quarta-feira, 9 de outubro de 2013

FÁBRICA DE TECIDOS DO PEQUERI

SOCIEDADE ANÔNIMA
"FABRICA DE TECIDOS DO PEQUERI"

Ata da instalação da sociedade Anônima Fábrica do Tecidos do Pequeri.

Aos quatro dias do mês de novembro de mil oitocentos e noventa e quatro, no salão da Beneficência Italiana, no distrito de São Pedro do Pequeri, município de Mar de Espanha, Estado de Minas Gerais, reunidos ás duas horas da tarde, o dr. Antero Dutra de Moraes declarou que por si e seus procuradores especiais se achavam presentes subscritores representando duas mil trezentas e oitenta ações, mais de dois terços do capital social da Sociedade Anônima Fabrica de Tecidos do Pequeri, e propunha para presidir a assembléia geral o tenente coronel Cândido Dutra de Moraes.
Aprovada a aclamação, assume este a presidência e agradeceu a honra que lhe dispensavam de dirigir os trabalhos da assembléia geral.
Declarou em seguida achar-se sobre a mesa a certidão do Banco da República do Brasil de estar depositada em sua tesouraria a quantia de trinta contos de réis, 10 % relativo à quantia de trezentos contos de réis, e capital social da sociedade, e bem assim o projeto dos estatutos assinados pelos subscritores e a lista dos acionistas com o numero de ações, tudo de conformidade com a lei em vigor das sociedades anônimas.
Convidando os acionistas tenente-coronel José Dutra de Moraes e tenente José de Almeida Neves para secretários, declarou aberta a seção.
Dando a palavra ao secretario tenente José de Almeida Neves, para proceder a leitura dos estatuto, foi esta pausada e lentamente feita.
Postos em discussão e não havendo quem fizesse observação foram aprovados por unanimidade de votos.
Em virtude da aprovação dos estatutos, o presidente declarou constituída a Sociedade Anônima Fabrica de Tecidos do Pequeri.
O presidente proclamou a seguinte diretoria: dr. Antero Dutra do Moraes, Fernando Equi e João Guilherme Bezerra Paes.
O presidente igualmente proclamou para o conselho fiscal: tenente-coronel Cândido Dutra do Moraes, tenente José de Almeida Neves e Barão de Louriçal.
Para suplentes: José Lucas da Rocha Ferreira, capitão José Augusto Tostes e Carlos Dutra de Moraes. Pedindo a palavra o acionista dr. Antero Dutra de Moraes, disse que desistia do bônus ou porcentagem nos lucros líquidos, pois ao incorporar, digo pois que ao incorporar a sociedade anônima teve por objetivo trazer algum progresso ao lugar.
Em seguida pediu a palavra o sr. Lourival Teixeira de Carvalho, representante dos acionista Lourival & Álvaro, e leu a seguinte proposta:
Propomos que se consigne na ata um voto de louvor ao sr. dr. Antero Dutra de Moraes, pelo desinteresse que tem mostrado; pois que na qualidade de incorporador da Sociedade Anônima "Fabrica do Tecidos do Pequeri" tinha direito a um bônus ou porcentagem nos lucros líquidos.
Porém ele abriu mão dos interesses que a lei faculta, nada aceitando em seu beneficio, e tendo unicamente por divisa trazer o progresso a este lugar.
Por conseguinte, quer como acionistas, quer como particulares não podemos deixar em silencio tão filantrópico procedimento.
Sala da assembléia geral, 4 de novembro do 1894. - Lourival & Álvaro. Pedindo a palavra o acionista dr. Antero Dutra do Moraes, fez a seguinte proposta verbal:
Proponho que se consigne na ata um voto do louvor ao presidente e secretários da mesa da primeira assembléia geral da Sociedade Anônima "Fábrica de Tecidos do Pequeri" pela maneira correta com que dirigiram os trabalhos.
Em seguida pediu a palavra o acionista Joaquim Lourenço Borges o fez a seguinte proposta verbal:
Proponho que a mesa fique autorizada a assinar a ata: sendo esta bem como as duas propostas anteriores aprovadas. Nada mais havendo a tratar, o sr. presidente levantou a sessão ás cinco horas da tarde.
Para constar, eu, José de Almeida Neves, secretário, lavrei a presente ata em duplicata, ficando uma no arquivo e outra para o destino exigido pela lei e assina comigo o presidente e o segundo secretario.
José de Almeida Neves, secretário.
Cândido Dutra de Moraes, presidente.
José Dutra de Moraes.
Jornal "Minas Gerais", ANNO III, N.º 316
Ouro Preto, sábado 24 de novembro de 1894

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"...São Pedro vestiu-se de gala e festejou ontem (6 de outubro de 1895) a planta da última estaca pelo engenheiro Dr. Monte Proença, na área ocupada pela fábrica e vai ser dispensado o vapor, canalizando para aqui o rio Paraibuna cuja força hidráulica produzirá 2.000 cavalos-vapor.
Está emancipada a indústria têxtil no Brasil. A mudança do motor não paralisa o trabalho e nem prejudica as encomendas.
A colônia Dutra espera fornecer em 1896 algodão para 20 máquinas com 10.000 fusos.
A diretoria, sempre na altura da grandeza de sua administração, desistiu de ordenados em benefício dos melhoramentos da imprensa local. Na fábrica vende-se qualquer quantidade de fibras de todas as cores e contrata-se dois moços viajantes que conheçam o Estado de São Paulo, Sul de Minas até Catalão.
Também toma-se correspondentes em Mar de Espanha e Guarará de acordo com o art. 110 dos estatutos.  Secretaria, 7 de outubro de 1895.- Guilherme Moraes."

Jornal "Gazeta de Notícias",
Rio de Janeiro, segunda-feira, 14 de outubro de 1895


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OBSERVAÇÃO
"...Duas outras sociedades anônimas foram constituídas no período: a Industrial do Mello e a Fábrica de Tecidos do Pequeri. Não há entretanto nenhuma evidência de que essas sociedades tenham construído fábricas de Tecidos. A Companhia Industrial do Mello foi constituída em Santo Antônio da Lagoa, distrito de Curvelo, a 18 de abril de 1894 e a Sociedade Anônima São Pedro do Pequeri a 24 de novembro, do mesmo ano em São Pedro do Pequeri, distrito de Mar de Espanha. Companhia Industrial do Mello, Ata da Assembléia de Instalação, Santo Antonio da Lagoa, 15 de abril de 1894, em Minas Gerais, 18 de maio de 1894, p. 5. e Sociedade Anônima Fábrica de Tecidos de Pequeri, Ata da Assembléia de Instalação, São Pedro do Pequeri, 4 de novembro de 1894, em Minas Gerais, 24 de novembro de 1894, p. 7. 39 - Stanley J. Stein, The Brazilian Coitou Manufacture, Harvard University 377..."

Anais, Volume 1 (1995), página 377,
UFMG / CEDEPLAR

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