OS MINEIROS NAS CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES
Como é belo esse despertar
contemporâneo da inspirada poesia e da
suculenta prosa, no solo da presente geração mineira!
Demorados
lustros ficou a arena das letras vasta do
bons cultores, como igualmente esquecidas cativaram as gloriosas tradições do
nosso passado colonial, para os poucos que, no nosso áspero meio
metalizado, dos
últimos tempos, sentiam atrativos em celebrar os doces mistérios das Musas, no
pórtico augusto do Parnaso...
Agora, porém, surgem
esperanças, brotam vigor o emulação do meio dessa talentosa mocidade, que o
norte, o centro, o triângulo o sul do Minas trazem à luz da celebridade
merecida, no rumor das aclamações da imprensa, que estampa suas produções ou
noticia seus trabalhos.
Aí estão cultivando a prosa —
Afonso Arinos (o Gil Cassio. tão mimoso nos seus
escritos, autor do Sertão, natural
do Paracatu o formado em direito por São Paulo); Aurélio Pires (o tradutor da Evangelina,
de Longfellow,
e natural do Serro, diplomado na Escola Farmacêutica do Ouro Preto); Afonso
Celso Junior (o insigne autor de Lupe, dos Vultos e Fatos... o
nosso Pierre Lot brasileiro, pela meiguice e
doce colorido individualista do estilo, natural de Ouro Preto o formado em
direito por São Paulo); José Braga (o autor da História Íntima e da Catástrofe, natural de São João del-Rei e redator do Minas
Gerais); José do Azevedo
Júnior (o delicioso Nemo das crônicas picantes, embora carioca de nascimento,
mas mineiro do coração, pela família e residência em Pitangui, por muito
tempo); Lindolfo Gomes (autor da Vida
Galante e
natural de Niterói, mas jornalista a morador em Juiz de Fora); Antônio
Celestino (autor de Padre Eusébio, natural de Passos); Nelson de Senna, (autor das Páginas
Tímidas, das Efemérides
Mineiras... natural do Serro e a
formar-se em direito pela escola de Ouro Preto); Avelino Fóscolo (jornalista em
Tabuleiro Grande e autor d’Os Mestiços); Silva Tavares (autor dos Contos, natural de Juiz de Fora, onde é jornalista);
Augusto Ferreira (autor do Regulo de Aldeia); Olímpio Leite (autor das Aquarelas, natural de Rio Novo); Estêvão Lobo (natural de Juiz
de Fora, formado em direito por São Paulo e fino burilador de crônicas e
pequenos contos), Edmundo Lins (que concilia a austeridade de juiz com a doçura
de suas eruditas latinidades e escritos, também formado em direito e natural
de Serro), Vasco do Azevedo (autor do drama Orgulho e Amor, natural de Pitangui, onde é jornalista); Bento Ernesto
(autor da Vida Aldeã, natural
de Itapecerica e hoje professor na cidade do Pará, sendo diplomado pela Escola
Normal de São João del-Rei); todos esses e
muitos outros, que se tem revelado senhores dos segredos e belezas do conto
e do romance, da novela e da narrativa, nos livros e publicações que
ultimamente produziram.
***
Como cultores da
poesia, de sonetos e madrigais, odes e poemetos, temos
uma legião de distintos patrícios, que, logo aos primeiros passos no convívio
das letras ensaiam o futuro renome na rima do verso moderno com suas doces e
variadas formas.
Se nem todos
conseguem pela quantidade da produção exalçar-se, pela
qualidade, todavia temos uma plêiade de jovens e ardentes poetas, que
representam o escol glorioso da
classe.
Aí estão —
Antônio Augusto de Lima (o ilustrado autor
dos Símbolos e Contemporâneas, natural de Vila Nova de
Lima e formado em Direito por São Paulo, cujo nome como magistrado rivaliza com
o brilho de sua fama como professor da
Academia Jurídica de Ouro Preto); Arthur Lobo (autor dos Evangelhos, das Quermesses... natural de Montes Claros e
professor no Instituto Normal de Uberaba); Aurélio Neves (autor dos Trechos Líricos, natural de Ouro Preto
e formado em Direito por São Paulo); Adolfo de Araújo (formado também por São
Paulo, onde reside, como jornalista, embora filho da cidade do Serro); Bento
Ernesto Júnior (autor das Frondes e Átomos Líricos,
que o colocou em bonita posição junto aos eleitos do Parnaso); Francisco Amedèe
Peret (autor das Ouro-pretanas
e das Mineiras, formado em agrimensura pela Escola de
Minas e natural de Ouro Preto, onde é lente de matemáticas no Ginásio); o ilustrado padre José Joaquim
Correia de Almeida (autor de quatorze livros, já publicados, de poesias — Decrepitude Metromaníaca, Sonetos e Sonetinhos, Poesias do Padre Corrêa de Almeida e muitos outros
— que passa como o nosso Tolentino no meneio clássico
e faceiro da sátira, embora os seus 80 anos de
idade, transcorridos em
Barbacena, onde nasceu e reside, aí tendo sido professor de latim muitos anos);
Ernesto Corrêa (autor dos Salmos
Modernos, um belo talento, formado em Direito por São Paulo, natural
de Tamanduá e hoje advogado em Passos); Corgosinho Filho (autor dos Pipilos e natural de Pitangui, onde é
jornalista); Manoel Viotti - (autor do livro Florais, formado pela Faculdade
de São Paulo e natural da cidade de
Pouso Alto, sendo hoje talentoso advogado
na Pauliceia); Arthur Queiroga (inteligente
jornalista e poeta de Diamantina, em
cuja Escola Normal se graduou, fazendo parte
do corpo docente da mesma); Arcanjo
da Costa Guimarães (o delicado Arcchangelus
que colabora n'O Paiz, natural
de Ouro Preto e a formar-se na Faculdade Livre do Minas); seu irmão Afonso Guimarães (Alphonsus de Guimarães, formado em Direito e hoje magistrado em Conceição do Serro, sondo autor
do várias e apreciadas produções poéticas);
Silvestre de Lima (autor do poemeto A Escravidão,
natural de Passos e cuja brilhante carreira dolorosa fatalidade cortou, arrancando-lhe as ilusões da Musa); Henrique
Câncio (jornalista e poeta, natural
da cidade de Peçanha e hoje residente
em Vitória); Leopoldo da Silva Pereira
(autor das Sertanejas, natural de Milho Verde do Serro e hoje inteligente professor na Escola Normal de Araçuaí). Soares Junior
(autor das Tentações e natural de
Jacuí, atualmente estudante em São Paulo);
Silva Tavares (autor dos Bandoleiros,
e de quem já falamos), César de Carvalho
(Tito C. do C. Bhering, autor dos Azulejos, formado em Direito por Bruxelas, (Bélgica) e natural
de Ponte Nova); Horácio Guimarães (Horatius do Guymar, filho de Bernardo
Guimarães e distinto e modesto cultor
da poesia, natural de Ouro Preto,
onde exerce o subsecretariado da Faculdade); Francisco Lins (bonito talento poético, que hoje reside na cidade de Piranga); José Severiano de Rezende (natural de
São João del-Rei e que tendo feito nome
no jornalismo acadêmico em São Paulo,
cursando até o 3.º ano da Faculdade,
abandonou o mundo pela Igreja, estando
a receber o presbiterato no seminário
de Mariana); Rodolfo Jacob da Paixão
(o erudito autor do poema — Inconfidência,
natural de São João del-Rei e engenheiro militar pela Escola Superior de Guerra, atualmente deputado federal); José Paixão (autor de Adelfas, natural de Juiz de Fora, onde
é jornalista e lente da Escola Normal); Lindolfo Xavier (inteligente jornalista e poeta, natural de Sant'Anna de São João Acima, município do Pará); Rodrigo Bretas de Andrade (que de tempos em tempos semeia em belas estrofes seu culto talento, formado por São Paulo e natural de
Ouro Preto, onde reside, como
magistrado); as poetisas dd. Maria
Luiza Seixas e Mariana Higina de Figueiredo
(naturais de Diamantina, em cuja
Escola Normal se diplomaram); Rodrigo
Teófilo Gomes Ribeiro (autor das Névoas Matutinas e dos Contos e poesias, também natural de Diamantina e hoje inteligente funcionário do Arquivo Mineiro); Trajano Pires (da cidade de Palmira) e pai da jovem poetisa Áurea Pires; Arnaud Gribel (formado em Direito, natural de
Mar de Espanha e que usa do nome de Germansu
Hermann, em seus belos
contos e poesias); Heitor Guimarães
(talentoso jornalista e poeta de Juiz de
Fora, onde reside, autor dos Multicores
e dos Versos e Reversos); Agostinho dos Santos Pereira (aluno da Escola de Direito Mineira e autor do romancete Amor Infeliz, auspicioso ensaio literário); Raul Soares,
Walfrido Silvino, José Eduardo da
Fonseca, Carlos Romeiro e Teófilo Pereira
Júnior (igualmente acadêmicos da mesma
Faculdade, em Ouro Preto, e talentosos
colaboradores em prosa e verso de vários
jornais mineiros); as poetisas sul-mineiras,
d. Presciliana Duarte e d. Maria Antonieta
Gama e d. Áurea Pires, já festejadas
e aplaudidas na imprensa periódica; e outros muitos meus patrícios, cujos nomes de momento não posso precisar e que, no entanto, tem seus justos direitos
para nesta lista figurar.
Para não falar
das nossas individualidades da alta política, federal e estadual, como sejam ilustres estadistas e
parlamentares, cuja fama escapa à orbita limitada destes ligeiros apontamentos,
referirei mais alguns nomes de mineiros, igualmente notáveis em outros
departamentos da Cultura humana e que são dignos de todo o louvor, pois seus
trabalhos devem ser compreendidos na série das produções literárias, desde que
na "literatura nacional de um povo" - como é sabido — se incluem
quaisquer manifestações escritas da inteligência, nas várias modalidades do
talento e vocação de cada um indivíduo. Como só falo de
contemporâneos, vou direto aos nossos beneméritos da Historia Mineira, atualmente. O erudito comendador José Pedro Xavier da
Veiga (natural de Campanha e hoje ilustre diretor do "Arquivo Público
Mineiro", em Ouro Preto, autor de volumosos trabalhos e preciosas
monografias sobre o nosso passado); seu irmão Bernardo Saturnino da Veiga
(distinto jornalista de Campanha, onde tem publicado excelentes almanaques,
divulgando história mineira); dr. Pedro Caetano Sanches de Moura (venerando jurisconsulto da cidade do
Serro, conhecedor emérito de história e línguas e autor de trabalhos vários,
muitos dos quais inéditos); e padre Joaquim Silvério de Sousa (virtuoso
capelão de Macaúbas do Rio das Velhas e autor de memórias e escritos muito
apreciados no assunto); o ilustre alferes Luiz Antônio Pinto
(velho e infatigável cultor de tais estudos e natural do Serro, norte de
Minas); o coronel Antônio Borges de Sampaio (de Uberaba, membro do Instituto
Histórico do Brasil e autor de interessantes trabalhos sobre homens e coisas de Minas); o dr.
Virgílio Martins de Melo Franco
(senador estadual lente da Faculdade
e nascido em Paracatu, ilustrado autor de preciosos opúsculos de viagens, e
jurisprudência e também sobre corografia mineira); o dr. Antônio Augusto Veloso
(natural de Montes Claros, hoje magistrado em Diamantina, e profundo espírito afeito a tal ordem de
estudos, em vários trabalhos que já tem publicado como Lições Cívicas);
e, como esses, vários outros nossos ilustres comprovincianos.
***
Em semelhantes escritos,
impossível é (falo diante de vistas imparciais), coordenar a vasta série de
produções, que aí correm o mundo da publicidade, sob a égide respeitável de
ilustres nomes mineiros.
Ocorre-me agora à memória
lembrar de alguns patrícios, como os distintos norte-mineiros, cônego Severiano
de Campos Rocha, padre Domingos Moreira dos Santos (ambos de Diamantina, se
não me
engano, e que belas
poesias, odes e sonetos têm produzido, em número copioso,
para jornais e
almanaques); o dr. José Cândido da Costa Sena (de Conceição do Serro, formado
em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro e também apreciado autor de
versos, onde predomina delicado sainete brasileiro); e o vigário Teófilo Vieira
de Andrade (natural do Serro e também poeta distinto). A esses devo juntar
outros mineiros, como Lafaiete de Toledo (morador em Casa Branca, cidade
paulista, mas que aí emprega cuidados em eruditos estudos de história de
Minas); Francisco Lentz de Araújo (de Campanha, onde exerce o magistério, e
autor de interessante e abreviado compêndio de História de Minas Gerais); o
dr. João Pedro da Veiga Filho (natural da Campanha ora residente em São Paulo,
em cuja Escola de Direito é lente substituto, sendo autor de vários opúsculos e
memórias sobre a ciência financeira e Economia Política, como Estudos
Econômicos e Financeiros, Monografia sobre Tarifas Aduaneiras e
outros); dr. Bernardino Augusto de Lima (natural da vila de Congonhas de Sabará
e hoje lente de Economia, nas Escolas de Minas e de Direito de Ouro Preto,
autor do opúsculo Economia Rural e outros folhetos); dr. Thomaz da Silva
Brandão (natural
de Ouro Preto, formado
por São Paulo, diretor
e lente de
pedagogia na Escola Normal da capital, catedrático de Direito Civil na Escola
Jurídica, e autor d'O Sentimento, livro de educação
moral, e da Gramática Infantil, além de outros trabalhos didáticos); dr. Américo Lobo Leite
Pereira (notável poeta, tradutor em versos primorosos da Evangelina,
formado em Direito e hoje o único ministro mineiro do Supremo Tribunal
Federal); dr. Alfredo Pinto Vieira de Mello (formado pelo Recife onde nasceu,
mas Mineiro polo coração e laços de família, autor de trabalhos jurídicos,
como O Júri
e de obras literárias, como o drama Disciola, sendo hoje deputado
federal pelo nosso Estado); e bem longe iriam estas ligeiras páginas, adotado
o
alvitre
de mais sérias indagações sobre
o assunto.
E ocioso fora
timbrar no propósito de passar em revista e analise despretensiosa a já bem
respeitável bagagem bibliográfica dos Mineiros contemporâneos: escasseiam
dados seguros, que
habilitem a execução de tal desiderato. Assim vou passar ao domínio da
produção artística, relembrando ainda alguns nomes de patrícios escritores,
olvidados, talvez no correr destes apontamentos, pela memória rebelde em
conservá-los todos, pois como já disse, aqui não me socorro de outra fonte de informação,
que não sejam, em tese geral, vagas lembranças guardadas quase de cor.
Sobre produções teatrais, ocorro-me
apontar ainda A
moeda, elegante
comédia em 2 atos,
do dr. Afonso Arinos de Mello Franco; o Tio na América, outra comédia em
1 ato, original do jornalista José de Azevedo Júnior; o drama em 6 atos,
O Garimpeiro, extraído do romance do nosso genial Bernardo Guimarães, polo major Joaquim da
Costa Mattos; o drama Pescador de Olinda, do dr. Pedro Salazar Moscoso
da Veiga Pessoa (pernambucano de nascimento, mas mineiro pelo coração,
interesses e laços de família, residente na cidade de Paracatu, onde advoga e é
lente na respectiva Escola Normal, sondo autor de outros trabalhos em
prosa e verso); e,
por fim, uma interessante comédia de costumes, que já tem ido ao palco, saída
da pena dos dois
moços
diamantinenses, Artur Queiroga e Antônio Duarte Mandacaru, ambos normalistas.
É meu desejo não incorrer na
pecha de parcial e caprichoso, ao rabiscar, ás pressas e sem método
preestabelecido, estes apontamentos sobre filhos
notáveis de Minas, da geração contemporânea, no mundo intelectual e artístico.
Eis porque com frequência, terão visto os meus poucos leitores intercalações e
aditamentos, neste leve escrito: só assim consigo salvar as emissões cometidas.
Devo aqui mencionar dois ilustres
mineiros,
residentes na capital de São Paulo, o primeiro poeta apreciado, que é Sílvio
de Almeida (natural da nossa cidade de Pouso Alegre, formado em Direito e lente
de português, por concurso, no Ginásio Paulista, e autor das Efêmeras
(1893) e outras publicações poéticas de renome); o segundo é também poeta e
prosador bem conhecido, Horácio de Carvalho (natural de Lavras (?), diretor
desde 92 do Diário
Oficial do governo paulista, colaborador do Diário Popular e autor
do romanceio— O Solitário da Ponte Grande e do Bouquet de Coisas, grossa e magnifica
publicação em 2
volumes (1896), contendo as melhores produções do autor). Devo estas ligeiras
informações ao talentoso amigo dr. Manoel Viotti, ao qual - também a tempo retifico; - serviu de berço natal a
cidade de Baependi e não a de Pouso Alto, como antes tinha eu escrito.
Em trabalhos históricos,
escaparam-me os nomes do dr. Pedro Sanches de Lemos
(médico e residente
na vila de Poços de Caldas, da qual escreveu substancial memória para a Revista do Arquivo
Público Mineiro); do lente da Escola de Farmácia, professor Eduardo Machado
de Castro (formado em ciências naturais e autor da Epanáfora de Minas,
quando lecionava história no antigo Liceu Mineiro, de Ouro Preto); do ilustre
jornalista sr. dr. Aristides de Araújo Maia (ora residente na Capital Federal e
nascido na fazenda de Monte-Cristo, a légua e meia da atual cidade norte-mineira de
Teófilo Otoni (Filadélfia), formado em Direito por São Paulo e conhecido autor
de um excelente estudo, infelizmente, não concluído, sobre a História de
Minas, publicado no Liberal Mineiro, e do Homestead, além de
vários trabalhos sobre política); do inteligente sr. Basílio de Magalhães
(natural de São João del-Rei, professor em colégios na Capital de São Paulo, e
autor das Lições de História do Brasil, publicação de 1895, em 245
páginas); e dos velhos professores de História, drs. Teodomiro Alves Pereira
(de Diamantina) e Diogo Pereira de Almeida Vasconcelos (de Ouro Preto), sendo
este profundo conhecedor do passado e das tradições de Minas.
Ainda em trabalhos de
jurisprudência, muitos e notáveis escritores práticos e teóricos pode Minas
apresentar, atualmente.
Aí estão: o sr. dr.
Levindo Ferreira Lopes (lente de processo na Faculdade Jurídica de Minas, senador
estadual e autor
respeitadíssimo de notáveis publicações de Direito, como Prontuário Policial,
Notas e Observações sobre Tribunais Correcionais, Projetos do Código
do Processo Civil e Criminal do Estado, etc.); os magistrados Francisco de
Paula Fernandes Rabelo e Tito Fulgêncio Alves Pereira (juízes de Direito, nas
cidades de Mariana e Bagagem, autores de monografias excelentes); o dr. Antônio
Augusto Veloso (juiz de direito de Diamantina e autor do Manual Eleitoral);
e muitos outros jurisconsultos
e advogados de
nomeada.
Quanto a obras de medicina, aí
estão a Chimica Toxicologica (inédita) e a tese publicada sobre Vírus
Rabido, da lavra do talentoso dr. Gomes Freire de Andrade (natural de
Mariana, doutorado pela Faculdade do Rio, e lente do 3º ano da Escola
Farmacêutica); e diversos trabalhos do abalizado clínico, filho de Minas Gerais,
dr. Hilário de Gouvêa (lente catedrático da Faculdade Médica do Rio de
Janeiro, sendo graduado por esta e pela Escola de Medicina de
Paris). Como capacidades em engenharia e ciência físicas e naturais, temos:
Joaquim Cândido da Costa Sena, Augusto Barbosa, Marciano Pereira Ribeiro e Antônio
Olyntho, (lentes da Escola de Minas de Ouro Preto); Martiniano da Fonseca Reis
Brandão, Francisco Bicalho, Cláudio de Lima, Antônio Penido, Francisco Lobo,
Pedro Versiani,
Teófilo Otoni e
tantos outros.
Se quiser mencionar professores
eméritos, bem versados em línguas e ciências, embora pouco hajam escrito e
publicado, acodem à pena os nomes dos srs. Sebastião Corrêa Rabelo, Luiz
Pessanha, Afonso
de Brito, Leonardo Palhares,
José Coelho
Tocantins de Gouvêa, José Teodoro de Sousa Lima, Cruz Machado, Randolfo
Ferreira Bretas, Aureliano Pimentel...,
todos dignos preceptores da mocidade, em Escolas Normais, Ginásios e colégios secundários
deste
Estado.
Faltam os denodados
pelejadores da
imprensa mineira; esses, tantos e tão beneméritos e distintos são, que
enumerá-los fora ousadia de quem escreve estas linhas. Quase todas as
localidades de Minas, cidades, vilas, distritos e pequenos povoados contam seus
periódicos; uns melhor orientados e amparados por cultivados espíritos,
enquanto outros rastejam na chatice do periodismo politiqueiro de Burgos-podres.
Mas, já se veem jornais mineiros de feitura moderna, sob a inspiração de valentes
mentalidades.
Se passarmos em revista ligeira
os nossos patrícios, que mais se tem distinguido no domínio das belas-artes, em
nossos dias, encontraremos:
Honório Esteves (natural do Leite,
povoado do município de Ouro Preto, autor de belíssimos quadros de pintura a
óleo e crayon, inventor do alfabeto cromático e distinto
professor de desenho na Escola Normal de Ouro Preto); Belmiro de Almeida
(nascido no Serro e hoje professor na Escola de Belas-Artes do Rio, onde
quadros notáveis o colocam junto aos melhores pintores nacionais, sendo
autor da tela Arrufos e outras); José da Cunha Vale
Laport (natural de Diamantina, em cuja Escola Normal se tem feito apreciado
como professor de desenho); Alberto Delpino (professor de desenho no Internato
do Ginásio e Escola Normal de Barbacena, redator-artístico do Mensal,
periódico ilustrado, único no gênero, em Minas, e autor de vários e belos
quadros, entre os quais figura O tropeiro); Armínio de Melo Franco,
Joaquim Gasparino e outros inteligentes cultores da pintura e desenho, entre
nós.
Na música, Miguel Cardoso
(nascido no Serro, diplomado em Milão (Itália) e professor no Conservatório,
da Capital Federal); Antônio Efigênio de Sousa e João Batista de Macedo (de Diamantina); Manoel
Joaquim de Macedo (natural de Barbacena e autor do poema sinfônico Floriano
Peixoto e da ópera Tiradentes, sendo o libreto desta da lavra
do sr. dr. Augusto de Lima); Francisco Fonseca (de Prados); Vicente Ferreira do
Espirito Santo (de Ouro Preto); esses e mais uma legião de inspirados e
fervorosos cultores, que há em Minas, da grande arte que sagrou com a
imortalidade os gênios brasileiros do fluminense padre José Maurício Nunes
Garcia e do paulista Carlos Gomes.
***
Termino, pois, a
resenha incompleta e mal feita — que me propus
realizar, em instantes fugazes de lazer — sobre o talento e esforço intelectual
e artístico dos Mineiros, na geração atual. Esvurme a boca vil dos maus e desleais, gratuitas
injúrias sobre mim: irei sempre trabalhando, conforme m’o permitirem as
circunstâncias em prol de Minas e de minha Pátria, alentado pelo vigor presente
dos poucos anos e robustecido em minha fé e
amor ao futuro com animadoras e
cordiais incitações de amigos e compatriotas.
Afez-se meu
espírito aos laboriosos e belíssimos estudos da História Pátria; e neles
prosseguirei, orgulhoso, sem dúvida, em algo poder servir e dignificar à
gloriosa terra em que nasci. Doem-me as ofensas, por imerecidas e não
provocadas; mas, longe de me desencorajar,
as agressões e calúnias, como os doestos e remoques, me despertam a energia e a vontade, para não abandonar
jamais o convívio das letras, que, se não compensam e enriquecem, todavia
confortam a alma, instruindo o espírito e deleitando o coração.
Ouro Preto, maio de 97.
Pelayo Serrano
OBS:
Pelayo Serrano era o Pseudônimo de Nelson de
Sena
FONTE
Jornal "O Estado de
Minas Gerais" de 20 de abril de 1897
Jornal "O Estado de
Minas Gerais" de 26 de abril de
1897
Jornal "O Estado de
Minas Gerais" de 06 de maio de
1897
Jornal "O Estado de
Minas Gerais" de 22 de maio de 1897
NELSON DE SENNA (BIOGRAFIA)
FONTE: ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO
Nelson Coelho de
Senna nasceu na cidade do Serro, no dia 11 de outubro de 1876, e faleceu em
Belo Horizonte, em 2 de junho de 1952. Foi parlamentar, publicista e professor
universitário.
Em 1893,
diplomou-se professor normalista pela Escola Normal oficial de Diamantina. No
ano seguinte, foi nomeado para o cargo de amanuense da Secretaria da Polícia,
sendo logo transferido para a Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas. Em 1896, foi nomeado professor substituto da cadeira de História
Universal e do Brasil do externato do Ginásio Mineiro.
Durante o
período de 1894 a 1896, publicou os seus primeiros livros Memória Histórica e
Descritiva da Cidade e do Município do Serro, Discursos Acadêmicos e Paginas
Tímidas, coletânea de contos e escritos literários. Foi, ainda, colaborador do
jornal O Estado de Minas e redator-chefe de O Belo Horizonte, do quinzenário A
Província e do Diário de Minas.
Em fins de 1895,
foi eleito presidente da Sociedade Beneficente Mineira dos Estudantes e, em
1897, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de
Minas.
Em 1906, deu
início à publicação do Anuário de Minas Gerais, com estudos sobre história, geografia,
literatura e estatística. Defendeu a criação do Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais, fato que veio a ocorrer em 1907. Ingressou na
política e foi eleito Deputado Estadual por diversas legislaturas até o ano de
1921, quando foi eleito Deputado ao Congresso Nacional, onde permaneceu até
1929.
Afastou-se da
política em 1930 e retomou suas atividades intelectuais. Em Belo Horizonte,
assumiu o cargo de professor, retornou ao exercício da advocacia, às suas
pesquisas e aos trabalhos literários. Foi sócio fundador, benemérito,
correspondente honorário e membro efetivo de diversas instituições culturais do
Brasil e do exterior.
Nelson Coelho de
Senna nasceu na cidade do Serro, no dia 11 de outubro de 1876, e faleceu em
Belo Horizonte, em 2 de junho de 1952. Foi parlamentar, advogado, publicitário
e professor universitário.
Em 1893,
diplomou-se professor normalista pela Escola Normal oficial de Diamantina. No
ano seguinte, foi nomeado para o cargo de amanuense da Secretaria da Polícia,
sendo logo transferido para a Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas. Em 1896, foi nomeado professor substituto da cadeira de História
Universal e do Brasil do externato do Ginásio Mineiro.
Durante o
período de 1894 a 1896, publicou os seus primeiros livros Memória Histórica e
Descritiva da Cidade e do Município do Serro, Discursos Acadêmicos e Paginas
Tímidas, coletânea de contos e escritos literários, publicou ainda na Revista
do Arquivo Público Mineiro. Foi, ainda, colaborador do jornal O Estado de Minas
e redator-chefe de O Belo Horizonte, do quinzenário A Província e do Diário de
Minas.
Em fins de 1895, foi eleito presidente da Sociedade Beneficente Mineira dos Estudantes e, em 1897, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Minas.
Em fins de 1895, foi eleito presidente da Sociedade Beneficente Mineira dos Estudantes e, em 1897, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Minas.
Em 1906, deu
início à publicação do Anuário de Minas Gerais, com estudos sobre história,
geografia, literatura e estatística. Defendeu a criação do Instituto Histórico
e Geográfico de Minas Gerais, fato que veio a ocorrer em 1907. Ingressou na
política e foi eleito Deputado Estadual por diversas legislaturas até o ano de
1921, quando foi eleito Deputado ao Congresso Nacional, onde permaneceu até
1929.
Afastou-se da
política em 1930 e retomou suas atividades intelectuais. Em Belo Horizonte, assumiu
o cargo de professor, retornou ao exercício da advocacia, às suas pesquisas e
aos trabalhos literários. Foi sócio-fundador, benemérito, correspondente
honorário e membro efetivo de diversas instituições culturais do Brasil e do
exterior, com destaque pela grande colaboração como correspondente do Arquivo
Público Mineiro.
0 comentários:
Postar um comentário