terça-feira, 10 de setembro de 2013

AUGUSTUS GRIBEL - CATIVEIRO...



CATIVEIRO...

Acredito que há uns cinquenta anos passados no tempo em que nem sonhávamos existir, a humanidade era mais pobre, mas, também, mais feliz. Era comum amar-se a poesia, a arte, o pensamento em todas as suas melhores manifestações. Amava-se a Beleza, enfim.
O homem, sem rádio, sem avião, sem televisão sem arranha-céu e sem cinema, era de, certo um pobre diabo, para nós da época de hoje.
Mas, em verdade, na sua humildade e pobreza daqueles tempos, tinha a sua suma riqueza: — a imaginação que falta a quase todos nos nossos dias.
E não podendo trocar ideias e pensamentos com uma pessoa amiga, fazia justamente isto: tornava presente aquela pessoa querida por meio de sua saudade e de sua imaginação, escrevendo versos, cartas e cantando a beleza das coisas... Era de fato mais perfeito que hoje, vindo a nós e indo nós a ela, de avião ou sobre os pneus de automóvel.

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Com o progresso ninguém mais pensou em ser grande, mas, tão somente em ser rico. A aristocracia do dinheiro esmagou a fidalguia do espirito! O primado da inteligência pura cedeu lugar ao da inteligência aplicada. O dono de uma casa de linguiças no Rio, olharia com desprezo um mísero Dante, se o cantor da Comédia ressuscitasse. É o materialismo tomando mil formas que o progresso lhe deu e lhe dará ainda...

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E o que é que dizem os homens de hoje, senhores dos mares, dos céus, das distâncias e de toda essa ciclópica civilização? Que são felizes? Não, não! Clamam, bradam, que são desgraçados, que nunca foram tão infelizes como agora, trocando a liberdade da imaginação pelo cativeiro do estômago...

A. Gr. 



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