PERFEIÇÃO
Perfeição é porfia, paciência, fé sem
quebranto, dia a dia fortificada e renovada, equilíbrio, harmonia, é a força do
belo, a pureza da verdade.
Mas o homem, em todas as épocas, mesmo
nos tempos lendários da Grécia e Roma Antiga, sempre forjou razões para perdoar
o aligeirado, o descurado, o mal acabado, o imperfeito de suas obras.
*-*-*
Poder-se-ia indagar exemplos que
justificassem essa asserção.
Vejamos na Arte. Abramos os “Cantos” de
Leopardi e encontramos, a propósito, a obra prima do “Scherzo”.
O poeta, figurando-se em visita à
oficina das Musas, eis que uma delas toma pela mão e mostra-lhe as ferramentas
da arte, indicando a serventia de cada um dos utensílios. Olhando em torno
pergunta o poeta:
- Onde a lima? a lima, o instrumento que
aperfeiçoa? Responde a Musa:
- A lima se gastou, não nos faz falta.
- “La lima è consumata; or facciamo
senza.”
Não satisfeito, ainda, o poeta
obtempera:
- E por que não aguçar a lima se está
cega?
- “Boa idéia” - conclue a Musa... “boa
idéia se houvesse tempo.”
*-*-*
Há disso um século, sem mais nem menos.
Não se conhecia então as contingências da vida moderna, mas já não havia tempo
para a paciência da perfeição, para o último toque, que nunca chega a ser o
último...
Não há, portanto, porque nos queixemos
da nossa época. A verdade é que, ainda nos dias vertiginosos de hoje, haveria
tempo para o esmero o polimento do labor... Contingências que não gostamos de
explicar é que nos impelem a proceder de maneira outra que não da perfeição...
A.
Gr.
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