FLORIANO DE LEMOS, cujo nome de batismo era Eduardo, foi um médico carioca que viveu de 1885 a 1968. Ele foi um
dos pilares da intelectualidade na imprensa brasileira. Além de
médico, foi botânico, jornalista, escritor, poeta e músico.
Colaborou em impressos de pequena e grande circulação, discorrendo
sobre os mais variados assuntos, desde os comuns aos de caráter
cientificista, pedagógicos, literários, etc.
Manteve, durante muito tempo, no jornal carioca, Correio da Manhã, a
coluna "Crônica Científica" e além dela, cooperou em
outros tantos jornais, em 1913 fundou o "Jornal de Caxambu"; em 1922
escreveu o "Guia Aquático"; em 1924 fundou a "Revista de Caxambu".
Publicou contos, versos e mais de três mil crônicas científicas.
Escreveu também livros médicos e clinicou em Mato Grosso, Minas
Gerais e São Paulo.
Membro da Academia Nacional de Medicina, foi agraciado com várias
comendas médicas, entre as quais a de Grande Oficial da Ordem do
Mérito Médico e a de Comendador da Ordem de Damião.
Nos anos precedente, de 1903 a 1928, ele visita ou reside em vários pontos do sudeste brasileiro, onde, como observador talentoso, qualifica em si a arte de clinicar. Assim diz ele, no Jornal carioca "Correio da Manhã",
de 31 de janeiro de 1965: “...De 1903, ano em que entrei para a
Faculdade, a 1908, data de minha formatura, nunca deixei de passar as
férias em lugares do interior de São Paulo e de Minas. Assim, pude
conhecer bem de perto os moradores de Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz,
em São Paulo, e os de Guarará, Bicas e Mar de Espanha, em Minas.
Em 1911, passei dez meses em São José dos Botelhos, Campestre,
Água Limpa de Alfenas (hoje Serrania), Conceição da Boa Vista
(hoje Divisa Nova) e Cabo Verde, tendo-se-me deparado uma formidável
epidemia de alastrim, no decurso da qual visitei e tratei 302 doentes
em domicílio, nos arraiais e na roça.
Em 1913 e 14, residi no município, de Caxambu, clinicando
largamente em Baependi, Aiuruoca, Soledade, Pouso Alto e outras
localidades circunvizinhas, indo até mesmo a Carmo do Rio Verde
(Silvestre Ferraz) e Ouro Fino.
Pouco tempo depois, em 1918, estava eu em Cuiabá, trabalhando na
cidade, inclusive na quadra da gripe espanhola, serviços esses
prestados não só antes da epidemia (quando então Inspecionei 444
casas), como na hora em que a maior rajada do flagelo colheu a
população daquela capital. Mais tarde, de 1924 a 1928, residi em
Rio Preto (São Paulo) granjeando enorme clínica, que se estendia a
Potirendaba, Mirassol, Monte Aprazível, Nova Granada e muitas outras
localidades próximas...”
Especificamente no município de Guarará, Floriano reside um ano. Ele vai com os padrinhos, em 13 de novembro de 1898, do Rio para Guarará onde permanecerá até o final do ano seguinte (1899), residindo na casa do casal Júlio da Gama e Tatiana da Gama. Júlio da Gama, era um bem estabelecido comerciante na Vila, ao lado de nomes como Joaquim Nunes da Rocha, José Vieira Camões, Francisco Faria Loureiro Coimbra, José Pinto Soares, etc. Ele, quando proprietário sócio da "Casa da Esperança" (1) da firma "Camões, Gama & Faria", depois "Camões & Gama" e "Gama & Comp."(*), comercializava mantimentos diversos, fazendas, armarinhos, ferragens, tintas, chapéus, calçados e molhados, na vila de Guarará. Além de ter uma participação ativa e notória na sociedade de então, era, por exemplo, do corpo diretor da Irmandade do Divino (biênio 1898/1899).
Guarará, à época (pelo recenseamento de 30//11/1890), tinha uma população de 19.198 habitantes, numa equivalência de 1.327 habitantes por légua quadrada. O município recém emancipado era assim o que mais habitantes contava por légua quadrada, no Estado de Minas e além de um grande produtor de gêneros diversos, era possuidor de uma fonte de água magnesiana e um clima propício para um sanatório. (2)
A sociedade guararense à época tinha nomes como, Francisco da Silva Diniz, Cap. Emídio Braz dos Santos, João Batista Furtado, Comendador Domiciano Monteiro de Rezende, Tte-Coronel Joaquim José de Souza, Cap. Joaquim Coelho de Faria, Cap. Aureliano Braga, Cap. Josino Ribeiro da Silva, Cândido José de Araújo, Ostiano José da Cunha, proprietário da loja comercial "O Globo", na estação de Bicas, e que vendia tecidos, artigos de armarinho, ferragens e secos e molhados; o Tte. Deolindo Valério da Cruz, Teófilo Pires de Gouvêa, Cap. Francisco Bianco, etc. E a igreja era comandada pelo vigário José Juvêncio de Andrade.
Em Guarará Lemos, com o pseudônimo de "Bizô", ele escreve uma seção de charadas no jornal "Gazeta de Guarará", estreando no dia 4 de dezembro de 1898. Assim descreve Júlio Moura em seu artigo "Bodas de ouro no jornalismo":
Guarará, à época (pelo recenseamento de 30//11/1890), tinha uma população de 19.198 habitantes, numa equivalência de 1.327 habitantes por légua quadrada. O município recém emancipado era assim o que mais habitantes contava por légua quadrada, no Estado de Minas e além de um grande produtor de gêneros diversos, era possuidor de uma fonte de água magnesiana e um clima propício para um sanatório. (2)
A sociedade guararense à época tinha nomes como, Francisco da Silva Diniz, Cap. Emídio Braz dos Santos, João Batista Furtado, Comendador Domiciano Monteiro de Rezende, Tte-Coronel Joaquim José de Souza, Cap. Joaquim Coelho de Faria, Cap. Aureliano Braga, Cap. Josino Ribeiro da Silva, Cândido José de Araújo, Ostiano José da Cunha, proprietário da loja comercial "O Globo", na estação de Bicas, e que vendia tecidos, artigos de armarinho, ferragens e secos e molhados; o Tte. Deolindo Valério da Cruz, Teófilo Pires de Gouvêa, Cap. Francisco Bianco, etc. E a igreja era comandada pelo vigário José Juvêncio de Andrade.
Em Guarará Lemos, com o pseudônimo de "Bizô", ele escreve uma seção de charadas no jornal "Gazeta de Guarará", estreando no dia 4 de dezembro de 1898. Assim descreve Júlio Moura em seu artigo "Bodas de ouro no jornalismo":
"4 de dezembro de 1898 "Gazeta de Guarará", Minas dirigida pelo jornalista F. S Teixeira, publicava, na segunda coluna da primeira página a seguinte nota:
"Boa Notícia"
"Os nossos dignos leitores gozarão, de hoje em diante, do passatempo que a sessão de charadas oferece, dirigida pelo eminente charadista, do "PAIZ"", onde tem ganho os melhores prêmios.
Não vão pensar os leitores que o Sr. Eduardo Lemos é algum moço de bigode torcido ou algum homem de barba russa não; o Sr. Eduardo Lemos é um menino de 11 a 12 anos, dotado de admirável inteligência".
E na quinta coluna da mesma página, ao alo figurava a referida seção, assinada por BIZÔ. Durou a seção todo o tempo que o seu redator residiu em Guarará, extinguindo-se com o regresso dele ao Rio.
Mas a mania do Jornalismo estava na massa do sangue do jovem que fazia de mão jornais chamados "O Enigma", "O Republicano" e o "O Sport". Tinha este último desenvolvida página dedicada ao turf.
Foi em 1906, que já se assinando Floriano de Lemos, ingressou no "correio da Manhã", a principio como colaborador do Suplemento Literário" e a seguir, como articulista da primeira coluna.
O artigo publicado no Suplemento do dia 10 de junho de 1906, chamava-se "Fé". Nessa época ele assinava seus artigos com os pseudônimos de "P. Florizel", "Florizel" e, depois, "E. Florizel".
Dois anos depois (em 1908) ele publica a novela intitulada "A Flor do Vasa" que tem como cenário a Vila de Guarará da época. A novela fora ambientada em uma região comercialmente rica, grandemente produtora de café e onde o progresso do pós-imperialismo cresce desmesuradamente.
É um romance que envolve um grupo de amigos frequentadores do "Clube dos bem-te-vis" e uma jovem vinda residir na Vila. A novela está ornamentada com citações poéticas, bucólicas e poesias e enredada em disputas juvenis para colherem os olhares da beldade recém chegada.
A região denominada “Vasa” é, provavelmente a planície ou "várzea" (por corruptela vaza) nas proximidades das ruas José Pinto Soares e Vieira Camões, onde existia no passado a cadeia de Guarará e a "Casa das Sete Mulheres".
*-*-*
A FLOR DO VASA
NOTAS E REFERÊNCIAS:
1 - Jornal "O Guarará", ANNO I, N.º 22 - Domingo, 23 de outubro de 1892
2 - TEIXEIRA, F. S. Almanach do Município do Guarará, (1889) pg 15 a 19.
OBSERVAÇÕES:
(*) Camões, Gama & Faria, de propriedade de José Vieira Camões, Júlio da Gama e Francisco Faria Loureiro Coimbra. Em meados de 1892 eles adquiriam os estabelecimento da firma José Pinto Soares & C., ficando a dissolução ou liquidação da mesma a cargo do ex-proprietário. Os adquirentes incorporaram o patrimônio da extinta A Camões, Gama & Faria, aumentando seu patrimônio. Em setembro do mesmo ano (1892) Francisco Faria Loureiro Coimbra retira-se da soiedade e ela passa então a denominar-se Camões & Gama.
Camões & Gama, de propriedade de José Vieira Camões e Júlio da Gama. Em dezembro de 1896 a firma abre falência, é dissolvida e em julho de 1897, no fórum Comarca de Mar de Espanha, tem lugar a liquidação da "massa falida".
Gama & Comp, de propriedade de Júlio da Gama e Joaquim da Rocha Nunes, fora aberta com um capital de 10:000$000 e comercializava mantimentos, fazendas, armarinhos, ferragens, tintas, chapéus, calçados e molhados (Revista Industrial de Minas Gerais para o ano de 1897, pg 29) . A firma fica aberta de abril a agosto de 1897, quando Júlio deixa a sociedade e Joaquim fica como único proprietário.
OBSERVAÇÕES:
(*) Camões, Gama & Faria, de propriedade de José Vieira Camões, Júlio da Gama e Francisco Faria Loureiro Coimbra. Em meados de 1892 eles adquiriam os estabelecimento da firma José Pinto Soares & C., ficando a dissolução ou liquidação da mesma a cargo do ex-proprietário. Os adquirentes incorporaram o patrimônio da extinta A Camões, Gama & Faria, aumentando seu patrimônio. Em setembro do mesmo ano (1892) Francisco Faria Loureiro Coimbra retira-se da soiedade e ela passa então a denominar-se Camões & Gama.
Camões & Gama, de propriedade de José Vieira Camões e Júlio da Gama. Em dezembro de 1896 a firma abre falência, é dissolvida e em julho de 1897, no fórum Comarca de Mar de Espanha, tem lugar a liquidação da "massa falida".
Gama & Comp, de propriedade de Júlio da Gama e Joaquim da Rocha Nunes, fora aberta com um capital de 10:000$000 e comercializava mantimentos, fazendas, armarinhos, ferragens, tintas, chapéus, calçados e molhados (Revista Industrial de Minas Gerais para o ano de 1897, pg 29) . A firma fica aberta de abril a agosto de 1897, quando Júlio deixa a sociedade e Joaquim fica como único proprietário.
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