terça-feira, 10 de setembro de 2013

AUGUSTUS GRIBEL - COISAS DA VIDA I



COISAS DA VIDA

Enfim, o mundo não acabou. Está aí, inteirinho, no mesmo lugar, com tudo que ele possui. Nada acabou, senão o bom conceito daquele profeta que disse que o mundo se acabaria era tal...
Há quem diga que não perdemos nada pelo fato de não se ter acabado o mundo...
Não perdemos é uma conversa, é um meio de prosa. Perdemos muito, muitíssimo. Perdemos a grande oportunidade de acabar com tudo isso que é ruim, que não presta, já que não se daria, como não se deu, cabo total do mundo. Iria pela metade. Era a solução ideal.

*-*-*

Poderia ter vindo, por exemplo, a mandado de Deus, uma espécie de febre amarela, ou uma “hespanhola”. Dava aqui, ali, acolá, saltando sempre a casa dos bons, apanhando a casa de “seu” Fulano, depois a do outro adiante, saltava a minha, ia na do mau vizinho, passava para a do outro lá adiante, ia adiante, etc. Visitava assim, todos aqueles que precisavam ser visitados, pulando a casa dos que precisam viver, os homens de bem, os chefes de família verdadeiramente úteis aos seus e os que trabalham pelo grande povo. Seria tão bom assim, não?
Pelo menos não precisaríamos mais falar: - Tanta gente ruim precisando morrer e foi aquela honesta mãe de família quem Deus tirou do mundo...

*-*-*

Mas, enfim, a falar a verdade, agora que não existe mais perigo, agora que o mundo não se acabou, o melhor seria se ele tivesse mesmo acabado e com ele todos nós. Acabaria com o gênero humano e deixaria aqui, apenas, os outros animais, os irracionais.
A única coisa desagradável que poderia haver nesse caso era a da gente, quando fosse indo, na hora “h”, olhar para os lados e ver que muitas das pessoas nossas conhecidas, que pensávamos ser um semelhante, não nos acompanhariam na viagem, para ficar por aqui mesmo, pastando...

A. Gr. 



0 comentários:

Postar um comentário