosclerose com insuficiência múltipla, conforme atestado pelo Dr. Belisário da Cunha Monteiro de Castro. Ele faleceu na
fazenda da Claridade, no município de Guarará, onde residia.
Januário, nasceu em 10 de
julho de 1862, no Pomba (depois a cidade de Rio Pomba) e ainda muito jovem mudou-se com a família para o arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha. Seu pai chamava-se José Fernandes Vieira e sua mãe Rita de Jesus. Dona Rita de Jesus morre entre 1865 e 1866 (entre agosto de 1865 e outubro de 1866), deixando sob os cuidados do pai, três filhos pequenos, Januário e duas irmãs.
O arraial, à época (1860-1870) tinha dois músicos, sabidos, que exerciam sua arte um era um jovem de vinte e poucos anos de nome Teófilo Barbosa da Silveira e o outro, José Fernandes Vieira (um sexagenário), pai de Januário, além de músico lecionava sua arte e viva disto.
Foi neste ambiente que cresceu o menino Januário e foi esta arte, legada pelo pai, que o acompanharia em sua curta existência.
Januário foi um desses músicos dedicados ao bem e ao social. Durante os vários anos que serviu à corporação musical de Guarará, elevou o nome da localidade, brindando ao público com a sua rara e eclética formação musical. Era estimado, querido e de grande conceito social. Este presente nos grandes momentos, celebrações e comemorações cívicas, administrativas, populares religiosas e particulares da cidade e da região, como Pequeri, Sarandy, Mar de Espanha, Santana do Deserto, Bicas, Chácara, etc à frente de sua orquestra, a “Lyra espiritosantense” ou “banda de música da Sociedade Espírito Santense”, que era uma notável corporação musical da época e, em outras oportunidades, à frente do “Clube Musical Santa Cecília” ou da “Banda musical “Carlos Gomes”, de Bicas.
O arraial, à época (1860-1870) tinha dois músicos, sabidos, que exerciam sua arte um era um jovem de vinte e poucos anos de nome Teófilo Barbosa da Silveira e o outro, José Fernandes Vieira (um sexagenário), pai de Januário, além de músico lecionava sua arte e viva disto.
Foi neste ambiente que cresceu o menino Januário e foi esta arte, legada pelo pai, que o acompanharia em sua curta existência.
Januário foi um desses músicos dedicados ao bem e ao social. Durante os vários anos que serviu à corporação musical de Guarará, elevou o nome da localidade, brindando ao público com a sua rara e eclética formação musical. Era estimado, querido e de grande conceito social. Este presente nos grandes momentos, celebrações e comemorações cívicas, administrativas, populares religiosas e particulares da cidade e da região, como Pequeri, Sarandy, Mar de Espanha, Santana do Deserto, Bicas, Chácara, etc à frente de sua orquestra, a “Lyra espiritosantense” ou “banda de música da Sociedade Espírito Santense”, que era uma notável corporação musical da época e, em outras oportunidades, à frente do “Clube Musical Santa Cecília” ou da “Banda musical “Carlos Gomes”, de Bicas.
Januário fez escola
como professor de música, sobretudo o piano, e como maestro, deixando um
grande número de admiradores, amigos, discípulos e discípulas. Em sua lápide,
no cemitério de Guarará registra a inscrição da oferta daquela como uma “homenagem de suas discípulas”. Ele era
antes de tudo um clássico, como a época o exigia, executava a música que
adornava as recâmaras do ouvido, músicas e autores como, Le
Calif de Bagdad; Credo do Padre
José Maria Xavier; a Missa, do Maestro Cerruti, a Coroa de Santa Cecília do
maestro mineiro A Padua A Falcão, a Abertura da ópera Lestocq de Auber.
Dentre suas
discípulas, duas desta, as irmãs Carmela e Carlota Carneiro, ex-alunas do
colégio Malta em Juiz de Fora aplicaram-se, em 1906, na abertura de uma escola
para o ensino de piano na vila de Guarará (1906). Sóbrio e aplicado, era
convidado por famílias para recitais e para a instrução de seus filhos, como em
Rio Novo, Mar de Espanha, ou como a família Resende do município de Chácara,
onde eram suas discípulas as senhoritas Maria Manoela, Maria José, Maria da
Glória e Helinha de Resende; o exemplo do insigne poeta, jornalista e tabelião
do 1.º ofício em Rio Novo, José Joaquim do Carmo Gama 1860-1937 (Do Rio Novo, membro fundador da Academia Mineira de
Letras, empossado em 15 de agosto de 1910, na cadeira 13 e compositor
do "Hino a Rio Novo", em 1915), que tinha ao maestro como
preceptor musical de sua filha, ou como o Sr Pedro Dias, em Juiz de Fora, que
no ano de 1906, o hospedou-o em sua casa. São essas as poéticas palavras de um
editorialista juizforano da época: “...Tem
estado nesta cidade, hospedado em casa do sr. Pedro Dias, o maestro José
Fernandes Januário. Da nossa sacada, nas belas noites enluaradas, quando tudo é
silêncio, temos apreciado lindos trechos de excelente música feita por esse
maestro, que, no violino, é acompanhado por Pedro Dias, na flauta e ao piano
pela sua inteligente discípula Yayá Dias. - Que continuem a quebrar a monotonia
do Largo com tão harmoniosos acordes é o que se deseja...”
Conhecer os
meandros da vida deste maestro, deste caráter humano, é compreender um tanto da
sociedade à sua época e sobretudo da sociedade guararense e de o quanto e de que
maneira ela estava relacionada com o mundo de então.
Para a comemoração
de sua data natalícia em 10 de julho de 1906, ele promoveu em sua propriedade, “...fazenda da Claridade, no distrito do
Bicas, uma brilhante festa intima, constando de banquete, baile e concerto
oferecidos pelo maestro José Fernandes Januário a suas dignas discípulas, tanto
deste município [de Guarará] como dos
de Rio Novo e Mar de Espanha...”
O
concerto oferecido pelo maestro, constou de um riquíssimo programa executado por
suas discípulas, que foi o seguinte:
Poet and peasant - de F. von Suppée, para piano a seis
mãos, pela exma. sra. d. Jovita Costa e suas dignas filhas, senhoritas Tudinha
e Carmen.
Lombro d'uma rosa - romanza de Fabio campana, pela
senhorita Ana Filgueiras, acompanhada ao piano pela senhorita Maria José
Filgueiras.
Souviens Toi - de J. Silvestri, piano e bandolim, pelas senhoritas Yayá Dias e
Conceição da Gama.
Deuxieme - de J. Leybach, para piano, pela senhorita Yayá Gouvêa.
Ma Patrie - de J. Silvestri, piano e quatro bandolins, pelas senhoritas Yayá
Dias, Celeste Cunha, Maria José Filgueiras, Maria Vieira Conceição da Gama.
Il Guarany - de E. Becucci, para piano, pela senhorita Iolanda Vianna.
Myosoti - valsa de Emile Waldteufel, para piano, a quatro mãos, pelas
senhoritas Marieta e Malvina Malta.
Diabeli - de A. Rotych, para piano, a quatro mãos, pelas senhoritas Leonor
e Stela Dias.
Sonata do luar - de Bethoven, pela senhorita Maria Vieira.
Non te sorder - melodia de Georges Rupèes, cantada, pela senhorita Maria José
Filgueiras, acompanhada ao piano pela senhorita Ana Filgueiras.
Ogarita - de G. Nessler, para piano, pela senhorita Maria José Filgueiras.
Elvire - polca de J. Silvestri, para piano e bandolim, pelas senhoritas
Aurora Ferreira e Celeste Cunha.
Linguagem das flores - de Charles Acton, para piano, pela
senhorita Eponina Viana.
Reve d'un Ange (sonho de anjo) - de Francesco d'Orso para piano, pela senhorita
Yayá Dias.
Souvenance - de A. S. Schmael, piano, pela senhorita Julieta Tostes.
Sonata - de Beethoven, para piano, a quatro mãos, pelas senhoritas Maria
José e Ana Filgueiras.
Eram
portanto inúmeras as suas discípulas, notadamente a falta de discípulos
(homens) deve-se ao fato de que à época era preponderante que a rigor os
homens buscavam os cursos de administração, medicina, política, direito, etc.
ou metiam-se nos negócios do pai e da família. Até porque as aulas, não sendo
públicas, eram pagas, e não tantas família podiam dar-se ao luxo de devotar
suas filhas a estes estudos. Haja visto a banda (ou grupo musical) só de mulheres que
surgiu na cidade de Guarará (talvez elas mesmas discípulas de Januário),
alcunhadas de charanga guararense e
que tanto encantaram o poeta e jornalista Licydio Paes em sua infância na
cidade e qua faziam suas tournées pelas redondezas afora.
Mas
voltando a Januário, ele não era um homem de posses, senão um modesto e
dedicado profissional das artes. Morreu sem deixar bens, seu enterro foi
feito às expensas da Câmara Municipal, onde era ele um dos parlamentares. O Cel
Joaquim José de Souza, presidente da Câmara, em nome desta mandou, como
homenagem ao morto, que bens e reais serviços soube prestar ao município, ser
por aquela corporação o enterro do inditoso professor que se realizou no dia
seguinte à morte com enorme acompanhamento por parte dos inúmeros amigos.
Este
foi o modo como que seus companheiros de plenário, sobretudo amigos, acharam
para homenagear as suas nobres qualidade, os serviços por ele prestados ao
município no curso de sua vida e, sobretudo, á sua memória. Era solteiro e
deixou duas deixou irmãs e uma sobrinha, as quais viviam sob seu sustento e
proteção.
Fontes e referências:
1 - Jornal "O País", ANNO XXVII, N.º 9.621 - Rio de Janeiro, terça-feira 7 de fevereiro de 1911.
2 - No início desta década (1911) Guarará contava com três grandes maestros. Além de José Fernandes Januário, eram maestros e professores de múcica José Emídio de Gouveia e Alfredo José de Carvalho. - (Jornal "O Paiz", domingo, 9 de abril de 1911.)
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