TEATRO
O
Sr. Cap. Camilo dos Santos em boa hora, aventou a ideia da
construção de um prédio para teatro, nesta Vila, abrindo, para
esse fim, uma subscrição que tem sido bem acolhida por todos quanto
são sinceramente progressistas e que desejam elevar o nosso lugar,
colocando-o no lugar a que tem direito dentre os dos povos
civilizados.
Se
tivéssemos miríada de pares de mãos, com eles, e com as nossas
convictas vozes, não deixaríamos de aplaudir tão belo quanto útil
e agradável cometimento.
Assim
é que, se não pudermos ter, como os antigos, um Circo
com seu protetor velarium,
o Amphitheatro
com a sua célebre arena,
o seu cômodo e fidalgo poaium
e a sua vasta e democrática popularia,
o Colyseo
com a vastidão de seu recinto e suas notáveis arcadas, com lotação
para mais de cem mil espectadores; se não pudermos ter, como os
modernos, La Scala, A La Fenice, San
Carlo, Alexandrina,
Covent-Garden, Theatro Francês, Grand'Opera, São Carlos, e entre
nós o São
Pedro de Alcântara,
tenhamos aqui, segundo o nosso voto, Santa
Alcina,
modesto e simples na sua construção, mas tão belo e admirável,
como aqueles nos fins a que se destinavam uns e destinam outros ainda
hoje, e que a civilização de todos os tempos tem se empenhado em
manter na devida altura.
Assim
é que também havendo-se decretado a lei do fechamento das portas
das casas comerciais nos dias consagrados ao descanso, sem que
primeiro como cumpria aos legisladores da nossa municipalidade de
então, outorgar, ao povo, ao contribuinte, alguma coisa que se
parecesse com os divertimentos públicos, não como as saturnaes,
bacanais, lupercais e florais mas com os olympiccs, pythicos,
esthmicos, panatheneas, seculares etc., etc.
Para
se tratar definitivamente do assunto, consta-nos, serão brevemente
convocados os dignos interessados para uma reunião no Paço
Municipal.
Fazemos
ardentes e sinceros votos para a viabilidade da ideia, e que seja
ela coroada do mais feliz e brilhante êxito.
Jornal
"O Guarará", de 9 de Outubro de 1895
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