quarta-feira, 18 de setembro de 2013

TEATRO

TEATRO

O Sr. Cap. Camilo dos Santos em boa hora, aventou a ideia da construção de um prédio para teatro, nesta Vila, abrindo, para esse fim, uma subscrição que tem sido bem acolhida por todos quanto são sinceramente progressistas e que desejam elevar o nosso lugar, colocando-o no lugar a que tem direito dentre os dos povos civilizados.
Se tivéssemos miríada de pares de mãos, com eles, e com as nossas convictas vozes, não deixaríamos de aplaudir tão belo quanto útil e agradável cometimento.
Assim é que, se não pudermos ter, como os antigos, um Circo com seu protetor velarium, o Amphitheatro com a sua célebre arena, o seu cômodo e fidalgo poaium e a sua vasta e democrática popularia, o Colyseo com a vastidão de seu recinto e suas notáveis arcadas, com lotação para mais de cem mil espectadores; se não pudermos ter, como os modernos, La Scala, A La Fenice, San Carlo, Alexandrina, Covent-Garden, Theatro Francês, Grand'Opera, São Carlos, e entre nós o São Pedro de Alcântara, tenhamos aqui, segundo o nosso voto, Santa Alcina, modesto e simples na sua construção, mas tão belo e admirável, como aqueles nos fins a que se destinavam uns e destinam outros ainda hoje, e que a civilização de todos os tempos tem se empenhado em manter na devida altura.
Assim é que também havendo-se decretado a lei do fechamento das portas das casas comerciais nos dias consagrados ao descanso, sem que primeiro como cumpria aos legisladores da nossa municipalidade de então, outorgar, ao povo, ao contribuinte, alguma coisa que se parecesse com os divertimentos públicos, não como as saturnaes, bacanais, lupercais e florais mas com os olympiccs, pythicos, esthmicos, panatheneas, seculares etc., etc.
Para se tratar definitivamente do assunto, consta-nos, serão brevemente convocados os dignos interessados para uma reunião no Paço Municipal.
Fazemos ardentes e sinceros votos para a viabilidade da ideia, e que seja ela coroada do mais feliz e brilhante êxito.


Jornal "O Guarará", de 9 de Outubro de 1895

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