terça-feira, 10 de setembro de 2013

AUGUSTUS GRIBEL - VEIA DA SAÚDE



VEIA DA SAÚDE

Foi em 1937 que Georges Bernanos deu início, em Palma de Maiorca, à composição admirável do mais violento de seus livros publicados, com exceção dos seus “cahiers” inéditos escritos em Barbacena, a linda cidade serrana de Bias Fortes.
Foi o livro intitulado “Les Grands Cimetières sous la lune”, que era um grito de socorro que furava as nossas montanhas para irradiar a denúncia daquele inigualável Bernanos, aquele pai que acompanhara o filho que ia se alistar na Espanha para uma cruzada de sangue de lama, que antecedeu à própria guerra.

*-*-*

Aquele homem capenga, que escrevia nos cafés para não perder o contato com a vida e com os homens, aquele escritor cujo primeiro livro foi escrito aos 40 anos de idade e que não se considerava um escritor, pois a simples vista do papel em branco lhe trazia angustia, sentia, como Stefan Zweig, que eu também conheci em Juiz de Fora, um mês antes de sua trágica morte, a vocação, o apelo do sofrimento humano, a necessidade de ferir a face da injustiça “cujo incessante ultraje é o sal da minha vida...”

*-*-*

Era a missão do homem de pensamento, do homem que tem o cérebro acima do estômago. Era a missão de intelectual, do jornalista, amplificando, na realidade, a miniatura colorida pela musa de Heine, quando nos disse nos seus versos, que “nestes tempos, nós guerreamos por ideias, e o jornais são as nossas fortalezas”.
Não tenhamos pois, receio das tormentas que limpam o céu e refrescam a terra Deixemos passar o sopro da verdade contra a iniquidade...

A. Gr. 


0 comentários:

Postar um comentário