VEIA
DA SAÚDE
Foi em 1937 que Georges Bernanos deu
início, em Palma de Maiorca, à composição admirável do mais violento de seus
livros publicados, com exceção dos seus “cahiers” inéditos escritos em
Barbacena, a linda cidade serrana de Bias Fortes.
Foi o livro intitulado “Les Grands Cimetières sous la lune”, que
era um grito de socorro que furava as nossas montanhas para irradiar a denúncia
daquele inigualável Bernanos, aquele pai que acompanhara o filho que ia se
alistar na Espanha para uma cruzada de sangue de lama, que antecedeu à própria
guerra.
*-*-*
Aquele homem capenga, que escrevia nos
cafés para não perder o contato com a vida e com os homens, aquele escritor
cujo primeiro livro foi escrito aos 40 anos de idade e que não se considerava
um escritor, pois a simples vista do papel em branco lhe trazia angustia,
sentia, como Stefan Zweig, que eu também conheci em Juiz de Fora, um mês antes
de sua trágica morte, a vocação, o apelo do sofrimento humano, a necessidade de
ferir a face da injustiça “cujo incessante ultraje é o sal da minha vida...”
*-*-*
Era a missão do homem de pensamento, do
homem que tem o cérebro acima do estômago. Era a missão de intelectual, do
jornalista, amplificando, na realidade, a miniatura colorida pela musa de
Heine, quando nos disse nos seus versos, que “nestes tempos, nós guerreamos por
ideias, e o jornais são as nossas fortalezas”.
Não tenhamos pois, receio das tormentas que limpam o céu e refrescam a
terra Deixemos passar o sopro da verdade contra a iniquidade...
A.
Gr.
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