SOCIEDADE ANÔNIMA
"FABRICA DE TECIDOS DO PEQUERI"
Ata da instalação da sociedade Anônima
Fábrica do Tecidos do Pequeri.
Aos quatro dias do mês de novembro de mil
oitocentos e noventa e quatro, no salão da Beneficência Italiana, no distrito
de São Pedro do Pequeri, município de Mar de Espanha, Estado de Minas Gerais,
reunidos ás duas horas da tarde, o dr. Antero Dutra de Moraes declarou que por
si e seus procuradores especiais se achavam presentes subscritores
representando duas mil trezentas e oitenta ações, mais de dois terços do
capital social da Sociedade Anônima Fabrica de Tecidos do Pequeri, e propunha
para presidir a assembléia geral o tenente coronel Cândido Dutra de Moraes.
Aprovada a aclamação, assume este a
presidência e agradeceu a honra que lhe dispensavam de dirigir os trabalhos da
assembléia geral.
Declarou em seguida achar-se sobre a mesa a
certidão do Banco da República do Brasil de estar depositada em sua tesouraria
a quantia de trinta contos de réis, 10 % relativo à quantia de trezentos contos
de réis, e capital social da sociedade, e bem assim o projeto dos estatutos
assinados pelos subscritores e a lista dos acionistas com o numero de ações, tudo
de conformidade com a lei em vigor das sociedades anônimas.
Convidando os acionistas tenente-coronel José
Dutra de Moraes e tenente José de Almeida Neves para secretários, declarou
aberta a seção.
Dando a palavra ao secretario tenente José de
Almeida Neves, para proceder a leitura dos estatuto, foi esta pausada e
lentamente feita.
Postos em discussão e não havendo quem
fizesse observação foram aprovados por unanimidade de votos.
Em virtude da aprovação dos estatutos, o
presidente declarou constituída a Sociedade Anônima Fabrica de Tecidos do
Pequeri.
O presidente proclamou a seguinte diretoria:
dr. Antero Dutra do Moraes, Fernando Equi e João Guilherme Bezerra Paes.
O presidente igualmente proclamou para o
conselho fiscal: tenente-coronel Cândido Dutra do Moraes, tenente José de
Almeida Neves e Barão de Louriçal.
Para suplentes: José Lucas da Rocha Ferreira,
capitão José Augusto Tostes e Carlos Dutra de Moraes. Pedindo a palavra o
acionista dr. Antero Dutra de Moraes, disse que desistia do bônus ou porcentagem
nos lucros líquidos, pois ao incorporar, digo pois que ao incorporar a
sociedade anônima teve por objetivo trazer algum progresso ao lugar.
Em seguida pediu a palavra o sr. Lourival
Teixeira de Carvalho, representante dos acionista Lourival & Álvaro, e leu
a seguinte proposta:
Propomos que se consigne na ata um voto de
louvor ao sr. dr. Antero Dutra de Moraes, pelo desinteresse que tem mostrado;
pois que na qualidade de incorporador da Sociedade Anônima "Fabrica do
Tecidos do Pequeri" tinha direito a um bônus ou porcentagem nos lucros
líquidos.
Porém ele abriu mão dos interesses que a lei
faculta, nada aceitando em seu beneficio, e tendo unicamente por divisa trazer
o progresso a este lugar.
Por conseguinte, quer como acionistas, quer
como particulares não podemos deixar em silencio tão filantrópico procedimento.
Sala da assembléia geral, 4 de novembro do
1894. - Lourival & Álvaro. Pedindo a palavra o acionista dr. Antero Dutra do
Moraes, fez a seguinte proposta verbal:
Proponho que se consigne na ata um voto do
louvor ao presidente e secretários da mesa da primeira assembléia geral da
Sociedade Anônima "Fábrica de Tecidos do Pequeri" pela maneira
correta com que dirigiram os trabalhos.
Em seguida pediu a palavra o acionista
Joaquim Lourenço Borges o fez a seguinte proposta verbal:
Proponho que a mesa fique autorizada a assinar
a ata: sendo esta bem como as duas propostas anteriores aprovadas. Nada mais
havendo a tratar, o sr. presidente levantou a sessão ás cinco horas da tarde.
Para constar, eu, José de Almeida Neves,
secretário, lavrei a presente ata em duplicata, ficando uma no arquivo e outra
para o destino exigido pela lei e assina comigo o presidente e o segundo
secretario.
José de Almeida Neves, secretário.
Cândido Dutra de Moraes, presidente.
José Dutra de Moraes.
Jornal "Minas Gerais", ANNO III, N.º 316
Ouro Preto, sábado 24 de novembro de 1894
*-*-*
"...São Pedro vestiu-se de gala e festejou ontem (6 de outubro de 1895) a planta da última estaca pelo engenheiro Dr. Monte Proença, na área ocupada pela fábrica e vai ser dispensado o vapor, canalizando para aqui o rio Paraibuna cuja força hidráulica produzirá 2.000 cavalos-vapor.
Está emancipada a indústria têxtil no Brasil. A mudança do motor não paralisa o trabalho e nem prejudica as encomendas.
A colônia Dutra espera fornecer em 1896 algodão para 20 máquinas com 10.000 fusos.
A diretoria, sempre na altura da grandeza de sua administração, desistiu de ordenados em benefício dos melhoramentos da imprensa local. Na fábrica vende-se qualquer quantidade de fibras de todas as cores e contrata-se dois moços viajantes que conheçam o Estado de São Paulo, Sul de Minas até Catalão.
Também toma-se correspondentes em Mar de Espanha e Guarará de acordo com o art. 110 dos estatutos. Secretaria, 7 de outubro de 1895.- Guilherme Moraes."
Jornal "Gazeta de Notícias",
Rio de Janeiro, segunda-feira, 14 de outubro de 1895
*-*-*
OBSERVAÇÃO
"...Duas outras sociedades anônimas foram
constituídas no período: a Industrial do Mello e a Fábrica de Tecidos do
Pequeri. Não há entretanto nenhuma evidência de que essas sociedades tenham
construído fábricas de Tecidos. A Companhia Industrial do Mello foi constituída
em Santo Antônio da Lagoa, distrito de Curvelo, a 18 de abril de 1894 e a Sociedade
Anônima São Pedro do Pequeri a 24 de novembro, do mesmo ano em São Pedro do
Pequeri, distrito de Mar de Espanha. Companhia Industrial do Mello, Ata da
Assembléia de Instalação, Santo Antonio da Lagoa, 15 de abril de 1894, em Minas Gerais, 18 de maio de 1894, p. 5. e Sociedade Anônima Fábrica de Tecidos de Pequeri, Ata da Assembléia de Instalação, São Pedro do Pequeri, 4 de
novembro de 1894, em Minas Gerais, 24 de novembro de 1894, p. 7. 39 - Stanley J.
Stein, The Brazilian Coitou Manufacture, Harvard University 377..."
Anais, Volume
1 (1995), página 377,
UFMG / CEDEPLAR
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