CUIDADO!...
“O sentimentalismo profundo. O lirismo
natural.” A sensibilidade extrema, fazem por vezes do brasileiro ingênuo, um
sofredor magoado com a indiferença do mundo moderno, que fala a sua linguagem
de vida pelo volume preto das fumaças que escapam em novelos de progresso pela
boca alta das chaminés altivas...
O lírico enamorado que olha a palmeira
do sertão, sentindo nesse ímpeto que avança pelos céus o simbolismo do seu
coração projetado em ânsias de loucura para a altura da felicidade, esse tipo,
já entra no rol das curiosidades modernas, como último remanescente de uma
casta estranha, do mais curioso sentido da vida.
*-*-*
O arranha-céu, todavia, se não tem a
forma esguia e elegante da palmeira, se não desabrocha em verdes leques, a
abanar o céu em airosos gestos, revela, todavia, de forma exata, o caráter do
século, puro aço cimento, pura solidez e resistência, furando as nuvens, não em
doce ânsia de felicidade mas na felicidade brusca da conquista.
*-*-*
Antes, a elegância e o requebro quase
sensual das palmeiras dengosas às carícias mornas do vento, buscando no azul,
que não alcança, o fim de um sonho começado aos três centímetros de mesquinha
altura...
*-*-*
Agora, a rudeza bruta do gigante de aço,
frio, cruel, desafiando a natureza impotente, seguindo o destino indiferente do
século, pura máquina, matéria, que explica o coração como o órgão produtor
exclusivamente de sístoles e diástoles!
Oh! Romeu! Oh! Dante! Oh! Paulo! Oh! Baudelaire! Musset! Lamartine!
Oh!
Grandes
amorosos de todos os tempos!
Onde a imortalidade de vosso pensamento?
*-*-*
“Assim
como o rio, que corre para o mar, a vida da gente não pode parar...”
Assim como a vida, porém, não pode parar
o coração, o velho, o romântico coração não pode morrer...
Se ele é a síntese da vida!
Cuidado, homens do século vinte!
A.
Gr.







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