VIOLÊNCIAS
POLICIAIS
"Escrevem-nos:
—
Há um mês, mais ou monos, tem-se dado nesta zona fatos
extraordinários, claramente indicativos da política reacionária
que vamos ter em Minas. No dia 28 da mês passado (outubro de 1894), em Santa Helena,
reunidos para uma eleição de juízes de paz e conselheiros
distritais marcada pela câmara municipal, fomos os republicanos
democratas cercados pelo delegado de polícia, acompanhado da força
de Guarará e de mais de 200 libertos armados de cacete. Nessa
ocasião, no correr de uma discussão, o delegado disse com
arrogância que era homem educado na escola da garrucha e que dali em
diante não teria considerações de ordem alguma.
Retiramo-nos,
evitando conflito. A mesa eleitoral oficiou ao presidente do Estado,
pedindo providencias e denunciando o abuso. Por seu turno, o
presidente da câmara representou, acrescentando que ameaçava a
polícia perturbar a verificação de poderes da nova câmara
municipal em Guarará no dia 7 de novembro (de 1894), e por isso eram de se
esperar providências de modo a evitar a reprodução das cenas do
dia 28. O governo pouco se importou com os avisos e representações,
e parece que conivente com os abusos, consentiu que se consumasse o
inqualificável atentado que sofreu a câmara municipal hoje, 7 de
novembro, cercada pela polícia com gente armada em número
considerável. Em vista disso, tendo antes a polícia prendido o
vereador José Vieira Camões pelo fato de querer entrar na câmara,
os vereadores recém-eleitos, republicanos democratas, deliberaram
retirar-se, não se sujeitando às ordens e imposições da polícia.
Sendo nove o número de vereadores, seis dos eleitos pertencem ao
partido democrata.
Nos
dois lugares, todo o nosso esforço foi para evitar conflito, e assim
tivemos conduta inteiramente outra da que teve a gente
constitucional. Pobre República!"
Jornal
"O Pharol", ANNO XXVIII, N.º 253
Guarará,
20 de novembro de 1894
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