terça-feira, 10 de setembro de 2013

AUGUSTUS GRIBEL - CUIDADO!...



CUIDADO!...

“O sentimentalismo profundo. O lirismo natural.” A sensibilidade extrema, fazem por vezes do brasileiro ingênuo, um sofredor magoado com a indiferença do mundo moderno, que fala a sua linguagem de vida pelo volume preto das fumaças que escapam em novelos de progresso pela boca alta das chaminés altivas...
O lírico enamorado que olha a palmeira do sertão, sentindo nesse ímpeto que avança pelos céus o simbolismo do seu coração projetado em ânsias de loucura para a altura da felicidade, esse tipo, já entra no rol das curiosidades modernas, como último remanescente de uma casta estranha, do mais curioso sentido da vida.

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O arranha-céu, todavia, se não tem a forma esguia e elegante da palmeira, se não desabrocha em verdes leques, a abanar o céu em airosos gestos, revela, todavia, de forma exata, o caráter do século, puro aço cimento, pura solidez e resistência, furando as nuvens, não em doce ânsia de felicidade mas na felicidade brusca da conquista.

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Antes, a elegância e o requebro quase sensual das palmeiras dengosas às carícias mornas do vento, buscando no azul, que não alcança, o fim de um sonho começado aos três centímetros de mesquinha altura...

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Agora, a rudeza bruta do gigante de aço, frio, cruel, desafiando a natureza impotente, seguindo o destino indiferente do século, pura máquina, matéria, que explica o coração como o órgão produtor exclusivamente de sístoles e diástoles!
Oh! Romeu! Oh! Dante! Oh! Paulo! Oh! Baudelaire! Musset! Lamartine!
Oh! Grandes amorosos de todos os tempos!
Onde a imortalidade de vosso pensamento?

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 “Assim como o rio, que corre para o mar, a vida da gente não pode parar...”
Assim como a vida, porém, não pode parar o coração, o velho, o romântico coração não pode morrer...
Se ele é a síntese da vida!
Cuidado, homens do século vinte!

A. Gr. 


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